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​“Rock da Liberdade”. Quando Rui Veloso ajudou Soares a ganhar as Presidenciais

09 jan, 2017 - 23:34 • José Carlos Silva

O tema “Rock da Liberdade” foi hino de campanha de Mário Soares nas presidenciais de 1986. Ficou no ouvido até de amigos de Rui Veloso que apoiavam Freitas do Amaral e junto de muitos outros que levaram o single a disco de prata.

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Rui Veloso foi ao baú das memórias recuperar o “Rock da Liberdade”, o tema que serviu de hino de campanha de Mário Soares nas disputadas eleições Presidenciais de 1986.

Em entrevista à Renascença, o cantor e guitarrista, considerado o “pai do rock” português, recorda o processo de composição, o impacto que a música teve naquela corrida eleitoral e o abraço que trocou com Mário Soares num concerto no Coliseu dos Recreios.

“Rock da Liberdade” ficou no ouvido até de amigos de Rui Veloso que estavam do outro lado da barricada a apoiar Freitas do Amaral e junto de muitos outros que levaram o single a disco de prata.

Como surgiu a ideia de compor um hino de campanha?

Lembro-me que me propuseram isso. Estava a viver em Cascais e aquilo funcionou como um gatilho para eu perceber a importância de uma música numa campanha. Salvo erro, foi tudo gravado por mim, em minha casa, com uma bateria tipo caixa de ritmos, e o resto dos instrumentos tocados por mim. Gostei muito do tema. Tinha amigos meus que eram apoiantes do Professor Freitas do Amaral que me diziam: ‘Eu não percebo isto. Não sei o que é que tu fazes, nós, que somos contra Mário Soares, damos por nós a cantar o tema no duche’.

Falou com Mário Soares sobre a canção?

Falei muitas vezes com o Dr. Mário Soares. Já não me lembro do que disse. É natural que na altura tenhamos trocado impressões, até num comício ou outro em que eu fui e em que toda a gente cantou a música e, provavelmente, Mário Soares comentou a música. Do que me lembro, aquilo foi um sucesso nacional.

A frase de abertura é emblemática…

…“Ai que bom nós podermos discordar”. Isso foi feito pelo António-Pedro Vasconcelos, com algumas correcções que depois fizemos. Tem muito a ver com a luta dele de poder discordar em liberdade, poder ter outra opinião. Teria sido a coisa mais importante da vida dele.

A sua música deu uma ajuda naquelas eleições disputadíssimas?

Eu acho que sim, porque vi e já me disseram muitas vezes que a música tinha tido bastante importância na campanha, que tinha unido muita gente à volta da campanha. Mas não fui eu que disse isso, mas acho que hoje em dia, com a devida perspectiva histórica, 30 anos depois, acho que sim, provavelmente até pode ter tido alguma importância.

Algum momento que recorda com Mário Soares?

Lembro-me muito bem daquele Coliseu que eu fiz em Lisboa nesse ano, em que acabei completamente suado e, de repente, pegaram em mim, estava o Mário Soares no camarote presidencial, e eu fui a correr gelado pelos corredores do Coliseu para chegar ainda com o pessoal todo de pé ao camarote e darmos um abraço que ficou registado para a história. Para a minha história, pelo menos.

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