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Cerca de 100 enfermeiros pedem reunião urgente a António Costa

29 jun, 2017 - 01:06

Os enfermeiros especialistas ameaçam deixar de desempenhar serviços especializados em 28 maternidades e nove centros de saúde a partir de segunda-feira, limitando-se às tarefas de enfermagem geral, pelas quais são pagos.

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Entre 80 a 100 enfermeiros especialistas estão em vigília frente à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, não só para apresentar reivindicações, mas também pedir uma reunião de emergência com António Costa.

Em declarações, por telefone, à agência Lusa, Bruno Reis, porta-voz dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia (EESMO), adiantou que um dos objectivos da vigília desta noite é o de entregar na residência oficial do primeiro-ministro um pedido de reunião urgente.

"Para que ele [António Costa] possa perceber que esta é uma situação emergente, que nós pretendemos ver resolvida, para que dia 3 [de Julho], de norte a sul do país, as grávidas não fiquem sem apoio da enfermagem especializada", disse o responsável sindical.

Isto porque, se nada for resolvido e as reivindicações destes profissionais não forem atendidas, os enfermeiros especialistas deixam de desempenhar serviços especializados em 28 maternidades e nove centros de saúde a partir de segunda-feira, limitando-se às tarefas de enfermagem geral, pelas quais são pagos.

Em causa, o facto de estes profissionais trabalharem como enfermeiros especialistas, mas serem remunerados como enfermeiros de cuidados gerais, já que a primeira categoria profissional foi extinta.

Bruno Reis explicou que na base do protesto estão reivindicações com 10 anos, nomeadamente o reconhecimento pelo Ministério da Saúde da categoria do enfermeiro especialista juntamente com a sua valorização salarial.

"Nós temos competências específicas, somos uma mais-valia no Serviço Nacional de Saúde e nosso desempenho é reconhecido pela população, pelas grávidas e sem dúvida que somos uma mais-valia no exercício das nossas competências", defendeu.

O responsável adiantou que ao longo dos últimos 10 anos, mas mais insistentemente nos últimos dois meses, tentaram por várias vezes a reintrodução da categoria profissional e fizeram várias tentativas de diálogo junto do Governo.

Questionado sobre se na base desta dificuldade estará uma questão orçamental, Bruno Reis não acredita que essa seja a justificação, apesar de admitir que isso terá impacto financeiro, apontando que no início não impuseram datas predefinidas, mas sim pedidos de conversações.

Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros tem uma opinião diferente, defendendo mesmo que "só está em causa uma questão orçamental".

"Foi-nos dito taxativamente que o que estava em causa não era uma questão de vontade porque o ministro da Saúde reconhece a importância dos enfermeiros especialistas, não só na questão da saúde materno e obstétrica, mas também nas outras cinco especialidades que a Ordem reconhece", apontou Ana Rita Cavaco.

Para a bastonária, esta é uma explicação que não é coincidente com a realidade do dia-a-dia transmitida pela comunicação social, em que o país já está a crescer.

Sublinhou que a saúde "é um pilar básico de uma democracia" e apontou que "se há dinheiro para salvar bancos e salvar instituições financeiras sistematicamente, tem que haver dinheiro para salvar a vida das pessoas".

Comentários
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  • Pois é!
    29 jun, 2017 Lx 16:07
    Até podem estar cheios de razão mas xeques-mate precipitados enquanto durante os 4 anos de governo anterior apenas emigraram e não aplicaram a mesma tatica, faz com que percam essa razão! Claro que estão neste momento com um governo que nada tem de autoritario como o anterior e portanto deveriam ter isso em conta.
  • Miguel
    29 jun, 2017 Porto 12:14
    "Em causa, o facto de estes profissionais trabalharem como enfermeiros especialistas, mas serem remunerados como enfermeiros de cuidados gerais"... quando as pessoas trabalham devem ver o resultado do seu trabalho reconhecido. Sou apoiante deste Governo e sei que temos dificuldades neste País mas estou confiante que o Governo ainda irá perceber a importância desta reivindicação , que é totalmente justa , e sei que o Governo irá reconhecer. Uma grávida se , durante o parto, ( e sendo que o enfermeiro é o profissional mais próximo da grávida que está diariamente consigo) se esse enfermeiro tiver consigo estes conhecimentos especializados pode fazer a diferença. Estamos a falar de dez anos de reivindicação em que os enfermeiros gerais mesmo não tendo contrapartidas mesmo assim voltaram à faculdade sabendo que não seriam recompensados monetariamente, e gastaram dinheiro deles para se especializar, fizeram isso pelas pessoas que todos os dias são os seus utentes. É altura de reconhecer esses profissionais. A força do trabalho deve ser reconhecida e um enfermeiro especializado não é ético que ganhe o mesmo que um enfermeiro generalista. Mas ainda acredito que o Governo actual ainda irá reconhecer a importância disto. Talvez se passarem um tempo num bloco de partos, junto das pessoas e irá ver que o que se fala aqui é realmente importante

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