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UE admite que falhou em Alepo

16 dez, 2016 - 13:50

​Semana marcada pela reunião do Conselho Europeu em Bruxelas e o reconhecimento de Donald Tusk: a Europa falhou na abordagem à tragédia em Alepo. Falamos também da dívida grega, um assunto que - certamente - vai regressar em força durante o próximo ano.

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Visto de Bruxelas (16/12/2016)

Foi uma semana marcada pela última cimeira do ano. Um encontro com uma agenda carregada. A começar pela situação dramática na Síria, em particular na cidade de Alepo. Os líderes europeus reconhecem essa incapacidade, impotência, perante o drama de Alepo, e à intervenção do regime sírio e dos seus aliados, como se percebe pelas palavras do presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, no final do encontro: “Face à brutalidade do regime sírio e dos seus apoiantes, nomeadamente a Rússia e o Irão, não fomos tão efectivos como gostaríamos de ter sido, mas não somos indiferentes ao sofrimento do povo sírio. Vamos pressionar outros actores globais que estão presentes na Síria através de todos os canais diplomáticos disponíveis. O objectivo é claro: a abertura imediata de corredores humanitários para permitir a ajuda em Alepo, e para os civis serem evacuados de forma segura, neutra e sob supervisão internacional”.

No mesmo sentido, o Primeiro-ministro António Costa reconhece que a evolução da situação na Síria está longe do que pretende a comunidade internacional.

A União Europeia está em contactos diplomáticos para tentar resolver a situação humanitária e pede a abertura de corredores humanitários seguros para retirar a população da cidade. Presente neste encontro com os líderes europeus aqui em Bruxelas esteve também presidente da câmara de Alepo. Hagi Hasan deixou um apelo dramático à comunidade internacional para que ajude a salvar a população civil da cidade: “Precisamos da mobilização da comunidade internacional. O que pedimos não é a melhor solução mas a menos má. Dezenas de massacres têm sido perpetrados todos os dias. É uma situação trágica que nem podemos descrever”.

Neste encontro, os líderes também discutiram a crise migratória, que está aliás relacionada com o conflito na Síria. Os 28 prometem aproximar posições nos próximos meses. Aqui pretende-se que cada país assuma a sua parte no acolhimento de refugiados.

Também foram dados passos no sentido de maior integração na área da defesa e da segurança da União Europeia. Mas para além destes passos em novas frentes, António Costa sublinha que ainda há trabalho a fazer para completar a união económica e monetária.

Depois da cimeira a 28 ter acabado, houve um breve encontro a 27 para reafirmar que a União Europeia está preparada para começar a negociar a saída do Reino Unido assim que Londres desencadear o processo de separação.

Prémio Sakharov 2016 atribuído pelo Parlamento Europeu

Numa cerimónia comovente no Parlamento Europeu, Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar receberam do presidente da instituição o Prémio Sakharov 2016 para Liberdade de Pensamento. São duas activistas yazidis, duas jovens sobreviventes da escravatura sexual do autoproclamado Estado Islâmico e defensoras da comunidade yazidi no Iraque. No discurso perante, as duas activistas pediram protecção para a comunidade yazidi.

Refugiados: a proposta grega

Relacionada com o conflito na Síria, está necessariamente a crise migratória que tem trazido uma incontável vaga de refugiados até solo europeu. Os líderes dos 28 debruçaram-se sobre eventuais caminhos para que cada um assuma a sua parte no acolhimento dos deslocados. E de Atenas surge uma posição controversa. Numa Europa tão dominada pela ameaça das sanções, Alexis Tsipras vem defender exactamente essa solução (a das sanções) para os países que recusem acolher refugiados...

Pacote grego irrita Dijsselbloem

Ainda no plano da Grécia, outro tópico a marcar esta semana: o governo de Atenas aprovou um pacote financeiro de mais de 600 milhões de euros para apoiar pensionistas e crianças desfavorecidas. O presidente do Eurogrupo veio de imediato ameaçar com um travão a fundo no alívio de parte da dívida grega. Mas, ao que parece, os ministros das finanças do Euro parecem não estar de acordo com esta linha mais rigorosa defendida por Jeroen Dijsselbloem. De resto, Michel Sapin - o ministro das finanças francês - garantiu que o acordo entre o Eurogrupo e a Grécia é para cumprir e que os gregos merecem ser tratados com dignidade.

União Europeia: os desafios de 2017

A jornalista Teresa Almeida convidou Paulo Rangel para este exercício e perguntou ao eurodeputado social-democrata quais são, afinal, as grandes questões que a Europa terá de enfrentar ao longo do próximo ano. “A única certeza que temos para 2017 é a imprevisibilidade”, afirma o eurodeputado social-democrata. Entre os problemas à vista, está o sector financeiro. Paulo Rangel antecipa efeitos de contágio da crise na banca italiana aos outros países do sul da Europa.

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