03 set, 2016 - 20:03
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) considera que o cancelamento do concurso para a requalificação da Segunda Circular é uma medida "bem-vinda", pois permitirá repensar o projecto para aquele traçado da cidade de Lisboa.
"Na nossa perspectiva a interrupção é bem-vinda na medida em que pode ser uma oportunidade para repensar todo o projecto e toda a obra proposta, dado que a obra tem deficiências muito claras e muito óbvias", afirmou o presidente da ACA-M, Manuel João Ramos, em declarações à Lusa.
A associação já se tinha manifestado muito crítica do projecto para a Segunda Circular, que considerou "desastroso" por não acautelar as situações mais problemáticas.
Na opinião da ACA-M, a "Câmara deveria olhar de novo para o projecto e verificar se não há possibilidade de fazer as obras que são consideradas urgentes pelo menos desde 2007".
Alegando que "a proposta de obra que iria ser executada era uma obra sobretudo de cosmética, que não resolve os problemas essenciais, que estão identificados há já muito tempo pela própria Câmara Municipal", o responsável considerou que deviam ser repensadas questões ligadas ao pavimento, traçado e sinalização.
"Há entradas e saídas muito perigosas, há alterações de pavimento muito perigosas, pavimento inadequado muito perigoso, e sinalização que totalmente inadequada, mal colocada e invisível", enumerou.
Por se colocarem "questões prementes de segurança e de funcionalidade da via", Medina vai propor à câmara a adopção das "medidas de contingência que se revelarem necessárias, nomeadamente em áreas críticas do pavimento, na sinalização, nos mecanismos de controlo de velocidade ou no viaduto do Campo Grande".
Manuel João Ramos lembrou que "obras de urgência já tinham sido requeridas, já tinham sido aceites e aprovadas em 2007", mas na altura não avançaram porque "não havia financiamento".
"Se na altura não havia financiamento, mas agora já há parece-me que só estamos a pecar por muito tardio. Estamos a falar de obras que eram consideradas urgentes em 2007, estamos em 2016, façamos as contas, são nove anos de omissão de acção por parte do executivo camarário", criticou.
A Câmara Municipal de Lisboa anulou o concurso para a requalificação da Segunda Circular e abriu um inquérito para averiguar a existência de eventuais "conflitos de interesses" por parte de um projectista, anunciou na sexta-feira o presidente da autarquia.
Fernando Medina afirmou, em conferência de imprensa, que "estas decisões resultam de o júri do concurso ter detectado indícios de conflitos de interesses, pelo facto de o autor do projecto de pavimentos ser também fabricante e comercializador de um dos componentes utilizados" na mistura betuminosa.
Depois de muita contestação, a Câmara de Lisboa tinha avançado no início de Julho com a primeira fase das obras de requalificação da Segunda Circular, entre o troço do nó do Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS) e a Avenida de Berlim, freguesia dos Olivais.