20 jun, 2017 - 13:43 • Aura Miguel
O Papa Francisco visitou duas paróquias no centro de Itália para homenagear dois párocos já falecidos, que “deixaram um rasto luminoso e, por vezes, incómodo”: o padre Primo Mazzolari (1890-1959), de Bozzolo e o padre Lorenzo Milani (1923-1967), de Barbiano.
Em Bozzolo, Francisco recordou a personalidade excepcional do padre Mazzolari e os conselhos aos seminaristas de Cremona. “A nossa força é sermos repetidores. Mas entre um repetidor morto, um altifalante, e um repetidor vivo, há uma grande diferença! O sacerdote é um repetidor, mas o seu modo de repetir tem de ter alma, não pode ser passivo, ou nada cordial. A par da verdade que repito, deve haver sempre alguma coisa de meu, para demonstrar que acredito no que digo; deve ser feito de modo a que o irmão se sinta convidado a receber a verdade.”
O Papa sublinhou ainda que “o padre não é alguém que exige a perfeição, mas que ajuda cada um a dar o seu melhor”. E, reforçando os conselhos do próprio padre Mazzolari, concluiu: “Contentemo-nos com o que podem dar as nossas populações. Tenhamos bom senso! Não devemos massacrar esta pobre gente! E eu quero repetir isto, e repito a todos os padres de Itália e também do mundo: Tenhamos bem senso! Não devemos massacrar esta pobre gente!”
Mais tarde, em Barbiano, Francisco valorizou a vida do padre Milani, inteiramente dedicada à educação de jovens em bairros problemáticos e ao acolhimento de todos, sobretudo dos mais pobres e frágeis. “Sem esta sede de Absoluto”, recordou o Papa a propósito do referido pároco, “pode-se ser um bom funcionário, mas não se pode ser um verdadeiro padre, capaz de servir Cristo nos irmãos”.
Francisco pediu ainda aos padres que procurem ser “homens de fé, com uma fé franca e não diluída e homens de caridade pastoral para com todos os que o senhor nos confia como irmãos e filhos”.
A intervenção alertou para o perigo de se criarem instituições ditas "católicas", como bancos ou cooperativas, que geram "uma comunidade cristã elitista", favorecendo apenas "interesses e clientelas com uma etiqueta católica".