16 nov, 2017 - 16:07
Veja também:
A família da mulher que a PSP atingiu mortalmente na quarta-feira durante uma perseguição policial diz não ter dinheiro para levar o corpo para o Brasil, país de origem da vítima, que emigrou para Portugal aos 19 anos.
Em declarações ao portal G1, da Globo, a mãe da cidadão brasileira que seguia no veiculo com o namorado diz esperar que o estado português repatrie o corpo da mulher de 36 anos que a polícia portuguesa matou.
"Eu quer que trouxessem ela, já que a culpa é deles, que a culpa é do Governo, do Estado, que eles me mandassem a minha filha. Nós não temos [condições], porque deve ser muito caro. Eu queria minha filha aqui, pelo menos isso", disse Maria Luzia da Costa, num vídeo disponibilizado pelo portal de notícias brasileiro.
De acordo com o mesmo site, o governo português não terá ainda entrado em contacto com a família da vítima no Brasil, sendo uma tia, a residir em Portugal, que está a articular os trâmites legais da transladação do corpo da sobrinha. Em comunicado citado pelo mesmo órgão de comunicação, a Embaixada do Brasil avança que a "a família da vítima já entrou em contacto com o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, que prestará o apoio cabível".
Na mesma nota, o organismo do Estado brasileiro informa ainda que está a "acompanhar atentamente o caso", aguardando mais informações sobre o inquérito das autoridades portuguesas "com vistas a determinar o curso da acção a ser tomada".
Investigação nas mãos da Inspecção-Geral da Administração Interna
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, veio esta quinta-feira a público classificar a morte da cidadã brasileira como uma “circunstância infeliz” e informar que a investigação está agora a cargo da Inspecção-Geral da Administração Interna.
“A circunstância infeliz ontem verificada no quadro de uma perseguição está a ser investigada pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), está a ser investigada também pelo Ministério Público e tudo será apurado”, garantiu Eduardo Cabrita.
“Determinei de imediato a intervenção da IGAI e respeitaremos e teremos em atenção as conclusões, também sabendo que é fundamental a mobilização de todas as forças de segurança. Ontem foi a PSP, mas todas as forças de segurança estão coordenadas numa resposta a fenómenos que têm atingido uma dimensão que exige uma resposta coordenada”, sublinhou o ministro da Administração Interna.
Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP revelou um pouco mais sobre as circunstâncias do incidente, dizendo que às 3h05, no Pragal, concelho de Almada, ocorreu um furto por arrombamento, pelo método de explosão, a uma caixa multibanco, após o qual os assaltantes se colocaram em fuga na direcção de Lisboa.
Terá sido durante a perseguição que, pelas 3h35, na zona da Encarnação, as forças policiais portuguesas detectaram "uma viatura que aparentava corresponder às características da viatura suspeita, cujo condutor desobedeceu à ordem de paragem".
"Esta viatura, durante a fuga, tentou atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo. Mais à frente, a viatura voltou a desobedecer à ordem de paragem por outra equipa de polícias, tendo sido interceptada pouco tempo depois", relata o comunicado.
A bordo seguiam o condutor e uma mulher "ferida por impacto de projéctil de arma de fogo" e um homem, que segundo o jornal brasileiro era o companheiro da vítima e que "foi detido por condução sem habilitação, desobediência ao sinal de parada e por condução perigosa".