31 mai, 2016 - 15:09
O ministro das Finanças, Mário Centeno, sublinhou esta terça-feira, em Paris, a necessidade de estancar a emigração portuguesa para "retomar o caminho de crescimento da população activa".
"Tenho vindo a referir há bastante tempo aquilo que é o impacto negativo sobre a conjuntura económica portuguesa de termos uma sucessão já muito grande de trimestres - já são mais de 17 trimestres - em que a população activa se reduz. E ela reduz-se precisamente por via dessa emigração. É necessário primeiro estancar esses fluxos [de emigração] e isso já está a acontecer", disse Mário Centeno.
O ministro das Finanças precisou que "no trimestre passado, a evolução da população activa foi mais alinhada com essa evolução", sublinhando, ainda, que "é necessário retomar o caminho de crescimento e esse é um aspecto muito importante para a capacidade de recuperação da economia portuguesa".
Mário Centeno falava aos jornalistas na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde participa, esta terça e quarta-feira, no fórum anual da instituição e na reunião ministerial do Conselho desta organização, no âmbito da Semana OCDE 2016.
Ministro confiante na aceleração da economia
O ministro das Finanças disse também que "a expectativa é que ao longo do ano de 2016" as taxas de crescimento da economia acelerem para concretizar "os desejos todos" e o que está escrito no Orçamento do Estado.
"É necessário ter confiança que conseguimos repor a economia em crescimento. Os 0,2% [de crescimento do PIB] do primeiro trimestre são iguais aos 0,2 do quarto trimestre. A expectativa é que ao longo do ano 2016 essas taxas acelerem e que consigamos materializar aquilo que são os desejos todos e também aquilo que está escrito no Orçamento do Estado", declarou.
O titular da pasta das Finanças acrescentou que os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta terça-feira revelam que "há uma necessidade de reforçar as expectativas para que o investimento se possa materializar", alertando que "a economia portuguesa sofre nesta fase de alguns eventos externos", como "as dificuldades sentidas em mercados específicos como Angola e Brasil nos últimos meses".
Esta manhã, em entrevista ao canal de negócios CNBC, o ministro disse que "a paciência é a essência para a recuperação económica", uma ideia que defendeu em declarações aos jornalistas portugueses em Paris, sublinhando que "a pressão económica e financeira sobre a Europa é muito grande" e que deve haver um alinhamento "na capacidade de esperar que elas [as medidas] surtam os seus efeitos".
O INE reviu em alta o crescimento da economia no primeiro trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 0,9% em termos homólogos e 0,2% face ao trimestre anterior. Apesar da revisão em alta, os números avançados significam que o crescimento da economia abrandou em termos homólogos, uma vez que entre Janeiro e Março do ano passado o PIB tinha aumentado 1,7%, estabilizando face aos últimos três meses de 2015, quando o PIB avançou igualmente 0,2%.