17 nov, 2017 - 08:24
A Ordem dos Médicos quer que a relação médico-doente seja reconhecida como Património Imaterial da Humanidade da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
A iniciativa partiu dos médicos espanhóis à qual se junta agora os portugueses.
"A Ordem dos Médicos portuguesa está a apoiar fortemente esta proposta e vamos tentar ir um pouco mais longe, tendo programada uma reunião nas Nações Unidos, com o secretário-geral para lhe falarmos da questão da relação médico-doente", afirmou Miguel Guimarães, indicando que o encontro já foi solicitado, mas ainda não está marcado.
Para o bastonário, a questão fundamental é "a humanização dos cuidados de saúde", salvaguardando a segurança clínica dos doentes e dos próprios médicos. "No dia em que [a relação médicos-doente] for reconhecida, estamos a dar uma importância a essa relação que não tem tido para os governos dos vários países", considera.
O bastonário admite que é ainda uma forma de salvaguardar os direitos dos doentes e também de "lutar contra o excesso de burocracia" que existe no sistema de saúde e contra "a imposição de tempos na relação médico-doente que são completamente absurdos".
A "Relação Médico-Doente: Património do ser Humano" é o tema do XX Congresso Nacional de Medicina e do XI Congresso Nacional do Médico Interno que decorrem no fim de semana, em Coimbra.
Consultas de 20 minutos
A Ordem defende também que, em média, as consultas deviam demorar 20 minutos. Miguel Guimarães admite que especialidades como a psiquiatria, medicina interna e neurologia sejam as que vêm a ter tempos padrão mais alargados.
Actualmente, os hospitais marcam consultas de 15 em 15 ou de 10 em 10 minutos, mas o bastonário reconhece que há serviços e unidades que permitem marcar mais do que um doente para a mesma hora.
"O sistema informático não devia sequer permitir que se marcasse mais do que um doente para a mesma hora", considera o representante da classe médica.
Em destaque, no congresso deste ano, vai estar também o novo texto do Juramento de Hipócrates, que pede agora ao médico que cuide da própria "saúde, bem-estar e capacidades para prestar cuidados da maior qualidade", mas, segundo o bastonário, os médicos já ultrapassaram o limite.
Miguel Guimarães fala em situações de 'burnout' na classe e promete para breve dados actualizados.
"Respeitarei a autonomia e a dignidade do meu doente" e "Guardarei o máximo de respeito pela vida humana" são algumas das novidades introduzidas pela Associação Médica Mundial no Juramento de Hipócrates.