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​Médico passou 60 atestados para carta de condução por dia

14 ago, 2017 - 12:58

É um dos casos cinco suspeitos de fraude identificados e que vão ser avaliados por grupo de apoio à fraude do Ministério da Saúde.

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A passagem de atestados médicos para a carta de condução por via electrónica permitiu identificar cinco casos suspeitos de fraude, um dos quais referente a um médico que passou 60 atestados num só dia, segundo fonte oficial.

Em declarações à agência Lusa, o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) – organismo que em conjunto com Direcção Geral da Saúde (DGS) é responsável pela desmaterialização do atestado médico para a carta de condução – afirmou que os casos serão agora avaliados pelo grupo de apoio à fraude do Ministério da Saúde.

Em causa está um volume de atestados médicos diários muito acima do normal, sendo que, em média, um clínico passa por dia dois atestados médicos para a carta de condução.

Um dos cinco casos suspeitos é de um médico que atingiu um volume de 60 atestados diários e que, por isso, “vai ser investigado”.

“É uma análise ainda muito preliminar que nos permite perceber que há aqui padrões de passagem de atestados que merecem uma investigação mais aprofundada”, disse Henrique Martins.

As primeiras emissões electrónicas de atestados médicos para a carta de condução foram registadas no dia 1 de Março deste ano, altura em que começou a fase piloto nos cuidados de saúde primários.

A 14 de Março arrancou a fase piloto nos hospitais e a 15 de Maio passou a ser obrigatória a emissão e transmissão electrónica destes atestados.

A nova forma desmaterializada de atestado médico para a carta de condução permite ao cidadão dirigir-se ao médico e solicitar um atestado médico, sem que depois precise de se dirigir aos serviços do Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT), porque o seu atestado é enviado electronicamente.

“Mais de 120 mil pessoas [123.608] beneficiaram deste serviço electrónico, poupando assim estas deslocações, ao mesmo tempo que ficamos com uma base de dados que nos permite identificar situações de risco e acompanhar a emissão dos atestados”, disse Henrique Martins.

Para o presidente deste organismo do Ministério da Saúde, esta desmaterialização “torna mais fácil a auditoria clínica”, embora continue a “ser possível emitir atestados em que não se verificou todas as circunstâncias, isso é uma responsabilidade do profissional médico”.

Desta forma, o IMT pode identificar situações em que, por exemplo, um cidadão a quem tenha sido negada a emissão de um atestado médico, por não estarem reunidas todas as condições, o consiga junto de outro clínico.

Os SPMS desconhecem casos de médicos que apenas se dediquem à passagem de atestados e referiu que, apesar das resistências iniciais dos médicos, esta forma de prescrição está a ser bem aceite pelos clínicos.

“A média de uma consulta com emissão de atestado e uma sem emissão de atestado varia dois minutos, o que não é significativo para um médico de família que, no máximo, passe dois atestados por dia”, disse.

Em 2015 foram registados mais de 600 mil pedidos de atestados médicos para a carta de condução.

Comentários
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  • Bela
    14 ago, 2017 Coimbra 20:11
    Coitado do senhor...Não é verdade que a maioria desses formulários electrónicos já estão pré elaborados? Então porque a dúvida? Arre chiça... já não se pode trabalhar como deve ser neste país? Deveriam era 'premiar' o senhor pela 'sua eficácia'.
  • Será?
    14 ago, 2017 pt 16:44
    Que este também adere à propalada greve?...
  • Há cada animal
    14 ago, 2017 Lis 15:18
    A este medico deveria ser-lhe retirada a carteira profissional! São indiduos deste calibre que põem em causa a honestidade profissional e etica de um sistema de saúde! O que dizem agora os sindicatos e a ordem? Acham que ganha mal?...
  • Tugatento
    14 ago, 2017 Amarante 14:22
    Será que este vai pedir para lhe pagarem mais pelas horas extra? É que passar 60 atestados por dia, é obra. Onde param os corporativistas da OM? Não dizem nada?
  • Luis
    14 ago, 2017 Lisboa 13:41
    E por isso vão entrar em greve. Fartam-se de trabalhar e de que maneira. Quanto teria ganho o médico com todo este trabalho?
  • Alberto
    14 ago, 2017 FUNCHAL 13:09
    Afinal..."não fazem nada" e está mal, ou trabalham "em demasia" e também está mal?

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