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Médicos Sem Fronteiras acusam UE de financiar “fábricas de sofrimento” na Líbia

07 set, 2017 - 20:41 • Liliana Monteiro

“Neste momento, as pessoas ou morrem ou arriscam morrer no ar ou morrem ou são torturadas na Líbia”, refere Susana Deus, em declarações à Renascença.

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A União Europeia não pode continuar a financiar a tortura de migrantes e refugiados na Líbia, apela a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Em declarações à Renascença, Susana Deus, directora-geral da MSF Brasil, diz que é preciso alertar o mundo para o que está acontecer na Líbia.

“Quando a União Europeia decide apoiar centros de detenção e a guarda costeira da Líbia a capturar pessoas no mar e trazê-las de novo para a Líbia, o que nós nos questionamos é se a UE tem consciência do que está a fazer e as repercussões que isto traz para as vidas de milhares de pessoas”, afirma Susana Deus.

“São uma parafernália de grupos armados que estão a usar estas pessoas para tráfico e para todo o tipo de abusos. Os centros de detenção onde prestamos apoio médico são verdadeiras fábricas de sofrimento, as pessoas não têm as mínimas condições, a alimentação é escassa, é de péssima qualidade, as pessoas são agredidas fisicamente, são violadas sexualmente”, denuncia a dirigente dos Médicos Sem Fronteira.

Os migrantes são tratados como “mercadoria” na mão de grupos armados na Líbia, que as exploram de variadas maneiras.

Com a dificuldade cada vez maior para entrarem na Europa através de outras rotas, os migrantes procuram o Norte de África e, em particular, a Líbia.

“Há muita gente arrependida de ter chegado à Líbia, pessoas que não sabiam o que iam encontrar. Os canais para entrar na Europa estão fechados, a Líbia é a única rota que estas pessoas encontraram para conseguir chegar à Europa e pedir apoio à Europa. Neste momento, as pessoas ou morrem ou arriscam morrer no ar ou morrem ou são torturadas na Líbia”, refere Susana Deus.

A dirigente dos Médicos Sem Fronteiras esteve no terreno há pouco tempo onde presenciou tudo isto. Diz que é falacioso a Europa falar em sucessos.

“A União Europeia diz que foi um sucesso a diminuição do número de pessoas no mar, mas essas pessoas estão a ser capturadas para níveis de sofrimento horríveis e há que criar vias seguras e legais para que estas pessoas cheguem às fronteiras. É a única maneira de respeitar os mínimos direitos destas pessoas”, defende Susana Deus.

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  • al
    07 set, 2017 adelaide 23:51
    hahahaha claro que ha "organisacoes" por ai a "empurrar" para que estas situacoes de confusao acontecao....e assim que les teem trabalho e ganham dinheiro..... grande surpresa !

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