23 jul, 2017 - 21:21
A Fretilin venceu as legislativas timorenses de sábado com uma vantagem de cerca de mil votos em relação ao CNRT, segundo a contagem final dos boletins divulgada pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
Segundo os dados do STAE, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), de Mari Alkatiri, obteve 168.422 votos e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, conseguiu 167.330. Aplicando o método de Hondt, a Fretilin terá 23 deputados e o CNRT terá 22 no Parlamento Nacional, onde há um total de 65 lugares.
A terceira força mais votada foi o Partido Libertação Popular (PLP), do ex-Presidente Taur Matan Ruak, que conseguiu 60.092 votos (oito deputados), seguindo-se o Partido Democrático (PD), com 55.595 votos (sete deputados) e o Khunto, com 36.546 votos e cinco deputados.
A Fretilin liderou a contagem desde o arranque mas, durante o dia de hoje, responsáveis do CNRT chegaram a reivindicar vitória, com base nos números da sua própria contagem.
Ainda assim, enquanto a Fretilin esteve durante toda a noite em celebração na sua sede - o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri, fez mesmo uma reivindicação de vitória horas antes do fecho da contagem -, na sede do CNRT o ambiente era mais sombrio.
A contagem de votos terminou quase 35 horas depois do fecho das urnas, quando funcionários eleitorais digitaram a última ata corresponde ao último centro de votação do município de Díli.
"Não vejo que haja qualquer risco de ingovernabilidade"
Em declarações à Renascença, Pedro Bacelar de Vasconcelos, antigo conselheiro da ONU junto da presidência timorense e um dos autores da Constituição, considera que este resultado eleitoral não coloca em causa a governabilidade de Timor-Leste.
“O grande entendimento histórico que foi conseguido em Timor-Leste nos últimos anos foi a reconciliação da Fretilin, o partido da independência, da resistência, de Nicolau Lobato, com a herança de Xanana Gusmão. Em termos de governação de Timor-Leste, não vejo que haja qualquer risco de ingovernabilidade atendendo às preferências demonstradas pelos timorenses, uma vez mais, num processo de exemplaridade democrática”, afirma.
Bacelar de Vasconcelos sublinha que “os resultados demonstram que a coligação de governo dos últimos anos foi a mais votada".
"O CNRT, de Xanana Gusmão, há cinco anos, nas últimas eleições ficou à frente, com uma distância muito modesta para a Fretilin. Agora, trocam de posições, o que permite aquilo que de alguma forma seriam as expectativas dos responsáveis timorenses de manter o entendimento que permitiu a governação ao longo dos últimos cinco anos”, sublinha um dos pais da Constituição timorense.