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Supremo Tribunal da Catalunha pede reforço de segurança

09 out, 2017 - 11:34

Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros João de Deus Pinheiro não acredita que a independência da região se concretize. À Renascença, diz mesmo que não houve uso excessivo da força durante o referendo.

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O Supremo Tribunal da Catalunha requereu segurança extra à polícia nacional espanhola junto ao edifício. Trata-se de uma medida de prevenção no caso de o parlamento regional avançar com a declaração unilateral de independência.

A sessão plenária do parlamento catalão estava marcada para esta segunda-feira, mas foi suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol. O pedido do Supremo Tribunal catalão surge, assim, para “garantir o seu normal funcionamento” no caso de a ordem ser desrespeitada, lê-se num comunicado.

O objectivo da sessão parlamentar marcada para hoje, na qual estava prevista uma intervenção do presidente do governo autonómico, Carles Puigdemont, era discutir os resultados finais do referendo de dia 1 de Outubro – declarado ilegal por Madrid – e votar uma declaração formal de independência (que deveria ser aprovada, dado que os partidos separatistas estão em maioria).

“Penso que não irá mesmo acontecer”

Quem não acredita numa Catalunha independente é o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo comissário europeu João de Deus Pinheiro. Entrevistado na Manhã da Renascença, considera que a separação de Espanha não é uma solução viável.

“O facto de as empresas estarem a debandar da Catalunha, o Ibex – que é o índice bolsista em Espanha – que tem seis empresas catalãs poder ficar só com uma, o facto de o ex-Presidente Artur Mas ter dito que não havia condições para a independência, a manifestação de ontem, tudo aponta que a declaração unilateral de independência não terá, na minha opinião, qualquer consequência”, sustenta.

Segundo Deus Pinheiro, o próprio presidente do governo regional perdeu credibilidade desde o referendo. “Aquela aceleração, aquele momento que pensava ter criado com o referendo desvaneceu-se bastante. Penso que isso é óbvio para os observadores internacionais e julgo que para os próprios espanhóis também”.

No entender do antigo comissário europeu, se Carles Puigdemont concretizar a declaração de independência, o Governo espanhol deverá retirar a autonomia à Catalunha. João de Deus Pinheiro considera que o Governo espanhol tem actuado “de uma forma absolutamente correcta”.

“Não se pode entrar em diálogo com gente que é radical e extremista, como foi o caso do Puigdemont. Não há condições para haver um diálogo. Para haver um diálogo, tem de haver boa vontade das duas partes e Puigdemont é um homem radical ou que se radicalizou e quis levar tudo à frente de uma forma unilateral. Essa gente não é gente de diálogo. Provavelmente, com outra gente, haveria condições para haver um diálogo e para se reforçarem alguns aspectos da autonomia que eventualmente pssam ser razoáveis, como aliás sempre aconteceu no passado e que até agora tinham dado bons resultados”, sustenta na entrevista à Renascença.

Quanto à actuação da polícia espanhola no dia do referendo, o antigo chefe da diplomacia portuguesa não vê que tenha existido excessos. “É para isso que as forças da ordem existem: para impor a ordem”.

“Não vi que houvesse actos de violência desnecessários ou excessivos pelas imagens televisivas a que assisti. Houve músculo, porque para impor a ordem a uma multidão tem de haver algum músculo, mas nada que fosse excessivo”, argumenta.

Catalunha cada vez mais sozinha

O Governo francês anunciou esta segunda-feira que não vai reconhecer a independência unilateral da Catalunha.

“Se houver declaração de independência, será unilateral e não ser reconhecido”, avisou Nathalie Loiseau em declarações ao canal de televisão CNews.

“Catalunha não pode ser definida pela votação organizada pelo movimento de independência há pouco mais de uma semana. Esta crise tem de ser resolvida através do diálogo e a todos os níveis políticos de Espanha”, acrescentou.

A chefe da diplomacia francesa recordou ainda que, “caso a independência seja reconhecida – algo que não está em discussão – a consequência mais imediata seria a sua saída imediata da União Europeia”.

Da Alemanha, chegou mais uma manifestação de apoio ao Governo central espanhol. No sábado, Angela Merkel garantiu a Mariano Rajoy o apoio de Berlim a uma Espanha unida e encorajou o primeiro-ministro espanhol a insistir no diálogo.

Já em Espanha, o líder do principal partido da oposição, o PSOE, também manifestou apoio ao primeiro-ministro.

“Vamos apoiar a resposta legal face a qualquer tentativa para quebrar a harmonia social”, afirmou Pedro Sanchez esta segunda-feira.

Da parte do Governo espanhol, Rajoy reafirmou que a unidade nacional vai ser preservada. Em entrevista ao jornal alemão “Die Welt”, o chefe do Governo disse que fará tudo o que a lei permitir para assegurar que Espanha se vai manter unida.

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