22 set, 2017 - 09:49
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, insurgiu-se, esta sexta-feira, contra o clima hostil, de acusações cruzadas, que se vive no futebol português.
Num artigo publicado nos jornais desportivos, o líder federativo afirmou que "o clima que se vive no futebol profissional português é inimigo do crescimento e da afirmação da indústria", além de ser "péssimo exemplo para os mais jovens e um fenómeno que contribui para afastar o adepto, dos estádios e mesmo da modalidade".
Fernando Gomes revelou acompanhar "com particular preocupação" o clima em volta da arbitragem, classificando de "inaceitável" o "tom de crítica" em relação às actuações dos homens do apito. "Estas críticas, que muitas vezes são inspiradas em dirigentes com as mais altas responsabilidades, potenciam o ódio e a violência", escreveu, num claro "recado" a FC Porto e Sporting. "São, quase sempre, uma forma de tentar esconder insucessos próprios, além de constituírem actos de cobardia."
Considerando que, esta época, já ocorreram "acções condenáveis" que afectaram os árbitros e respectivas famílias, o "homem forte" da FPF comentou que não o "surpreenderia se Conselho de Arbitragem e árbitros reflectissem profundamente sobre as reais condições que existem, em Portugal", para quem desempenha as suas funções.
Apelo ao Estado e aos clubes
Fernando Gomes posicionou-se ao lado dos árbitros e observou que "o clima de ódio tem tido reflexo também entre os adeptos", verificando, com "profundo lamento", que há "sinais de alarme" no futebol português, que "os clubes profissionais não podem ignorar", muito menos o Estado.
"Arbitragem sob ameaça e constante crítica; a violência entre adeptos; o ódio entre clubes, espalhado por redes sociais e órgão de comunicação social. E também o desrespeito de muitos pelas regras que eles próprios aprovaram em Assembleia Geral da Liga", acusou o dirigente. "É uma mistura potencialmente explosiva. Temos de conseguir parar antes que seja tarde demais."
"A FPF está disponível para colaborar com o Estado em todas estas frentes", assegurou o líder do organismo que tutela o futebol português.
Fernando Gomes deixou, ainda, um apelo a que os clubes "saibam encontrar pontes de diálogo naquilo que os une" e que "deixem de permitir que os seus símbolos, a sua história e a sua força sejam capturados para a apologia do ódio".