Atual conflito é o mais mortífero entre Israel e Hamas desde 2008. Os números vistos à lupa

O confronto que se vive desde 7 de outubro entre o Hamas e Israel, no Médio Oriente, é já o mais mortífero dos últimos 16 anos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Israel.

Os números reportados pelas autoridades de ambas as partes mostram que vítimas mortais palestinianas excedem em muito as israelitas, tanto desde que o Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza em 2007, como desde o início da guerra em curso.

Até às 21h de quarta-feira, 18 de outubro, a ONU registou 3.478 mortes na Faixa de Gaza, 68 na Cisjordânia ocupada e 1.300 em Israel, desde sábado, dia 7 de outubro, quando o Hamas lançou uma ofensiva por ar, terra e mar contra o Estado hebraico, levando Israel a declarar guerra ao grupo islamita.

Nos primeiros quatro dias do confronto, até 11 de outubro, registaram-se mais vítimas israelitas do que palestinianas na sequência do ataque inicial do Hamas. A partir de dia 12, as fontes oficiais de Israel não comunicaram mais mortes, apesar de se continuar a verificar um aumento do número de feridos.

Desde esse dia, o número de mortes registado pelo Ministério da Saúde de Gaza mais do que duplicou, subindo de 1.417 para 3.478.

Foi a 13 e 14 de outubro, após Israel ter ordenado a deslocação forçada de mais de um milhão de pessoas no enclave e ter anunciado uma incursão terrestre para breve, que se registaram mais mortes entre palestinianos. Depois, seguiu-se a madrugada de 17 de outubro, dia em que o hospital al-Ahli, em Gaza, foi alvo de um ataque que terá provocado a morte de, pelo menos, 470 palestinianos, de acordo com o relatório do Ministério da Saúde de 18 de outubro.

Segundo dados agregados pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas, desde 2008 e até 19 de setembro deste ano, morreram 20 vezes mais palestinianos em confrontos entre Israel e a Palestina do que israelitas.

Na Faixa de Gaza e na Cisjordânia morreram, na sequência destes confrontos, 6.407 pessoas ao longo destes 16 anos; do lado de Israel, foram 308 as vítimas mortais. De ambos os lados, o ano que resultou em mais mortes foi 2014, no âmbito da operação israelita "Margem Protetora".

Ao longo desse ano, morreram 2.329 palestinianos e 88 israelitas, no período que sucedeu a nove meses de paz moderada pelos EUA, ao leme de Barack Obama. Depois de assassinatos de adolescentes de ambos os lados, o Hamas iniciou bombardeamentos em meados de junho. Em julho, iniciou-se uma guerra de 50 dias.

Antes disso, foi em 2008 que ambas as partes mais sofreram com o conflito de décadas entre Israel e o Hamas.

Em 2007, o Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza. Depois, Israel determinou uma série de sanções, incluindo o fecho de fronteiras, restrições à importação de bens essenciais e sucessivos cortes de energia.

Os dados foram recolhidos a partir dos relatórios diários da Organização das Nações Unidas (ONU), baseados nas declarações das fontes oficiais dos dois lados.

Os números da Faixa de Gaza e da Cisjordânia são partilhados pelo Ministro da Saúde da Palestina, enquanto os dados relativos a Israel são partilhados a partir de “fontes oficiais”, conforme descrito nos relatórios diários do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).