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APAV pede à SIC que actue devido ao caso de taróloga que propõe “mimo” contra violência doméstica

03 jun, 2016 - 11:46

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima lembra que a violência doméstica é um crime público e "não pode ser tolerada".

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A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) diz que as declarações sobre violência doméstica de Carla Duarte, taróloga e apresentadora do programa “A Vida nas Cartas – o Dilema”, na SIC, exigem acção por parte do canal de televisão.

A APAV “manifesta o seu desagrado acerca das afirmações”, em resposta a uma telespectadora que lhe contava em directo ser vítima de violência doméstica há 40 anos.

“As afirmações foram feitas com ligeireza e versaram sobre a necessidade de a vítima ‘ter paciência’ e de reagir ‘com mimo’ para com o seu agressor”, diz o comunicado da APAV.

“Esta atitude, tomada publicamente acerca de uma situação de violência doméstica, que – como deveria saber a apresentadora – é crime público, não pode ser tolerada, sobretudo no âmbito da comunicação social, cuja importância é determinante na formação da opinião pública. A comunicação social tem, evidentemente, uma grande responsabilidade quanto aos conteúdos dos seus programas, sobretudo quando estes se referem a graves problemas sociais.”

“Por este motivo, a APAV lamenta o sucedido e pede à SIC que promova a sua reparação pública, tanto quanto possível.”

Contactada pela Renascença, através do número profissional da taróloga, uma assistente de Carla Duarte remeteu eventuais explicações para mais tarde.

"Violência gera violência"

O vídeo chegou rapidamente às redes sociais, onde está a motivar muitos comentários e críticas. A SIC ainda não reagiu publicamente a este incidente.

Na sua rubrica na SIC, a taróloga Carla Duarte recebe chamadas de telespectadores a quem dá respostas com base na suposta leitura das cartas de tarot.

Esta quinta-feira, Carla Duarte atendeu uma senhora que afirmou sofrer de violência doméstica há mais de 40 anos. Sem tentar aprofundar a acusação nem oferecer qualquer tipo de conselho prático, como de contactar as autoridades ou uma associação especializada em apoiar vítimas deste tipo de crime, Carla Duarte prosseguiu com a leitura das cartas de tarot.

Foi então que surgiram as recomendações. A taróloga assegurou a espectadora de que o seu marido não tem qualquer amante e disse que ele “procura uma mãe” na relação, pelo que a senhora lhe devia “dar mimo”.

Carla Duarte disse ainda que a “violência gera violência” pelo que a espectadora deve fazer o que puder para “cortar o ciclo”.

Comentários
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  • Perseus
    02 jul, 2017 Cascais 20:18
    A APAV é uma farsa. Rejeitam pedidos de pessoas em desespero e vêm reclamar de afirmações de uma actividade que nem a comunidade científica considera fidedigna? Publicidade gratuita e intriga na SIC? Quem deveria de ser julgada seria a APAV
  • Carlos
    22 nov, 2016 Azeitão 16:15
    E não é crime a APAV defender os direitos da progenitora em tribunal, invés de defender os direitos das crianças e assim contribuído para destruir as familias?
  • António Barbosa Demb
    06 jun, 2016 Falagueira - Amadora 15:46
    É muito filme da parte da APAV! Tudo para dizerem que fazem algum? A Carla limitou-se a ler as cartas.
  • maria
    04 jun, 2016 coimbra 20:45
    Bom dia, 1º- Não se houve o que a Srª pergunta, nem ela sabe o quer perguntar, , 1º- não se houve o que a Srª pergunta, e nem ela sabe o quer perguntar, 2º- se é vitima de violencia domestica ha 40 anos está a espera que seja a tarologa a dizer-lhe para ir à policia? quantas vezes é que ela já fez queixa? mesmo assim ela quer ficar com o marido tem medo que ele tenha outra, então a tarologa aconselhou bem, se não o quer perder aguenta.Isto tem muito que se lhe diga, não estou a desculpabilizar a Carla porque se esqueceu que estava em televisao, mas, é bom que a Carla esclareça bem este assunto e eu sei que o vai fazer, porque esta Srª deve ter muitas minhocas na cabeça e às tantas nem marido tem, tenho muita pena mas isto parece-me uma historia mal contada,. mas ficamos a saber que a APV tambem vê a vida nas cartas, não vá o diabo tecelas.
  • Regina
    04 jun, 2016 Lisboa 01:43
    Boa noite, ñ consegui ver as cartas, alguém me pode dizer e a sua ordem?
  • costa
    04 jun, 2016 lisboa 00:02
    No video não dá para perceber se a telespectadora sofre de violência doméstica e não mostra muitos detalhes. A pessoa em questão perguntou à taróloga algo não concreto no video, ao que esta lhe respondeu pelo que viu nas cartas. Ela foi sincera e respondeu o que viu, e aquela senhora é que de livre vontade quis ligar. Alguém consegue confirmar as afirmações da telespectadora? É que qualquer um pode ligar e inventar uma história e ficam logo todos a acreditar. Antes de estarem a acusar tudo e todos, confirmem primeiro a história, porque hoje em dia já se acredita em tudo e depois acusam e denunciam tudo e todos e depois é o pão nosso de cada dia.
  • Alice Santos
    03 jun, 2016 Frielas 19:58
    Boa tarde, no video não ouço a espetadora queixar-se de violência domestica, e o que percebo é a Carla evidenciar que comportamento gera comportamento.
  • Alda Silva
    03 jun, 2016 Charneca da Caparica 19:08
    Sabiam que estar desempregado é crime, se estiver desempregado e for vítima de violência domestica , por exemplo o seu companheiro/a lhe apertar o pescoço ,porque você ainda não conseguiu trabalho , o agressor justifica a sua agressão porque o companheiro/a é preguiçosa/o, e deixa se ser condenado como agressor e passa a um simples crime contra a integridade física, assim considerado pela procuradora do Tribunal de Almada, e desvalorizado pela GNR da Costa da Caparica, onde a guarda que me atendeu (Sónia) a primeira pergunta que me fez foi se eu não me mexia para arranjar trabalho, a APAV fez-me longos inquéritos e nada mais, a UMAR igualmente e nada, até agora aguardo (está quase a fazer um Ano que espero que SS me nomeie um Advogado) , se for vitima de uma pessoa Narcisista e Psicopática e tiver que recorrer a um Abrigo , está lá 4 meses , se não tiver alguém que a ajude , vai acabar no meio da Rua com uma mão à frente e outra atrás, porque a Ajuda são Regras e mais Regras,exemplo ; caso vá responder a um anúncio têm de trazer um papel assinado , a justificar onde esteve e o que esteve a fazer!! .... eu vi pessoas a serem humilhadas dentro do Abrigo onde estive , uma grande vergonha, onde as pessoas eram ensinadas a ser "Boas Donas de Casa" porque que esse era o problema não agradavam aos "Psicopatas dos Maridos" tudo isto é absolutamente verdade passou-se comigo , sendo assim talvez a senhora tenha pensado que o segredo estava nas Cartas! porque o Mundo está cheio de pess
  • Inês
    03 jun, 2016 Lisboa 18:38
    Só me espanta esta taróloga não ter sido despedida porque obviamente não tem um mínimo de senso comum para dar conselhos. Quando alguém admite que é vítima de violência doméstica devemos direcioná-la para alguma instituição/número de apoio que a possa ajudar. Esta mulher fez o contrário, levou a situação com leveza e ainda, de certa forma, culpabilizou a vítima "quem dá amor, recebe amor. Quem dá violência recebe violência"...é muito obvio que não sabe do que está a falar. E depois aconselha-a a manter o casamento, a manter-se numa situação tão perigosa como esta. É incrível como alguém pode colocar o casamento à frente da felicidade, saúde e bem-estar de alguém. Esta situação realmente chocou-me, ela fez tudo o que não se deve fazer: fazer a vítima sentir que a situação não é tão grave como realmente é, que a culpa é dela e que deve ficar presa a esse homem. É preciso tanta coragem para uma vítima admitir a sua situação e depois ainda por cima recebe uma resposta destas.. Pessoalmente, já acho ridiculo estes programas de tarólogas porque são à base da manipulação, conselhos vagos e realmente ajudam muito pouco as pessoas, se ajudam de todo. Depois deste incidente, esta senhora não me parece alguém adequado para dar conselhos a quem quer que seja, muito menos na televisão. Que vergonha.
  • Inês
    03 jun, 2016 17:31
    Deprimente. Como é possível não "para tudo" e encaminhar esta pessoa para ajuda ou simplesmente dizer: "isto não tem não vai surgir nas cartas minha senhora, é um crime público, aconselho a procurar ajuda ou a dirigir-se às autoridades" - em que mundo vive esta "bruxa inexperiente"?

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