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Notícia Renascença

Caixa negra retida na Alfândega "emperra" investigação a acidente nos Açores

16 dez, 2016 - 15:45

À Renascença, o director do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves fala num caso insólito, que coloca a investigação em causa.

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É um caso insólito. A investigação ao acidente com um avião da Qatar Airways, nos Açores, não pode avançar porque a caixa negra está retida na Alfândega.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) pediu à transportadora a caixa negra do aparelho para concluir a investigação à aterragem de emergência ocorrida a 4 de Dezembro, na Base das Lajes.

Em declarações à Renascença, o director do GPIAA, Álvaro Neves, revela que ainda não conseguiu perceber quando terá acesso ao equipamento.

“Ainda não conseguimos levantar a caixa negra porque há uma série de burocracia que, provavelmente, o transportador e a própria autoridade de Alfândega desconhecem qual é a missão específica da autoridade de investigação e consideram que aquilo é mercadoria transaccionável. Se assim for, há aqui uma série de trâmites que estão implícitos, como impostos, taxas e uma série de coisas que estão a dificultar o processo", diz.

Álvaro Neves explica que o acesso aos registos da caixa negra “faz parte do processo de investigação e da responsabilidade de Portugal como país onde aconteceu o acidente”.

“Foi um acidente e não um incidente, e temos que ter acesso aos dados de voz para percebermos o que se passou com a tripulação no 'cockpit'. A caixa foi solicitada ao operador, que rapidamente nos enviou através de uma transportadora aérea, e desde segunda-feira que estamos sem perceber como iremos proceder para poder ter acesso ao equipamento para, no laboratório, podermos descarregar a informação”, sublinha o director do GPIAA.

Questionado se o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves vai ter que pagar para levantar a caixa, Álvaro Neves diz que, “honestamente”, não sabe responder se “o GPIAA vai ter que desembolsar dinheiro para taxas e impostos para ter acesso ao equipamento”.

“Estou a aguarda resposta do transportador para me informa sobre os trâmites, porque desconheço se aquele tipo de transacção, que não é uma transacção, é tributada”, refere Álvaro Neves.

A demora está a criar outros problemas uma vez que o avião da Qatar Airways está parado porque não pode voar sem a caixa negra. "Alguém vai ter que ser responsável para responder ao atraso", sublinha.

O caso remonta a 4 de Dezembro. Um Boeing da Qatar Airways fazia a ligação entre o aeroporto de Washington/Dulles, nos Estados Unidos, e Doha, no Qatar, mas teve que aterrar no aeroporto das Lajes, ilha Terceira.

Três passageiros tiveram de ser assistidos no Hospital de Santo Espírito.

Comentários
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  • Fausto
    17 dez, 2016 Portugal colónia de Bruxelas 10:38
    Sr. Presunça. O avião está no Qatar e o Gpiaa pediu o envio da caixa. Não é difícil de perceber
  • Carlos Presunça
    17 dez, 2016 Ponta Delgada 02:07
    Mas, quem tirou a caixa negra? para onde foi e onde está neste momento? Ora, se o avião ainda está nas Lages, e se foi de lá que tiraram o bichinho, que eu saiba não há Alfândega dos Açores para Lisboa....!!! Alguém tirou aquilo e mandou para fora de Portugal com autorização de quem? FOI OU NÃO O GPIAA QUE MANDOU TIRAR A CAIXA NEGRA? Há aqui qualquer coisa mal explicada....!!!
  • Silvino A Pires
    17 dez, 2016 Espinho 00:45
    Isto só pode ser para rir. Só pode
  • João Pires
    16 dez, 2016 Cascais 22:03
    Quanto vai custar e quem vai pagar a indemnização que a Qatar Airways vai pedir por o avião estar parado por causa dos burocratas portugueses? só podem ser os otários dos "portugas" que mantém este sistema político!.
  • João Semana
    16 dez, 2016 Porto 19:45
    Isto não é um país. É uma casa de doidos e um sitio mal frequentado. Não somos viáveis...
  • Isabel Almeida
    16 dez, 2016 MAFRA 19:31
    A Alfândega Portuguesa está com graves problemas logísticos... Se fosse só uma caixa negra dum avião... façam o Governo pagar! Ou então, a multa, perante os prejuízos que a companhia aérea apresentará, que seja paga pelo pessoal que trabalha ou fará de conta que trabalha na alfândega. Mas... muito mais há a acrescentar... eu tenho lá uma mochila de imitação de pele, comprada pela internet e paga, com transporte incluído, desde meados de Outubro. Mas, o meu caso, duma mochila, está para resolução após análise. Uma "caca" que nem €20 custou. E assim vai este País à beira mar plantado... Ide a Cabo Ruivo, quem tem situações semelhantes... eu ainda não fui... não me apeteceu fazer o trabalho de outros... mas nos Açores, não sei se há algum balcão ou armazém. Isto brada aos céus...
  • Luis Ribeiro
    16 dez, 2016 Faro 19:24
    Ora, fazem muito bem não vá ser uma caixa negra-bomba! Depois depende do explosivo! Se for um explosivo de luxo paga IVA maximo! Nao esquecer que a Alfandega deve avaliar, previamente, qual é o valor de mercado de uma caixa negra! Quer dizer, não fosse isto realidade e daria para rir. Mas nao, assim só mesmo para chorar. Como alguem disse um dia, o que a Lei nao limita deve limitar o bom senso. Pelos vistos, temos gente que bom senso só se o comprar mesmo em supermercados. E como lá não há....
  • Zé Açor
    16 dez, 2016 Açores 19:23
    A tradicional burrocracia portuguesa! Quando é que esses burrocratas vão ter o tratamento merecido, isto é, o olho da rua?
  • João Pires
    16 dez, 2016 Casdcais 19:04
    É o fisco "ultra zeloso" no seu melhor, à procura de mais e mais dinheiro para o governo gastar como quiser! que vergonha! mas somos o "maior", porque temos o Guterres na ONU! miséria!
  • deaaz
    16 dez, 2016 Santo Tirso 19:02
    Esta situação é obviamente inadmissível mas infelizmente "explicável". E essa explicação passa por percebermos que existe uma "autoridade" pomposamente designada por AUTORIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA, cuja única e exclusiva missão parece ser "sacar" dinheiro e "infernizar" a vida ao comum dos cidadãos (nota: digo o comum dos cidadãos, porque os cidadãos que se consideram não comuns estão isentos desse massacre). Ora essa missão é (quase) cega e uma caixa ... é uma caixa ... e por isso segue os tramites normais, ou seja, espera e paga. O facto de ser uma "caixa negra" é para a ATA "chinesices de intelectuais"!

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