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​“Crime satânico” de Ílhavo. Duplo homicida vai sair mais cedo da cadeia

02 mar, 2017 - 12:44 • Júlio Almeida

Crime chocou o país, em 1999. Bom comportamento, empenho na formação e apoio familiar contribuíram para liberdade condicional de Tó Jó.

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António Jorge Machado, condenado em Agosto de 2001 pelo homicídio dos pais, em Ílhavo, vai sair em liberdade condicional a 7 de Março.

Desde 2012 que o Tribunal de Execução de Penas (TEP) de Coimbra recusava os requerimentos apresentados por Tó Jó, como era conhecido.

Cerca de um ano depois da última tentativa, a 22 de Fevereiro deste ano, por renovação da instância, foi entendido que estavam reunidos os pressupostos necessários para a libertação do condenado. Tanto o Conselho Técnico do Estabelecimento Prisional de Coimbra como o Ministério Público deram pareceres favoráveis.

Para isso contribuíram, entre outros critérios, a ausência de problemas disciplinares na cadeia e o cumprimento adequado de medidas de flexibilização da pena, nomeadamente saídas precárias, mas também o empenho na formação, incluindo frequência de ensino superior nas áreas da contabilidade, marketing e negócios internacionais, e o facto de possuir apoio de uma tia quando sair.

Foi na residência desta familiar que o TEP fixou o local de residência, de onde António Jorge Machado não poderá ausentar-se mais de cinco dias sem autorização.

Condenado pelas mortes, a golpes de faca, do pai, um médico, e da mãe, que surpreendeu durante a noite na casa destes, em Vale de Ílhavo, António Jorge Machado está privado de liberdade desde Agosto de 1999. Tinha 23 anos quando foi detido pela Polícia Judiciária de Aveiro.

Actualmente com 40 anos, o antigo vocalista da banda de death metal Agonizing Terror passou os últimos 17 anos em reclusão, atingindo em Abril de 2016 dois terços da pena que deveria terminar em Agosto de 2024.

Alegado culto satânico não foi provado

Sara, ex-esposa de Tó Jó, e Nuno Lima, amigo, também arguidos no processo, foram absolvidos das acusações – respectivamente autoria moral e autoria material de homicídio - por falta de provas no envolvimento nas mortes do médico e esposa.

O colectivo deu como provado que os crimes foram cometidos apenas por um motivo "fútil", o interesse económico (Tó Jó seria beneficiário do seguro dos pais) e não por outros qualificativos alegados pela acusação com base na tese da PJ, concretamente o quadro de "liturgia" de grupo, relacionado com a apologia da morte e cultos de Satanás.

A ocorrência dos crimes na altura do eclipse solar terá sido, assim, uma coincidência.

Comentários
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  • silva
    02 mar, 2017 coimbra 14:53
    o crime compensa , ou outros é que já estão mortos...coitados!!!!
  • A. Bulle
    02 mar, 2017 Sintra 14:06
    Os pais sofreram e muito, com as facadas e com situação de quem estava a cometer tão horroroso acto. É menos um preso, para alimentar e menos um a contar na listagem dos individuos privados de liberdade. Já Platão questionava a "Justiça" nos seus "Diálogos". Desejemos, tão somente, não estarmos na sua alçada.
  • tuga
    02 mar, 2017 lisboa 13:26
    Naquilo a que chamam ministério da justiça o governo para dar graça colocou lá angolana para dar visibilidade de sermos multirraciais e multiculturais, mas seria melhor haver um ministério da justiça a sério!!! esta acção e outras em que o crime não tem as consequências que deveria ter sucedem-se e envergonha-nos a todos nós!!!

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