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Cardeal Pietro Parolin: “A primeira condição para a paz na Ucrânia é pôr fim à agressão”

12 mar, 2024 - 07:38 • João Cunha , Olímpia Mairos

Declarações do secretário de Estado do Vaticano surgem na sequência da polémica aberta por uma entrevista do Papa à emissora suíça RSI. Questionado sobre se Kiev deveria desistir da guerra, Francisco respondeu que a Ucrânia deveria “mostrar a coragem da bandeira branca” e abrir negociações com a Rússia para encerrar a guerra que já dura há dois anos.

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A primeira condição para qualquer negociação com vista ao fim da guerra na Ucrânia é que a Rússia interrompa a sua agressão. A posição é esta terça-feira expressa pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao jornal italiano Corriere della Sera.

As declarações surgem depois da polémica que se seguiu à entrevista concedida pelo Papa à emissora suíça RSI, que será emitida a 20 de março, em que Francisco foi questionado se a Ucrânia devia desistir da guerra e acenar com a “bandeira branca”.

Francisco referiu que a Ucrânia deveria “mostrar a coragem da bandeira branca” e abrir negociações com a Rússia para encerrar a guerra que já dura há dois anos.

Estas palavras levaram o Ministério ucraniano das Relações Exteriores a convocar, nas últimas horas, o núncio apostólico para expressar deceção com os comentários do Papa.

Nestas declarações ao Corriere della Sera, o chefe da diplomacia do Vaticano explica que o apelo do Papa é que “sejam criadas as condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura”.

“Neste sentido, é óbvio que a criação de tais condições não é da responsabilidade apenas de uma das partes, mas de ambas, e a primeira condição parece-me ser precisamente a de pôr fim à agressão”, acrescenta.

O cardeal Parolin pede que não se esqueça o contexto, ou seja, a questão que foi formulada ao Papa, esclarecendo que na resposta Francisco falou de negociações e em particular da coragem da negociação, que nunca é entrega.

A Santa Sé segue esta linha e continua a apelar a um ‘cessar-fogo’ - e o cessar-fogo deve ser, antes de mais, aos agressores - e, portanto, à abertura de negociações. O Santo Padre explica que negociar não é fraqueza, mas força. Não é rendição, mas é coragem. E diz-nos que temos de ter mais consideração pela vida humana, pelas centenas de milhares de vidas humanas que foram sacrificadas nesta guerra no coração da Europa. Estas são palavras que se aplicam à Ucrânia, bem como à Terra Santa e aos outros conflitos que ensanguentam o mundo”, diz o secretário de Estado do Vaticano.

Questionado sobre se ainda há hipóteses de chegar a uma solução diplomática, o cardeal Pietro Parolin diz que “como são decisões que dependem da vontade humana, há sempre a possibilidade de se chegar a uma solução diplomática”.

A guerra desencadeada contra a Ucrânia não é o efeito de um desastre natural incontrolável, mas apenas da liberdade humana, e a mesma vontade humana que causou esta tragédia também tem a possibilidade e a responsabilidade de tomar medidas para acabar com ela e abrir caminho para uma solução diplomática”, aponta.

Nesta entrevista ao jornal italiano, o chefe da diplomacia do Vaticano sublinha que a “Santa Sé está preocupada com o risco de uma expansão da guerra” e com “a escalada do nível de conflito, a eclosão de novos confrontos armados”, assinalando que “a corrida aos armamentos são sinais dramáticos e perturbadores neste sentido”.

A expansão da guerra significa novo sofrimento, novo luto, novas vítimas, nova destruição, que se somam àquelas que o povo ucraniano, especialmente crianças, mulheres, idosos e civis, vive na sua própria carne, pagando o preço demasiado elevado desta guerra injusta”, acrescenta.

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