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Lisboa com menos estacionamento e mais caro. EMEL prepara mudanças

03 mai, 2017 - 08:04 • João Cunha

Processo está em consulta pública, mas as obras já começaram. Vereador do CDS acusa presidente da Câmara de ser um “xerife de Nottingham, que quer receita e mais receita à custa de residentes e comerciantes”.

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A Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) prepara-se para dividir mais as zonas de estacionamento na maioria das freguesias de Lisboa. A EMEL consegue assim obter mais verbas, mas penalizando residentes e comerciantes, que se confessam apanhados de surpresa pela medida.

Uma das freguesias onde se prepara essa alteração é a de Alvalade, onde há actualmente oito zonas de estacionamento – vão passar a ser 18.

“Não, não tinha conhecimento. Vai-nos condicionar mais enquanto residentes. Já temos alguma dificuldade em estacionar, porque é uma zona muito movimentada por causa do mercado, dos restaurantes, etc”, diz Mónica Alves, moradora na zona.

“Já não é a primeira vez que faço uma reclamação junto da EMEL e se calhar não era mal pensado ver como fazíamos para, pelo menos, não sermos prejudicados e sermos ouvidos. É abusivo”, conclui.

Mas há mais um detalhe que deve saber: quem pede dístico de residente (que é pago) passa a ter uma zona geográfica bastante mais limitada para poder estacionar. Assim haja lugar para o fazer.

“Não, não sabia. Vai ficar mais limitada, com certeza. Espero é que as duas [zonas] que dão como opção mantenham a mesma capacidade de lugares. Mas estou a ver que é difícil. Estive lá a semana passada para tratar do dístico e ninguém me disse nada”, revela Nuno Lopes à Renascença.

Já Rui Filipe, que vive no fim da Avenida da Igreja, junto ao cruzamento com a Avenida Rio de Janeiro, não tem dúvidas: “É mais um roubo. Vão-nos aos bolsos constantemente”.

O processo está em consulta pública e pode ser visto no site da EMEL.

O instrumento político de Medina

O antigo autarca de Alvalade João Pedro Gonçalves Pereira, actual vereador do CDS-PP na Câmara de Lisboa, não poupa críticas ao presidente Fernando Medina.

“A EMEL tem de estar ao serviço dos lisboetas. Eu encaro hoje o presidente da Câmara de Lisboa como uma espécie de xerife de Nottingham, que quer receita, receita e mais receita, neste caso à custa de residentes e de comerciantes. E é isto que eu não consigo perceber: como é que alguém que diz que quer fixar e atrais pessoas em Lisboa e depois cria estas condicionantes”, afirma à Renascença.

“Dando o exemplo do Mercado de Alvalade, que é central nesta freguesia, hoje um morador vem ao mercado, estaciona o seu carro, faz as suas compras e regressa a casa e não paga estacionamento. Olhando para o mapa da EMEL o que se constata é que muitos destes moradores vão passar a pagar estacionamento. Isto é que não faz sentido absolutamente nenhum”, critica ainda.

Por tudo isto, o vereador centrista não se inibe de apontar a empresa de estacionamento como “um instrumento político do actual presidente da Câmara”.

Olhemos para o caso do Cais do Sodré. Pergunto: o ‘core’ da empresa é estacionamento. Como é que a EMEL pagou a obra do Cais do Sodré quando não há um único lugar de estacionamento? O que se percebe é que a Câmara e a EMEL precisa de ter um aspirador de receita para poder pagar as várias obras que estão a ser feitas na cidade de Lisboa e entrámos num autêntico vale-tudo, onde o desrespeito pelos moradores e pelos residentes e enorme”, conclui.

Em Julho de 2016, a assembleia municipal de Lisboa aprovou alterações ao Regulamento Geral de Estacionamento. O documento – um dos muitos aprovados nessa reunião, realizada antes das férias de Verão – prevê a implementação de Zonas de Estacionamento de Duração Limitada em toda a cidade e a extensão da actividade da EMEL a todo o concelho.

A autarquia considerou na altura que este se tratava de um documento "urgente".

Há duas semanas, a Renascença pediu explicações à Câmara de Lisboa sobre o que estava a ser preparado em termos de estacionamento, mas ainda não obteve resposta. O mesmo junto da EMEL.

No mês passado, a instalação de parquímetros na freguesia de Carnide levou a protestos da população. Mais de 200 moradores arrancaram sete parquímetros da EMEL durante a noite e queriam entrega-los à empresa, mas não foi possível.


Comentários
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  • Indignada
    15 mai, 2017 Fig Foz 10:36
    Uma democrática atitude..., própria de um regime falido e dominado pela ganância dos totalitários governantes. como as euro-esmolas diminuíram, mas não o clientelismo partidário e de amigos, têm de ir buscar o dinheiro a algum lado..., esta é uma das soluções! Vão inventar outras!
  • Maria Sousa
    03 mai, 2017 Lisboa 23:10
    Resido na freguesia de arroios não longe da rotunda do Saldanha. Pago o distico de morador desde sempre o que já acho um roubo uma vez que os prédios da zona são antigos e portanto sem garagem e pago todos os outros impostos normais para viver nesta zona. Zona essa que escolhi precisamente por ter estacionamento!! Com as obras perderam-se inúmeros lugares de estacionamento... É curioso constatar isso quando foram inaugurados vários parques públicos... Devo agora pagar para estacionar???? Alguma tarifa preferencial para os moradores???
  • Americo Candan
    03 mai, 2017 Alvalade 22:38
    Não consigo compreender essa resolução, num bairro em que o estacionamento já é selvagem e problemático, assim a unica situação que me resalta a ideia é que se calhar Vsa.Exsas. necessitam de aumentos nos vossos ordenados de dirigentes milhonários. Era bom que passassem atuar nos serviços de manutenção do sistema dado que nem as pinturas se veêm. Deve querer aumentar a confusão que já está instalada e os contribuintes a pagar mais e mais mal servidos.
  • Atento
    03 mai, 2017 Loures 18:01
    MAC, ao contrário do que afirma, existem lugares reservados a residentes em vários locais da cidade.
  • Renilda
    03 mai, 2017 Alvalade 17:19
    Moro no bairro minha rua é a que vai ao Continente raramente consigo estacionar nela acabo sempre indo a praça ou muito além para conseguir uma vaga. .e no sábado autêntico inferno. . Cade que a PM ou Emel fazem alguma coisa. . Durante a semana é os comerciantes que mandam e desmandam até pancadaria acontece para poderem estacionar apertando se uns aos outros pois riscos no chão já não existem.. Lamentável ja foi melhor tudo. . E olha que 12 euros é para quem tem um carro se na casa mais alguém tiver outro ja são 42 euros e assim vai. ..isso para andar a procura de onde podera estacionar. . Morador deveria ter lugar cativo. .
  • Jorge
    03 mai, 2017 Sintra 14:01
    Manel- Tem razão! Se não se pagar estacionamento é isso. deixo-me estar! Costuma-se dizer:" com os problemas dos outros posso eu bem"! Cada vez mais, ter um carro implica ter direitos e deveres! Não olhar só para o seu umbigo. Ser altruísta. Pensar no próximo que tem direito também a estacionar. Agora, o preço também tem que ser social e economicamente justo!
  • EMEL BANDALHOS
    03 mai, 2017 Lx 13:40
    A EMEL é um caso de polícia. nacional pela forma despudorada como age ao arrepio do bom sendo e decência. Já fiz in´meras queixas contra essa empresa e seus funcionários pagos pelos portugueses e nada acontece.Nem resposta dão a quem lhes paga o salário.Arbitrariedade mais do que muita.São uns arruaceiros e sacadores de dinheiro dos lisboetas que serve para alimentar a Cãmara de Lisboa e seus boys. UMA VERGONHA.DEVÍAMOS IR PARA A RUA JÁ...
  • Cristo
    03 mai, 2017 Lisboa 13:22
    Sinceramente não percebo as pessoas que residem no bairro de Alvalade a reclamar... Se calhar era melhor antes da Emel controlar o bairro? O bairro de Alvalade antes da implementação dos parquímetros era usado como estacionamento de todas as pessoas que trabalham na zona e de muitos que estacionavam os seus carros para apanharem o metro para outros pontos, deixando os veículos "estacionados" onde lhes apetecia, nem que fosse em cima dos passeios. Lamento não concordar com quem mora no bairro e diz que agora é mais difícil. O facto é que agora arranjo lugar com muito mais facilidade como morador. Quanto ao preço, ninguém gosta de pagar, mas como morador pagar 12 Euros por ANO acho um valor perfeitamente aceitável. Na minha opinião acho que se ganhou em ordenação no bairro de Alvalade após a implementação dos parquímetros, tornando os passeios novamente transitáveis.
  • Teresa Ricardo
    03 mai, 2017 LISBOA 13:21
    O estacionamento pago, faz sentido em zonas onde se encontram instalados serviços, comércio e principalmente serviços públicos, como por exemplo hospitais e centros de saúde, mas em zonas exclusivamente residenciais onde nem uma padaria ou mercearia existem, não ha justificação para a implementação de estacionamento pago, a não ser o de realizar receita à custa dos moradores. De facto para quem diz que está preocupado e interessado em atrair população nomeadamente jovem, para a capital, o estacionamento e proliferação de equipamentos turísticos a ocupar imóveis destinados a habitação, não parece que a ação seja coerente com o discurso. Mas no inicio de outubro todos nós temos nas nossa mãos a possibilidade de contribuir para a mudança, vão acontecer eleições autárquicas e esse é o momento para mudar, não basta protestar em comentários, está nas nossa mãos a mudança.
  • Manel
    03 mai, 2017 Lisboa 12:53
    Mas... se o estacionamento não for pago, para limitar o tempo de utilização dos lugares que são escassos, nunca haverá lugares onde estacionar!

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