13 fev, 2017 - 19:20
Quando o padre Chuong Hoai Nguyen soube da ordem executiva de Donald Trump a congelar a entrada no país de refugiados e de imigrantes de sete países, o seu coração “congelou”.
Numa carta dirigida ao Presidente, o sacerdote, que nasceu no Vietname e fugiu para a América quando os comunistas conquistaram o país, diz que também ele é um refugiado e oferece-se para abdicar da sua cidadania americana e oferecê-la a um sírio.
“Sou americano e há 42 anos, desde que me deram asilo neste grande país, que engrandeço a América à minha maneira”, escreve. “Mas agora gostaria de abdicar da minha cidadania americana, pedindo-lhe que a conceda a um refugiado sírio”.
“Não duvido que, como todos os refugiados, eles não vão desperdiçar este dom de vida. Acredito que também eles ‘tornarão a América grande’, juntamente com os filhos e netos do senhor Presidente”, diz.
Na sua carta, o sacerdote fala ainda da viagem de fuga do Vietname no fim da guerra civil. Os seus pais meteram-no a ele e aos seus irmãos num barco sem tripulação que acabou por chegar são e salvo às Filipinas, mas centenas de milhares de outros afogaram-se pelo caminho. “Tornar-se refugiado é uma decisão que se toma quando não existem outras alternativas”, escreve Nguyen.
Depois de chegar aos Estados Unidos Chuong Hoai Nguyen acabou por se tornar padre salesiano e actualmente dirige um centro juvenil para a comunidade católica vietnamita em Los Angeles. Contudo, Nguyen informa o Presidente Trump que já pediu aos seus superiores que o autorizem a viajar como missionário para um dos sete países incluídos no decreto de 27 de Janeiro, data que, como sublinha o padre, coincide com o Ano Novo vietnamita.
A ordem executiva foi entretanto bloqueada pelos tribunais, mas o Presidente mantém a intenção de a ver implementada e recorreu.
A carta do padre Nguyen foi colocada online no site da revista "Commonwheal", onde pode ser lida na íntegra.