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Papa diz que a reforma da Cúria vai continuar, apesar das "resistências malévolas"

22 dez, 2016 - 12:13 • Aura Miguel

"Na Igreja, devemos ter medo das manchas e não das rugas”, disse Francisco numa mensagem aos cardeais que trabalham na Santa Sé.

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Papa confronta a Cúria. “Na Igreja, devemos ter medo das manchas e não das rugas”
Papa confronta a Cúria. “Na Igreja, devemos ter medo das manchas e não das rugas”

O Papa Francisco aproveitou esta quinta-feira as tradicionais saudações natalícias aos cardeais que trabalham na Santa Sé para abordar a reforma da Cúria e os vários tipos de resistências que têm vindo a surgir no seio da própria Igreja.

“Caros irmãos, na Igreja, devemos ter medo das manchas e não das rugas”, declarou Francisco, perante os seus conselheiros. Mais importante do que disfarçar as rugas e sinais de velhice, é preciso renovar por dentro e purificar, defendeu.

Referindo as “resistências” com as quais se tem deparado, o Papa distinguiu as várias formas de fazer oposição: “Resistências abertas, que nascem da boa vontade e do diálogo sincero; resistências escondidas, que nascem de corações medrosos e empedernidos, alimentados pelas palavras vazias do ‘leopardismo’ espiritual que diz querer mudar por palavras, mas deseja que fique tudo na mesma."

Tecendo duras críticas, o Papa falou ainda nas “resistências malévolas que crescem nas mentes distorcidas e apresentam-se quando o demónio inspira intenções más – às vezes com pele de cordeiro”.

“Este último tipo de resistência esconde-se atrás de palavras justificadoras e, tantas vezes, acusadoras, refugiando-se na tradição, nas aparências, nas formalidades, no que é conhecido, ou então em querer tornar tudo numa questão pessoal, sem distinguir o acto, o actor e a acção”, afirmou.

“A reforma não tem um fim estético, para tornar a Cúria mais bela; nem pode ser entendida como uma espécie de ‘lifting’, de maquilhagem ou pintura para embelezar o velho corpo da Cúria”, rematou. “Nem sequer é uma operação de cirurgia plástica para tirar as rugas.”

A reforma da Cúria Romana é um grande objectivo do Papa Francisco. Desde o início da sua eleição que Francisco explica que esta reforma deve ser profunda e agilizar a Cúria, mas o corpo da Igreja é pesado e a mudança não é fácil.

No seu longo discurso, o Papa enuncia um conjunto de condições e critérios que devem guiar a reforma da Cúria vaticana. Entre outras coisas, diz que, para não enferrujarem nem caírem na rotina do funcionalismo, é essencial a formação permanente. Francisco considera um cancro a prática comum de “promover para afastar”, utilizando a expressão em latim: “Promoveatur ut amoveatur”.

No final, e à margem do discurso, o Santo Padre recordou que no encontro de Natal com os cardeais de 2014 enunciou as 15 doenças da Cúria e em 2015 propôs os remédios para essas doenças. Agora, diz que se inspirou no livro do padre jesuíta Claudio Acquaviva, de 1635, com o título “Expedientes para curar as doenças da alma”. Francisco ofereceu esta quinta-feira, a cada um dos cardeais, uma edição actualizada desta obra.

Comentários
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  • António Rebelo
    22 dez, 2016 Castelo Branco 15:03
    PAPA FRANCISCO. UM SANTO E FELIZ NATAL PARA SI.E PARA A SUA FAMILIA.SAUDE PAPA FRANCISCO
  • Albertino Rodrigues
    22 dez, 2016 Lisboa 14:03
    Este Homem não existe! Ou melhor... existe porque Deus o escolheu, ungiu e enviou até nós. Com os seus 80 anos só nos tem mostrado um rosto de Deus que mais não é que Evangelho vivo. No meio de tanta gente, sobretudo ditos "crentes Católicos" - a começar por alguma Hierarquia que se movem para destituir aquele que Deus consagrou para nos guiar, Este Francisco não para nos seus propósitos de nos levar a ser mais Ecclesia, mais Evangelho, mais conformes ao Amor infinito de Deus. Bem me lembro do que aconteceu no séc. XIII com um outro Francisco que até chegou a ser atirado para as masmorras de S. João de Latrão, mas que Deus escolhera para "restaurar a Igreja que ameaçava ruir". Obrigado Santo Padre e diariamente unido e Si e em comunhão celebro a Eucaristia, o mistério do Deus Amor que se torna sempre presente para nós. Deus o abençoe Papa Francisco. Albertino OFM

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