Pedro Passos Coelho acusa o PS de ter uma “abordagem Syriza” às questões das austeridade. António Costa acusa o Governo de coligação de ir além da troika “por razões puramente ideológicas”.
No debate televisivo desta quarta-feira à noite, o líder do PS e candidato a primeiro-ministro nas eleições de 4 de Outubro fez um balanço negro da governação PSD/CDS.
“Percebo bem o que é herdar uma dívida grande. Quando cheguei à Câmara de Lisboa tinha uma dívida enorme a uma Câmara falida. A diferença entre nós os dois é que eu reduzi em 40% a dívida que recebi e o doutor Passos Coelho aumentou 19% a dívida que recebeu e esse era o seu grande objectivo”, acusou António Costa.
“O senhor travou o crescimento, fez disparar o desemprego, aumentou a pobreza par graus nunca vistos e isto porque falhou na sua política. Falhou porque o exercício da troika já era difícil, mas o doutor Passos Coelho resolveu, por razões puramente ideológicas, ir além da troika, o que significou coisas concretas para os portugueses, por exemplo, para os pensionistas significou o corte do subsídio de Natal e de férias, um enorme aumento de IRS que também não estava previsto, um aumento das privatizações em mais do dobro”, argumentou o líder do PS.
Pedro Passos Coelho salientou que o seu Governo concluiu o programa de resgate pedido pelo executivo socialista de José Sócrates, numa das várias referências que fez ao antigo primeiro-ministro durante o debate desta noite.
O primeiro-ministro e líder do PSD apelidou de “mistificação esta ideia de que o país tem uma austeridade que o Governo acha que é virtuosa”.
“O Dr. António Costa quer que os portugueses acreditem que eu tenho uma espécie de entendimento perverso que gosto de aplicar ao país, em que austeridade, medidas difíceis, redução de rendimento são virtuosas. Dr. António Costa, julgo que por toda a Europa essa abordagem, que é a abordagem Syriza, está absolutamente esclarecida”, atirou Passos Coelho.
“Os países que enfrentam processos austeritários enfrentaram porque precisavam deles, porque tinham crise e não tinham dinheiro e isso foi o que aconteceu em Portugal também, deixemo-nos de brincadeiras”, afirmou o primeiro-ministro.
Passos Coelho fez um exercício de memória e fez uma revisão da herança que recebeu do Governo de José Sócrates.
“Sabemos que o PS ainda era Governo e já estava a cortar salários, que nós estamos agora a remover progressivamente, estava a negociar a limitação das pensões, a remover prestações sociais, aumentos de impostos, aumentou o IVA de 21 para 23% e não fez isso por gostar de medidas de aplicar austeridade, fê-lo por não ter alternativa”, disse o primeiro-ministro.