18 abr, 2017 - 11:05 • Rui Barros
A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou, esta terça-feira, que vai avançar com um pedido de eleições gerais antecipadas para o dia 8 de Junho. May justifica esta decisão com a necessidade que o país tem de "uma liderança forte" para as negociações com a União Europeia.
Numa comunicação feita à porta do número 10 de Downing Street, Theresa May justificou a sua decisão com a necessidade de haver unidade em Westminster. "Uma divisão em Westminster põe em risco a nossa capacidade de fazer do Brexit um êxito, podendo danificar e provocar incerteza e instabilidade no país. Precisamos de eleições gerais agora", justificou a primeira-ministra conservadora.
"O país está a ficar mais forte, mas Westminster não", disse a chefe do governo de Londres, numa alusão às fortes divisões que se fazem sentir no parlamento e que, no seu ponto de vista, ameaçam o sucesso da saída do país da União Europeia.
"Foi com relutância que decidi convocar estas eleições, mas é com convicção que digo que é necessário manter uma liderança forte e estável", sublinhou. "Amanhã deixaremos que a Câmara dos Comuns vote a realização de eleições e que todos façam propostas para o Brexit e dêem a conhecer os seus programas de governo", acrescentou ainda a ainda primeira-ministra britânica, numa conferência de imprensa em frente à residência oficial do primeiro-ministro.
A primeira-ministra entende que deu estabilidade ao país, mas chegou agora o momento de convocar eleições e "deixar as pessoas falar". A actual primeira-ministra defende ser preciso uma liderança "estável e forte" para o período de negociações que se segue à activação do Artigo 50 e que iniciou oficialmente o processo do Brexit.
"Tenho um simples desafio aos partidos da oposição. Criticaram a visão do governo para o Brexit, desafiaram os nossos objectivos, ameaçaram bloquear a legislação que apresentamos no parlamento... Este é o momento em que poderão dizer que estão a falar a sério e que não tratam a política como um jogo", sustentou.
Esta é a primeira vez que o executivo de Downing Street fala em eleições antecipadas. Segundo o "Financial Times", a primeira-ministra terá sido aconselhada a avançar para eleições antecipadas num momento em que os conservadores estão à frente nas sondagens e que May goza de popularidade entre os eleitores britânicos.
"Será uma escolha entre uma liderança forte e estável, comigo como vossa primeira-ministra, ou poderemos ter uma coligação governamental instável, liderada por Jeremy Corbyn, que quer reabrir as divisões do referendo", antecipou a líder conservadora.
A mais recente sondagem feita pelo site YouGov mostra o Partido Conservador a liderar as preferências dos eleitores, com 42% das intenções de voto.
May pede, Corbyn diz que sim
Para poder convocar eleições antecipadas, a primeira-ministra precisa do voto favorável de dois terços dos deputados. Votos já garantidos pelo líder do principal partido da oposição, Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista,que já saudou a decisão.
"Saúdo a decisão da primeira ministra por ter dado ao povo Britânico a chance de votar para formar um governo que coloque os interesses a maioria em primeiro lugar", disse o líder da oposição, citado pelo diário "The Guardian". O partido trabalhista tem 229 deputados, que somados aos 330 deputados dos Tories (Conservadores), perfaz a a maioria que May precisa para conseguir convocar eleições, num país onde é o parlamento que toma esta decisão.
Também Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa que recentemente apresentou um pedido de referendo à independência da Escócia, já comentou a decisão de May através da rede social Twitter, dizendo que "os Tories vêem aqui uma chance de mover o Reino Unido para a direita, forçar um hard brexit e impor mais cortes".