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Ordem dos Enfermeiros apoia "greve total"

14 jul, 2017 - 09:48

A Ordem não entende "a birra do Governo ao não negociar e resolver o problema". Enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia decidiram fazer greve na semana 31 de Julho-4 de Agosto.

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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, disse esta sexta-feira que a Ordem vai apoiar a greve dos enfermeiros especialistas anunciada para o perído entre 31 de Julho e 4 de Agosto, salientando “não compreender a birra do Governo ao não negociar e resolver o problema".

Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia vão fazer uma greve de 31 de julho a 04 de agosto, em protesto contra o não pagamento desta especialização.

Em declarações à agência Lusa, Ana Rita Cavaco disse que a Ordem dos Enfermeiros apoia a greve “por tudo o que se está a passar com os enfermeiros e no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Não entendemos esta birra. Achamos que é uma birra do Governo em não conseguir resolver e negociar com os sindicatos como faz com as outras classes profissionais. Não sei se existe algum problema por parte do Governo com os enfermeiros, mas se existe não devia existir porque são estes que estão 24 horas por dia nas instituições de saúde”, sublinhou.

A bastonária frisou que esta greve não é só dos especialistas, mas de todos os enfermeiros.

“Os enfermeiros estão a avançar para uma greve geral de cinco dias e isto nunca aconteceu. Somos 70 mil inscritos na Ordem, mais de 40 mil a trabalhar no SNS e a maior classe profissional do país. Se avançam com uma greve isso deveria fazer-nos pensar enquanto pessoas”, disse Ana Rita Cavaco.

Contactado pela agência Lusa, o gabinete do ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes disse "não comentar pré-anúncios de greve".

A Bastonária lembrou à Lusa que a greve é um “direito legal de qualquer profissão” e que como está na lei “vão ser cumpridos os serviços mínimos”.

Questionada sobre o facto de a greve dos enfermeiros estar marcada para uma altura em que os serviços estão com menos pessoal devido a férias, Ana Rita Cavaco disse que estes estão “desfalcados durante todo o ano”.

“Esta carência já se verifica há muito tempo. Há um ano e meio apresentámos uma proposta ao Governo séria e racional, com contas feitas, quanto custava contratar três mil enfermeiros por ano para colmatar os 30 mil que faltam em Portugal no sistema público”, disse.

Ana Rita Cavaco lembrou que os “enfermeiros não estão bem há muito tempo”, salientando que “86% da classe está a trabalhar em risco de ‘stress’ muito elevado e muitos deles até em exaustão”.

“Não estão em condições para eles próprios quanto mais para tratar das pessoas. Chega a haver um enfermeiro a trabalhar para cuidar de 20/40 doentes. Isto é que devia preocupar o país”, concluiu.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Azevedo, anunciou na quinta-feira que o pré-aviso de greve vai ser hoje apresentado pela Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE).

Estes profissionais estão em protesto desde 03 de julho, recusando-se a prestar cuidados diferenciados, uma situação que, segundo Bruno Reis, porta-voz do movimento EESMO, está a afetar 15 hospitais.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, que apoia os profissionais neste protesto, existem cerca de 2.000 enfermeiros que, apesar de serem especialistas, recebem como se prestassem serviços de enfermagem comum.

Para dar voz a esta reivindicação, foi criado o movimento EESMO (Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia), o qual organizou no dia 29 de junho uma vigília frente à residência do primeiro-ministro.

Comentários
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  • clementina
    08 set, 2017 almada 21:07
    gostaria de entender quais as funções de um enfermeiro. Se é apenas distribuir medicamentos. medir a tenção arterial, medir a temperatura, então não será preciso ter um curso superior. Sempre pensei que o seu papel fosse apoiar os médicos no acompanhamento dos doentes no que fosse preciso. Só falta dizerem-nos que os médicos não fazem falta porque os enfermeiros fazem o seu trabalho, salvo operações cirúrgicas. Os portugueses pagam demasiados impostos e o orçamento suportado pelos nossos impostos não pode ser apenas para alguns. Se o país começa a sair de dificuldades e cada grupo profissional começa a pedir, para si, mesmo aquilo que lhe apetece, o que virá depois será suportado, com grande sacrifício, por todos e sobretudo pelos mais fracos. aqueles que não tem a mesma capacidade reivindicativa.
  • Julio
    26 ago, 2017 Fortaleza CE 02:07
    Boa noite sou Brasileiro e não temos esta estrutura sindical aqui no Brasil pois os mesmos só pensam em si só e no bolso deles . mas fico feliz de ver a organização da categoria ai. quem saiba um dia chegamos perto aqui no Brasil . abraço a todos da categoria.
  • leonel
    25 ago, 2017 lisboa 18:45
    A bastonária é dirigente do PSD. Desde quando é que o PSD apoia greves? Alterou o codigo do trabalho, acabou com a contratação coletiva, cortou nos salários. Vem agora esta senhora, fora das suas competências, apoiar greves de zelo? Ainda por cima pagas pelo erário público. Esta é a greve do nucleo do psd nos enfermeiros. Querem ganhar mais que os médicos? Então os portugueses não ganham acima das suas possibilidades? Isto é oportunismo do mais reles. E a tal de bastonária, aproveita para ter visibilidade. Simpatizava com a luta dos enfermeiros. Agora, cheira mal.
  • Leonel
    18 jul, 2017 Lisboa 09:16
    Quem decide da greve, nos termis da lei, sao os sindicatos, pelo que a ordem e a bastonaria se likitam a apoiar ou nao. Nk caso, ja esta percebido que a bastonaria cavaco, mais que representar os enfermeiros, quer e aparecer na tv, protagonismo e, quem sabe, uma promocao a qualquer coisa onda corra algum cacau...Deixe la a greve com os sindicatos e com os enfermeiros. Nao a saktar para as costas dos outros para ser vista.
  • Rafael
    18 jul, 2017 Porto 02:05
    Antes de mais, importa esclarecer que, quando em greve, os enfermeiros asseguram serviços mínimos, garantindo dessa forma a assistência a todos os casos graves que se lhes apresentem. Dito isto, parece-me óbvio que quem está preocupado com a possibilidade de morrer alguém por falta dos cuidados dos enfermeiros, deveria apoiar a sua luta. Não me parece justo um profissional tão importante e com tamanhas responsabilidades ganhar tanto (ou ainda menos!!) quanto uma empregada doméstica (sem qualquer desprimor para esta profissão). Quanto a quem acha que o governo já prometeu e por isso os enfermeiros devem estar quietos e sossegados vale lembrar que há mais de 10 anos que os governos prometem e nada fazem. Hoje os enfermeiros portugueses são os licenciados mais mal pagos do SNS, apesar da reconhecida formação e competência. Está na hora de mudar!!!
  • Paula Faria
    15 jul, 2017 Maia 14:37
    A Greene não é exclusivamente para os especialistas mas para todos os enfermeiros!!!!
  • Mara
    14 jul, 2017 Portugal 18:11
    "Pobres dos pobres doentes e pobres dos doentes pobres," esta resposta foi dada por Salazar a médicos que disseram fazer um levantamento...e foi contada por um deles. Agora quem pensa nos pobres doentes? Enfermeiros ou Governantes e se nos dias da greve morrerem pessoas por falta de assistência? Não seria mais digno e digno sentarem-se à mesa das negociações e falarem civilizadamente para não prejudicar os infelizes e sofredores doentes?
  • Rui
    14 jul, 2017 Entroncamento 16:12
    Caro Birra, informar infelizmente não chega... se vivêssemos numa sociedade onde a palavra vale, infelizmente se o governo estivesse de boa fé passava o acordo a escrito... Caro Filipe, relativamente à greve de enfermeiros nunca valeram muito, porque cumprem serviços mínimos, e mínimos em saúde é quase tudo. Aliás a tutela, não abana nada com greves de enfermagem, são dias a fio com mão de obra gratuita... Pela sua gritaria, por si era tudo despedido... E antes de comentar tente estar por dentro do que se passe e cuidado com o fel... mesmo que passe mal, tenho a certeza que irá ter um enfermeiro que cuide de si, mesmo em greve...
  • Filipe
    14 jul, 2017 évora 12:46
    O que importa em primeiro lugar é que nenhum doente devido à greve seja prejudicado ! O que acontece quando se encontra alguém ferido e não se pede ajuda ou auxilia ? CRIME por omissão de auxilio . Ora aí está ! Se alguém for prejudicado por uma equipa de enfermeiros grevistas , devem ser severamente punidos criminalmente e expulsos da profissão . Não basta a quantidade de enfermeiros que fabricam as universidades todos os anos e que maior parte tem de deixar Portugal , quanto mais estes agora fazerem dos doentes farrapos nas suas mãos . DESPEDIDOS , ouviram ?
  • rosinda
    14 jul, 2017 palmela 11:41
    Um hospital nunca devia estar desfalcado antes ou depois das ferias!

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