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Centenas de jovens médicos sem vaga para especialidade no próximo ano

19 abr, 2017 - 08:02

Há 2.466 jovens médicos para se candidatarem à formação especializada no próximo ano para um número provisório de 1.719 vagas.

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Centenas de jovens médicos ficarão sem acesso a uma especialidade em 2018, uma realidade que se agrava a cada ano, estima a Ordem dos Médicos, que exige ao Governo medidas de planeamento para evitar esta situação.

Há 2.466 jovens médicos para se candidatarem à formação especializada no próximo ano para um número provisório de 1.719 vagas, uma diferença superior a 700.

Segundo o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, trata-se do maior número de sempre de vagas propostas de acordo com a capacidade de formação do país, mas que ainda assim deixará de fora algumas centenas de candidatos, além daqueles que acabam por desistir para se recandidatarem no ano seguinte.

A Ordem dos Médicos, que já entregou à Administração Central do Sistema de Saúde o mapa provisório de capacidades formativas para 2018, exige que o Governo melhore a capacidade formativa e reequacione as vagas dos cursos superiores.

“O número de médicos que podem ficar sem acesso à especialidade será maior do que o ano passado. Este ano existem mais vagas mas continuam a existir internos que podem não ter acesso à especialidade”, declara à agência Lusa o bastonário, para quem este ano o número de jovens médicos que ficará de fora deverá aumentar em relação ao ano anterior.

Mesmo que algumas dezenas de jovens acabem por desistir de se candidatar por não conseguirem nota no exame de acesso à especialidade que pretendem, repetindo-o no ano seguinte, muitos outros ficarão de fora ainda que não seja essa a sua opção.

Entre os 2.466 médicos formados e candidatos à especialidade para 2018 há 392 que são formados no estrangeiro e que têm direito a realizar a especialidade em Portugal.

“Há um excesso de estudantes de medicina. Em cada ano entram cerca de 1.800 estudantes nos cursos de medicina, quando não temos capacidade formativa para isso”, afirmou Miguel Guimarães.

Para a Ordem dos Médicos, ao longo dos anos os ministérios do Ensino Superior e da Saúde foram aumentando “de forma incompreensível” o número de vagas para acesso aos cursos de medicina, sem compreenderem o impacto dessa medida.

‘Numero clausus’ adaptado

Só entre 1995 e 2014 o ‘numerus clausus’ nos cursos de medicina aumentou 396%.

“O ‘numero clausus’ devia ser adaptado àquilo que é a real capacidade formativa das escolas médicas”, defende Miguel Guimarães, vincando que o Governo deve actuar no sentido de melhorar a formação pré-graduada, até porque os próprios directores de faculdades reconhecem que têm estudantes a mais.

Além deste problema, a Ordem sustenta que “é um imperativo nacional” investir no Serviço Nacional de Saúde (SNS), quer ao nível de recursos humanos como de equipamentos, para aumentar a capacidade de formação.

Ou seja, se o Ministério da Saúde corrigisse as deficiências existentes no SNS, melhorava a capacidade de formar especialistas, ao mesmo tempo que melhorava a qualidade dos cuidados de saúde.

“Podíamos ter em Portugal ainda mais vagas para formar internos, mais algumas centenas, desde que os serviços estivessem de facto completos: com os especialistas que deviam existir, com os serviços devidamente equipados e também com uma estrutura física necessária”, frisa o bastonário.

Comentários
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  • Vera
    19 abr, 2017 Palmela 22:43
    podiam estagiar nos hospitais e nos centros de saúde! desde que tenham um médico mais velho que se responsabilize, trabalhando em grupos! não vejo razão para não estarem colocados; fazem sempre falta mais médicos, nunca são de mais! há tanta gente doente... é um desperdício! até fazem falta, em certos casos, para serviço domiciliário. Agora com surto de sarampo, as crianças deviam de ser assistidas em casa, já havia menos contágio! e já agora falando nisso, até as escolas do ensino básico, deviam fechar por um período de tempo! depois estendiam esse tempo de aprendizagem, encurtando o primeiro mês de férias de Verão. Porque o sarampo se não for tratado com certos cuidados, pode trazer problemas muito graves, para as crianças...
  • 19 abr, 2017 lisboa 09:41
    Há dinheiro para darem aos muçulmanos, há dinheiro para darem aos refugiados, pretos, ciganos, etc. para apoiar os nossos jovens, está de chuva que emigrem, primeiro está o multiculturismo idealizado pelo Plano Kalergi.
  • Teresa
    19 abr, 2017 lisboa 09:11
    Às 2ªf, 4ªf e 6ªf os médicos estão em bournout. Ás 3ªf, 5ªf e sáb. dizem que se formam em nº excessivo.

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