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“O mundo está a deixar o povo sírio morrer”, alerta arcebispo de Homs

04 jan, 2024 - 09:55 • Olímpia Mairos

Em causa está o fim do Programa Alimentar Mundial.

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“O povo sírio está condenado a morrer sem poder dizer nada”. O alerta é do arcebispo de Homs, D. Jacques Mourad e surge na sequência da suspensão do plano de ajudas do Programa Alimentar Mundial.

“É uma decisão terrível e injusta”, diz o arcebispo, citado pelo portal de notícias do Vaticano.

O Programa de Ajuda Alimentar, que foi reduzido há seis meses para metade, foi suspenso por completo no dia 1 de janeiro.

“Para nós é como se o mundo dissesse ao povo sírio 'vocês estão condenados a morrer, sem levantar a voz, sem dizer nada'. E porquê? Qual é a culpa do povo sírio?”, questiona.

Na visão do prelado, “esta decisão foi tomada para lançar o povo sírio no desespero total, para apagar todas as luzes que pudessem permanecer acesas graças à nossa fé e graças à esperança. Mas acabamos realmente nesta situação”.

As organizações não-governamentais e a Igreja Católica têm feito verdadeiros milagres na Síria nos últimos anos, apoiando a população em todos os sentidos. Hoje, face à interrupção da ajuda humanitária, que já atendia quase 2/3 da população, questiona-se se ainda existe uma esperança de que se possa evitar que as pessoas morram de fome.

“A Igreja, assim como as organizações não-governamentais, não podem cobrir todas as necessidades do povo sírio porque a sua capacidade de financiamento é limitada”, assinala.

De acordo com D. Jacques Mourad, além disso, “é impossível levar o dinheiro para a Síria devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e pela ONU”.

“Então, o que fazemos? Como pode o povo sírio viver? Muitas famílias sírias já comem uma vez por dia, apenas uma vez por dia. Esquecemos o que significa aquecimento, porque não podemos comprar diesel ou lenha, esquecemos o que é água quente, esquecemos o que é uma sociedade. E vivemos na escuridão total. As cidades da Síria estão sem luz, certamente os bairros ricos que representam apenas 5% da população não são representativos da situação do povo sírio”.

Para o arcebispo de Homs, a solução pode passar pela União Europeia, mas para tal é preciso que esta “assuma uma posição clara, marcada por uma sensibilidade sincera e humana”.

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