25 fev, 2017 - 14:49
A visita do primeiro-ministro português a Angola pode estar em risco, segundo fontes citadas pela edição deste sábado do jornal “Expresso”.
Depois de o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, ter sido acusado de corrupção em Portugal não haverá condições políticas para receber António Costa em Luanda.
De acordo com o “Expresso”, o executivo de Angola considera que a acusação contra Manuel Vicente é um “sério ataque”.
O governo do Presidente José Eduardo dos Santos pode até estar a analisar a possibilidade de tomar uma posição dura em relação a Portugal, nomeadamente a aplicação de sanções.
A visita do primeiro-ministro português a Angola estava prevista acontecer esta Primavera, mas pode ser cancelada, como aconteceu esta semana com a deslocação da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.
O Governo angolano classifica como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola e alerta que essa acusação ameaça as relações bilaterais.
A posição foi divulgada, sexta-feira, numa nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola, protestando veementemente contra as referidas acusações, “cujo aproveitamento tem sido feito por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados”.
António Costa já respondeu a estas críticas angolanas. À margem de uma visita ao Porto, o primeiro-ministro limitou-se a recordar a separação de poderes que existe em Portugal e manifestou a sua esperança de que as relações entre Lisboa e Luanda não sofram qualquer alteração negativa.
O Ministério Público português acusou o ex-presidente da Sonangol e actual vice-presidente angolano Manuel Vicente no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.
O procurador Orlando Figueira, o advogado Paulo Blanco e o arguido Armindo Pires também estão acusados.
Manuel Vicente, à data dos factos presidente da Sonangol e actualmente vice-presidente de Angola, é acusado de corrupção activa (em co-autoria com os arguidos Paulo Blanco e Armindo Pires), de branqueamento de capitais (em co-autoria com os restantes arguidos) e falsificação de documento (em co-autoria com os restantes arguidos).