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Ministro da Saúde acusa anterior Governo de promover “desinteresse activo” pelo SNS

07 jan, 2016 - 01:02

"Parece-me totalmente inaceitável que se considere que tudo se deve aos cortes, como também que se diga que os cortes não tiveram nenhum tipo de efeito”, afirma Adalberto Campos Fernandes.

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O ministro da Saúde considera inaceitável afirmar que os cortes orçamentais não tiveram efeitos negativos e acusa o anterior Governo de promover o desinteresse pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em entrevista à TVI, Adalberto Campos Fernandes admite, no entanto, que a redução da despesa verificada nos últimos anos era necessária nalguns aspectos.

O ministro foi questionado sobre o caso do homem que morreu no Hospital de São José enquanto aguardava por uma equipa de neurocirurgia de que o hospital não dispunha por ser fim-de-semana, um caso que Adalberto Campos Fernandes já tinha classificado como “inaceitável”.

“Nós temos a consciência de que o Serviço Nacional de Saúde foi exposto a uma restrição nalguns casos necessária, noutros casos excessiva. E parece-me totalmente inaceitável que se considere que tudo se deve aos cortes, como também me parece totalmente inaceitável que se diga que os cortes não tiveram nenhum tipo de efeito”, declarou.

Adalberto Campos Fernandes acusa o anterior Governo de ter promovido um “desinteresse activo” pelo SNS e acrescenta que o Estado planeou mal os recursos hospitalares públicos na Grande Lisboa.

“Fechámos camas de internamento a mais em Lisboa. Não devíamos ter fechado. Pensávamos que a cirurgia de ambulatório resolveria todos os problemas do internamento, que não seriam precisas camas, pensámos que a demora média iria sempre baixar. Ora, a demora média está a subir nos doentes idosos, que hoje têm um conjunto de patologias que faz com que eles estejam no hospital muito mais tempo”, elencou.

“Nós temos as equipas exaustas, temos os médicos que são escassos, muitos deles saíram do sector público, por um ambiente altamente hostil, não apenas nos aspectos da remuneração, que foi sensível não apenas para os médicos mas para todos, mas porque, efectivamente, houve um desinteresse activo do Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou.

Questionado sobre o inquérito à morte de um paciente no Hospital de São José, o ministro reafirmou que se trata de um assunto que está a ser investigado e que não se quer juntar aos que fazem da "situação um caso de apreciação política".

"Eu acho que tudo o que se tem passado com o Serviço Nacional de Saúde tem leitura política, este caso em concreto e outros casos que estão ligados à desgraça de pessoas, à infelicidade de pessoas, não pode ser centrado no debate político como uma prioridade", salientou Adalberto Campos Fernandes.

Comentários
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  • António Martins
    07 jan, 2016 Chaves 12:11
    Não tenho dúvidas de que com a entrada em funções deste ministro, as horas de espera por parte dos doentes, nas urgências hospitalares vão acabar. E já agora os meses e até anos de espera por uma cirurgia, nos hospitais públicos, também vão terminar. Vêm aí tempos de bonança. Aguardemos pelo pico da gripe nos meses de janeiro e fevereiro e poderemos assistir a esse bonito espectáculo nas salas de espera nos centros de saúde e nas urgências.
  • Alberto Martins
    07 jan, 2016 Lisboa 11:27
    Janeiro 2013 - "Portugal cortou nas despesas de Saúde o dobro do que era exigido no memorando de entendimento com a ‘troika’. A conclusão é da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). O relatório da OCDE compara os cortes no setor da Saúde registados em vários países. O documento termina com um aviso aos governos sobre os impactos futuros dos cortes que agora estão a ser feitos no setor." Janeiro 2015 - "Governo dissocia mortes nas urgências de cortes na Saúde. "O secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, negou, esta terça-feira, que o país viva um "período de emergência ou caos generalizado" devido à gripe e pediu para que não se associe mortalidade com crise ou cortes na saúde." Mais um mito urbano... “Apesar dos cortes na despesa, conseguimos aumentar as transferências para o Serviço Nacional de Saúde. Temos mais médicos, mais camas, mais actos praticados, mais assistência garantida”, afirmou Passos Coelho. "
  • ATeixeira
    07 jan, 2016 Lisboa 10:07
    Estou para ver as maravilhas deste senhor...

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