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Lagarde admite cortes nas taxas de juro no verão

17 jan, 2024 - 11:08 • Ana Fernandes Silva com Lusa

Para combater a inflação elevada, o BCE levou a cabo um ciclo de aperto monetário sem precedentes: dez aumentos consecutivos das taxas entre julho de 2022 e setembro de 2023.

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, admitiu esta quarta-feira que poderá haver reduções nas taxas de juro diretoras no verão, mas assinalou que eventuais decisões dependem da evolução de alguns indicadores.

"Diria que é provável", afirmou a responsável do BCE em entrevista à Bloomberg, em Davos, na Suíça, depois de ter sido questionada sobre uma possível descida das taxas de juro, mas apontando, no entanto, que tem "de ser reservada" nesta matéria.

"Tenho de ser reservada, porque também estamos dependentes de dados e ainda há um certo nível de incerteza e alguns indicadores ainda não estão ao nível que gostaríamos de os ver", acrescentou a responsável.

A resposta de Lagarde surge na véspera do começo do chamado período de silêncio que antecede as reuniões de política monetária, agendadas para 25 janeiro.

No passado dia 11, Lagarde tinha apontado que as taxas de juro na zona euro já deveriam ter atingido o seu pico, depois de subidas motivadas pela elevada inflação no ano passado.

Para combater a inflação elevada, o BCE levou a cabo um ciclo de aperto monetário sem precedentes: dez aumentos consecutivos das taxas entre julho de 2022 e setembro de 2023.

O ritmo de crescimento dos preços ao consumidor abrandou significativamente desde que a taxa de inflação atingiu um pico de dois dígitos no final de 2022, mas permanece acima da meta do BCE de 2%.

Em dezembro, a inflação na zona euro acelerou ligeiramente para 2,9%, após 2,4% em novembro, um salto que era amplamente esperado.

Na mais recente reunião de política monetária, em 14 de dezembro, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela segunda vez (consecutiva) desde 21 de julho de 2022.

A taxa de depósitos do BCE permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

"Bom para quem deve, mau para quem poupa"

Na leitura do economista João Duque, a possibilidade de descida dos juros "é uma boa notícia para quem deve e má para quem poupa".

Ouvido pela Renascença, o também presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão assinala, desde logo, um previsível impacto nas prestações do crédito à habitação.

"O que eu estou à espera é de uma redução das taxas de juros, de mercado, nomeadamente a Euribor, que é uma taxa de referência. Quer para famílias, cuja prestação em Portugal está muito indexada a esse indicador, quer para as empresas que também, de alguma maneira, têm as suas dívidas", refere.

Por outro lado, João Duque explica que pode ser "mau para a poupança, porque os bancos não têm grande necessidade de estimular a poupança e, por isso, vão baixar a taxa de remuneração de depósitos".

[notícia atualizada às 12h00 com comentário de João Duque]

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