“Estive nas assembleias e não gostei dos termos em que foi feito, pressentia que as coisas poderiam correr menos bem. Como é possível um clube de uma vila ter o quinto maior orçamento? Era impossível, teria de 'dar raia', como deu. Tivemos jogadores a ganhar 50 mil euros, como é que isso é possível?”, lamenta.
O clube chegou à I Liga em 2017 e por lá ficou durante três temporadas. O Aves conseguiu até conquistar uma Taça de Portugal, no ano seguinte, frente ao Sporting, o que "ajudou a encobrir muita coisa", recorda o ex-dirigente.
Os problemas foram aparecendo e rapidamente se tornaram públicos. A SAD fechou portas no fim da época 2019/20, depois de ter chegado às manchetes dos jornais.
Com vários ordenados em atraso, mais de metade do plantel rescindiu contrato ainda antes da época terminar. Só a entrada de António Freitas no clube assegurou que as últimas jornadas frente ao Portimonense e Benfica se realizassem.
“Havia desvios e negócios mal feitos, tentaram salvar-se a eles mesmos e o clube foi ficando para trás. A SAD dizia que ia continuar, já tinha campo onde jogar, mas foi um chorrilho de mentiras. Senti-me triste, ando no futebol há muitos anos, vi-me com o menino nas mãos e tive de começar tudo do princípio, à pressa. Fomos para os distritais”, conta.
O Desportivo das Aves recomeçou no distrital com novo nome: Aves 1930. No entanto, viu-se impedido de inscrever jogadores pela FIFA devido à "monstruosa dívida" da SAD, a rondar os 16 milhões de euros.
Este verão, surgiu uma oportunidade para o clube regressar aos campeonatos profissionais.
Sem possibilidade de jogar em Vila Franca de Xira e em colisão com a Câmara Municipal, a SAD do Vilafranquense decidiu vender a sua vaga na II Liga. O Aves foi abordado e, "condenado a fechar", decidiu aceitar a proposta.
"Era a única solução que o Aves tinha", afirma António Freitas, que era o presidente à data da transição. O Vilafranquense clube terá de seguir o mesmo caminho do Aves em 2020: recomeçar na última divisão distrital da Associação de Futebol de Lisboa.