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Temer garante qualidade da carne brasileira

20 mar, 2017 - 00:04

Chefe de Estado tenta minimizar os estragos após uma operação policial ter desmantelado uma rede que adulterava carne para o estrangeiro.

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Brasil. Desmantelada organização criminosa que vendia carne adulterada
Brasil. Desmantelada organização criminosa que vendia carne adulterada

O Presidente do Brasil, Michel Temer, garante que a carne brasileira é segura e que a organização que adulterava estes produtos já foi desmantelada e que se tratou de um caso "pontual".

Michel Temer recebeu este domingo, numa reunião de emergência, cerca de 20 embaixadores de países que figuram entre os 150 importadores de carnes brasileiras, para responder a dúvidas suscitadas pelo caso que envolve uma organização criminosa que adulterava esses produtos, tanto para o mercado local, como externo.

Durante o encontro, que decorreu no palácio presidencial do Planalto, em Brasília, o Presidente brasileiro garantiu que as investigações permitiram desmantelar um "pequeno" grupo e sublinhou os rigorosos controlos aplicados a carnes brasileiras, "que foram reconhecidos por todos os importadores".

Temer precisou que, de 4.837 empresas do sector da carne, apenas 21 estão sob suspeita e que cerca de 30 dos mais de 10 mil funcionários de fiscalização sanitária do país estão implicados no escândalo, conhecido na sexta-feira.

"O objecto da investigação não é o sistema de vigilância sanitária brasileira, mas apenas alguns desvios de conduta de uns quantos funcionários e de umas quantas empresas", destacou.

"Para tranquilizar os amigos", Temer referiu que no ano passado saíram do Brasil para exportação 853 mil remessas de carne e apenas 184 "tiveram problemas, mas devido aos rótulos ou assuntos menores, mas em nenhum caso devido à sua qualidade".

Temer disse que as instalações de todas as empresas de carne que existem no país "estão abertas para inspecções ou visitas dos países importadores" e convidou os embaixadores a jantar ainda hoje num conhecido restaurante de carnes de Brasília.

O Chefe de Estado brasileiro acrescentou, além disso, que desde o momento em que o escândalo foi conhecido, todos os controlos sanitários foram reforçados e aumentaram-se as inspecções a empresas, incluindo durante o fim-de-semana.

Na reunião participaram representantes de oito ministérios, da polícia federal, responsável pelas investigações, e das câmaras empresariais do sector agrícola e alimentar, que é um dos motores da economia do país.

Maior exportador de carne bovina e de frango

O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e o quarto no segmento de carne de porco, com as vendas externas destes três sectores a representar no ano passado 7,2% desse comércio, na ordem dos 11,6 milhões de dólares (cerca de 3,5 milhões de euros).

O maior receio do Governo brasileiro é que haja sanções contra as carnes brasileiras, numa altura em que a economia do país dá pequenos sinais de recuperação, após dois anos de uma severa recessão.

De acordo com a polícia federal, funcionários públicos eram subornados por directores de empresas para darem aval a carnes com prazos de validade já ultrapassados, mas adulteradas.

Entre as práticas, foi comprovado o uso de químicos para melhorar o aspecto das carnes, a falsificação de etiquetas com a data de validade ou a inclusão de alimentos não adequados para consumo na elaboração de enchidos.

No âmbito deste processo, intitulado "Carne Fraca", aproximadamente 1.100 agentes federais cumpriram 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva (sem tempo para a libertação do acusado), 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva (quando o acusado é preso e obrigado a depor para depois ser libertado) e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas alegadamente ligadas ao suposto grupo criminoso.

Um dos visados, o responsável de relações internacionais e governamentais da Brasil Foods (BRF) -- uma das empresas sob investigação -, Roney Nogueira dos Santos, foi detido no sábado, no aeroporto de Guarulhos, São Paulo, depois de se entregar às autoridades, quando chegou de uma viagem ao exterior, noticiou a Agência Brasil.

Outros 21 estabelecimentos estão sob investigação e o Ministério da Agricultura afastou 33 funcionários por envolvimento no esquema.

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