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Médicos juntam-se a professores na greve de sexta-feira

24 out, 2017 - 07:01

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública marcou uma greve para dia 27, a que já se juntaram os professores da Fenprof. Em causa, a falta de respostas às reivindicações do sector.

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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apela aos seus membros que participem na greve nacional da Administração Pública marcada para sexta-feira, dia 27.

Em comunicado, o SIM aponta a “presente situação de impasse negocial” como justificação para o apelo, recordando que, “historicamente”, o sindicato “não adere às greves convocadas pelos sindicatos da função pública e centrais sindicais”.

“A presente situação de impasse negocial em inúmeras matérias laborais específicas da carreira médica e a persistência na discriminação negativa dos médicos do Serviço Nacional da Saúde (SNS) no descongelamento da progressão nas carreiras com incidência remuneratória, leva-nos a apelar a todos os médicos, sindicalizados ou não”, a aderirem à greve.

O SIM não emitiu “um pré-aviso de greve específico”, mas garante que “isso não é impeditivo da adesão dos médicos a esta greve dos trabalhadores da administração pública”.

Os clínicos devem, contudo, “respeitar escrupulosamente os serviços mínimos habituais das greves médicas”, ressalva o comunicado.

A greve de sexta-feira foi marcada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, depois de uma reunião no Ministério das Finanças sobre o Orçamento do Estado para 2018, no início do mês.

A falta de respostas ao aumento dos salários, ao descongelamento "imediato" das progressões na carreira, à reposição do pagamento das horas extraordinárias e às 35 horas para todos os trabalhadores estão na base do protesto.

Na semana passada, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou a adesão à paralisação.

FNAM exige mais investimento

Também insatisfeita com a situação de “paralisia” na reforma dos cuidados de saúde primários está a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que acusa o Ministério da Saúde de não cumprir compromissos.

"Estamos perante uma completa paralisia em que não são criadas novas USF [unidades de saúde familiar], em que não há evolução para USF de modelo B, em que crescem as carências e aumentam os obstáculos nas já existentes", critica em comunicado.

A FNAM formalizou, em Setembro, uma série de greves para ter início no dia 11 de Outubro na região Norte e passando depois por outras regiões, culminando numa paralisação total a 8 de Novembro.

A FNAM afirma que, apesar de o Ministério da Saúde ter assumido o compromisso de apoiar o relançamento da reforma dos cuidados de saúde primários e de criar 100 novas unidades de saúde familiar até ao fim do mandato, ainda não foram aprovadas medidas nesse sentido.

"Este ano ainda não foi criada nenhuma unidade de saúde familiar", indica explicou o sindicato, referindo o despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças referente ao número de unidades a criar em 2017 que deveria ter sido publicado até ao dia 31 de Janeiro.

Neste contexto, os médicos exigem o reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "destinado a sustentar uma maior eficiência do SNS, a sua defesa e revitalização".

No entender da federação, este investimento passa pela reforma dos cuidados de saúde primários, cujos resultados "foram e são um contributo fundamental para a sustentabilidade, qualidade, proximidade e eficiência do SNS".

As propostas da FNAM passam, não só pelo efectivo relançamento da reforma dos cuidados de saúde primários, como pela publicação imediata do despacho sobre as unidades de saúde familiar e pelo fim dos obstáculos à criação de USF modelo B.

A organização sindical propõe ainda uma mudança orientação nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e o fim dos mega-agrupamentos de centros de saúde.

A paralisia da reforma dos cuidados de saúde primários, alerta ainda a FNAM, tem criado obstáculos ao trabalho dos médicos de família, que "estão a sentir as suas expectativas defraudadas" e um aumento do descontentamento, desmotivação e exaustão.

Comentários
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  • vaca voadora
    24 out, 2017 Setúbal 22:26
    Estamos em tempo de prometidas vacas gordas há que aproveitar uma vez que quem governa hoje e sua trempe de apoio para aí indicaram o caminho eles que não venham agora dizer o contrário, quanto ao resultado de tudo isto veremos se o país se irá aguentar no balanço ou se pelo contrário nova troika nos presenteará.
  • lv
    24 out, 2017 lx 15:21
    Médicos, professores, proxonetas, rameiras todos a mesma luta!
  • Luís Ferreira
    24 out, 2017 Lisboa 10:13
    Continua o sindrome das greves na 6ª Feira....independentemente da causa, já deveriam saber que só descredibiliza e retira seriedade ao propósito. Em vez de fazer valer o propósito de reindivicação, apenas prevalece o "fim-de-semana prolongado que calha bem porque vai estar calor"....
  • Teresa
    24 out, 2017 09:57
    Os médicos conseguiram um belissmo acréscimo salarial com a passagem às 40 horas. A contrapartida era atenderem mais doentes. Agora já querem que lhes reduzam as listas de doentes e ficar a ganhar o mesmo!!! Os professores que nem sequer tiveram aumento do horário de trabalho das 35h para as 40h, sempre foram beneficiados com progressões automáticas até ao congelamento das carreiras. Progrediram na carreira sem problemas o que os outros funcionários da mesma categoria não conseguiram com o mesmo tempo de serviço. No entanto médicos e professores passam a vida a clamar como se fossem os únicos e mais prejudicados!!! Ambos representam as corporações que mais ganham em Portugal e mais benefícios têm e mesmo assim nunca estão satisfeitos. Querem tudo para eles...
  • Há uns anos
    24 out, 2017 Cas 08:10
    Greves destas não tinham nos media, o ênfase noticioso que têm hoje, pelo contrario eram vistos como ataques a um governo que eles apoiavam! Porque será? Os media passaram a ser de "esquerda radical"?
  • Carlos Gonçalves
    24 out, 2017 Seixal 07:50
    É só gente responsável....essa frente comum, aliás, a sua chefe, já podiam ir para casa pois já enoja....

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