17 nov, 2017 - 16:02 • Rui Barros
Francisco J. Marques considera “irreal” que o Benfica possa escapar ileso às revelações que têm sido feitas nos últimos meses a partir dos e-mails dos encarnados.
Na conferência de imprensa de apresentação do livro “O Polvo Encarnado”, o director de comunicação do FC Porto falou sobre a polémica em que o emblema encarnado tem estado envolvido, classificando as alegadas práticas do Benfica como “muito duvidosas”, bem como nefastas para a justiça e para o mérito desportivo.
“As trapalhadas são tantas que me parece irreal que o Benfica possa escapar ileso a tudo isto que está a acontecer. Todas semanas têm sido conhecidas práticas muito duvidosas. Não sou jurista, não sou investigador da Polícia Judiciária, não sou membro da justiça desportiva. Agora acho que todos nós percebemos que não é normal. São tantas e tantas coisas que não me parece que não venha acontecer nada”, acredita o director de comunicação do Porto, que falou aos jornalistas durante a apresentação do livro que escreveu com Diogo Faria.
Recorrendo à analogia de “um polvo encarnado”, com oito tentáculos que vão da arbitragem à imprensa, passando pelas instituições do futebol, a justiça desportiva e as relações com o poder político, os elementos da equipa de comunicação dos dragões querem agora “sistematizar uma série de coisas que têm acontecido no futebol português nos últimos tempos”, caracterizando aquilo que chamam de “teia de influência” do “nacional-benfiquismo”.
"Este não é um livro de revelações”, clarifica Francisco J. Marques. “É um livro que que procura sistematizar a informação dos últimos anos e denunciar uma série de comportamentos e procedimentos protagonizados por elementos directamente ou indirectamente ligados ao Benfica que adulteram a verdade desportiva”, acredita o director de comunicação, que classifica a obra como “um livro que se baseia em factos facilmente comprováveis”.
“É um documento que aprofunda as revelações que têm sido feitas aos longo dos últimos tempos”, explica Diogo Faria, co-autor do livro, que acrescenta que o ênfase do livro vai para os últimos 15 anos do Benfica, desde que Luís Filipe Vieira entrou na administração da SAD.
Os dois membros da equipa de comunicação do emblema azul e branco acreditam que os dirigentes do Benfica estão a fazer dos seus adeptos as suas maiores vítimas ao envolvê-los no que classificam como “embuste”. “Os adeptos do Benfica não têm culpa nenhuma disto que está a acontecer. Torcem pelo seu clube e têm toda a legitimidade para o fazer. Mas são as maiores vítimas. Já foram no passado, com outro presidente, e carpiram mágoas por causa disso”, argumenta Francisco J. Marques.
Percepção pública "a mudar", acredita J. Marques
Questionado sobre a investigação que o Ministério Público está a desenvolver em torno da troca de correspondência benfiquista, Francisco J. Marques voltou a reafirmar que, aquando do início das revelações no programa “Universo Porto da Bancada”, do Porto Canal, a equipa de comunicação do Porto “entregou tudo” à Polícia Judiciária, não tendo mais informações de como as investigações estão a decorrer.
“Vamos sabendo as coisas pelos média quando fazem notícia”, garante o antigo jornalista, que também se recusa a anunciar novas revelações. “É para isso que existem as autoridades”, defende J. Marques, que acredita que todo o processo desencadeado pelas revelações do FC Porto “pode chegar a julgamento”.
“Acho que percepção pública está a alertar-se. Era estranho que assim não fosse”, acredita o director de comunicação, questionado sobre o papel que as revelações têm tido no futebol português.
Aquilo que Francisco J. Marques sabe é que “o processo não está fechado”. E por isso abre portas a um segundo volume de “O Polvo Encarnado”.