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António Costa diz que "estranho seria vir a Roma e não ver o Papa"

24 mar, 2017 - 19:22 • com Lusa

"Ninguém pode nem deve ignorar, em primeiro lugar, que o Santo Padre é também chefe de Estado da Santa Sé e, em segundo lugar, que a religião católica tem uma presença importante na nossa vida colectiva", declarou o primeiro-ministro no Vaticano.

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O primeiro-ministro considerou natural que os líderes europeus sejam hoje recebidos em audiência no Vaticano, na véspera das celebrações dos 60 anos dos Tratados de Roma, comentando que "estranho seria vir a Roma e não ver o Papa".

Em declarações aos jornalistas antes de participar numa audiência do Papa Francisco com os 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia que se deslocaram à capital italiana para o 60.º aniversário dos Tratados de Roma (o Reino Unido não está presente), António Costa observou que o tratado fundador do que é hoje a UE "não reivindica nenhuma herança religiosa em particular e respeita um valor essencial da laicidade", mas considera perfeitamente normal a cerimónia no Vaticano.

"Ninguém pode nem deve ignorar, em primeiro lugar, que o Santo Padre é também chefe de Estado da Santa Sé e, em segundo lugar, que a religião católica tem uma representação importante, uma presença importante na nossa vida coletiva", declarou.

Segundo António Costa, "a laicidade não é a ignorância das religiões existentes, é a tolerância relativamente a todos, o respeito relativamente a todas e a liberdade relativamente a todas".

"Estranho seria vir a Roma e não ver o Papa", concluiu o chefe de Governo.

Costa insiste que prioridade deve ser completar união económica e monetária

O primeiro-ministro reiterou esta sexta-feira em Roma que a grande prioridade da União Europeia deve ser completar a União Económica e Monetária, objectivo que estará inscrito na Declaração de Roma a ser adoptada no sábado pelos líderes europeus.

"É justo celebrar o que foi alcançado ao longo destes 60 anos, mas é sobretudo importante poder olhar para o futuro com ambição", declarou António Costa aos jornalistas na capital italiana, na véspera de uma cimeira - já só a 27 (sem Reino Unido) - de celebração dos 60 anos dos Tratados de Roma, fundadores da actual União Europeia (UE) mas também de adopção de uma declaração sobre o caminho que o projecto europeu deve prosseguir.

E a ambição, disse, "deve começar por assentar em reforçar e consolidar aquilo que já foi alcançado, desde logo concluir a União Económica e Monetária (UEM), de forma a estabilizar a zona euro".

Para o chefe do Governo português, é preciso "reforçar a Europa na área da segurança, na área da defesa, na área da investigação e desenvolvimento, na área da inovação, na área do combate à pobreza, na criação de emprego, no crescimento económico, mas para isso precisamos de ter uma zona euro sólida, e uma zona euro sólida implica concluir a UEM, acabar de fazer aquilo que ainda está por fazer", argumentou.

"Se há lição que também devemos retirar destes 60 anos é que sempre que fizemos fugas para a frente e quisemos dar passos maiores do que a perna ou construir novos edifícios sem consolidar primeiro as fundações, as coisas não correram bem. E por isso há que tirar as boas lições, celebrar o resultado global - que é indiscutivelmente de celebrar, porque são 60 anos de paz, de prosperidade, de maior coesão social, de maior progresso -, aprender com as lições e avançarmos com bases sólidas, e não há bases sólidas se não tivermos uma união económica e monetária devidamente completada e solidificada", reforçou.

Costa referiu que "Portugal fez um conjunto de propostas [para a Declaração de Roma] que felizmente foram todas acolhidas, sublinhando a importância da convergência económica, sublinhado a necessidade de completar a UEM, sublinhando a importância de dar prioridade à criação de emprego, a igualdade de direitos, designadamente entre homens e mulheres".

"Portanto, os pontos que tínhamos a colocar estão lá. Esperamos que haja um consenso que nos permita avançarmos com base nesta declaração", concluiu.

Os líderes europeus celebram no sábado o 60.º aniversário dos Tratados de Roma, fundadores da União Europeia, numa cerimónia na capital italiana e na qual os 27 adoptarão uma declaração sobre o futuro da Europa.

A celebração ocorre num contexto particularmente difícil para a UE, que se prepara para, pela primeira vez, perder um Estado-membro, o Reino Unido, tendo lugar quatro dias antes de Londres enviar para Bruxelas a notificação de activação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que desencadeará as negociações para a concretização do Brexit, um dos maiores reveses da história da União.

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