Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

MP vai constituir arguido comandante dos Comandos no caso da morte de recrutas

23 mar, 2017 - 13:33

Além do capitão Rui Monteiro, também o tenente-coronel Mário Maia, director do curso, será interrogado na segunda-feira, recaindo sobre este último uma queixa por insubordinação/desobediência, por não acatar ordens do general Faria Menezes, comandante das Forças Terrestres, que mandara suspender a recruta.

A+ / A-

O comandante da companhia de formação de Comandos em que morreram os recrutas Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva vai ser interrogado e constituído arguido na segunda-feira pelo Ministério Público, confirmou à agência Lusa fonte ligada à investigação.

Segundo a mesma fonte, além do capitão Rui Monteiro, também o tenente-coronel Mário Maia, director do curso e destacado em missão em Angola, será interrogado na segunda-feira, recaindo sobre este último uma queixa por insubordinação/desobediência, por não acatar ordens do general Faria Menezes, comandante das Forças Terrestres, que mandara suspender a recruta.

A fonte contactada pela Lusa referiu que Mário Maia foi detido no início do inquérito, mas acabou por não ser constituído arguido. O caso que agora enfrenta prende-se com a queixa por desobediência apresentada pelo general.

A intenção de constituir como arguido o capitão Rui Monteiro resulta do facto do comandante da companhia de formação dos Comandos ter responsabilidades de supervisão do curso e "aparentemente nada ter feito", explicou a fonte.

A investigação relacionada com a morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva conta, até ao momento, com nove arguidos, devendo esse número subir após o interrogatório de segunda-feira e no decurso das diligências até conclusão do inquérito, que deverá terminar antes das férias judiciais de verão.

O Ministério Público tenciona ainda inquirir os assistentes, designadamente os pais de Hugo Abreu, que vivem em França e que só terão possibilidades de se deslocarem a Portugal em maio.

Os interrogatórios de Rui Monteiro e Mário Maia vão decorrer na segunda-feira à tarde, nas instalações do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

As notificações do MP para interrogatório foram feitas através da Polícia Judiciária Militar, com conhecimento do Estado-Maior do Exército.

A informação de que o capitão Rui Monteiro ia ser constituído arguido no inquérito do MP foi avançada pelo Observador e pelo Público, que adiantam que o comandante é suspeito da prática do crime de abuso de autoridade por ofensas à integridade física.

Dois militares morreram na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 4 de Setembro, e vários outros receberam assistência hospitalar.

Na altura, o MP emitiu mandados de detenção a sete militares, cinco oficiais e dois sargentos, no âmbito do inquérito às circunstâncias do treino.

Segundo o Ministério Público, num despacho a que Lusa teve então acesso, a natureza dos crimes e a actuação dos suspeitos revelam “personalidades deformadas, (…) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana”.

Para o MP, os envolvidos tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.

No entender do MP, “a actuação reiterada dos suspeitos” revela um “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis”.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Jorge Saraiva
    23 mar, 2017 Mirandela 14:45
    Se revelam " Personalidades deformadas-------------------" como o texto diz não devem sequer ter hipótese de dar formação. Se não revelam qualquer tipo de respeito pelos outros militares ou pela vida humana, não podem ser bons profissionais e estão a mais no Exercito Português.

Destaques V+