29 nov, 2016 - 15:19 • Olímpia Mairos
O processo de confecção do barro preto de Bisalhães, no concelho de Vila Real, e que necessita de salvaguarda urgente, já está inscrito na Lista do Património Cultural Imaterial da Unesco.
A decisão foi tomada esta terça feira, na 11ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que está a decorrer em Adis Abeba, capital da Etiópia.
Presente na reunião em Adis Abeba, o Presidente do Município de Vila Real, Rui Santos, mostrou-se muito feliz com esta distinção de uma parte importante da cultura Vila-realense.
“Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que a candidatura do processo de fabrico do barro preto de Bisalhães fosse imaculada. Envolvemos os serviços de cultura municipais e todo um conjunto de especialistas que nos ajudaram”, afirma o autarca, manifestando gratidão “a todos os que contribuíram para este desfecho tão positivo”.
O autarca acrescenta ainda que “este reconhecimento internacional possibilitará partilhar o conhecimento ancestral dos oleiros de Bisalhães com o mundo”.
A inscrição na lista da Unesco vai ainda “motivar a implementação de um amplo plano de salvaguarda que o município de Vila Real idealizou, que vai desde a formação de oleiros, passando pela certificação do processo, até ao incentivo do surgimento de novas utilizações e designs para este material único”.
Para o embaixador Jorge Lobo de Mesquita, chefe de delegação portuguesa à 11.ª sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Humanidade, o reconhecimento internacional pela UNESCO “vai ajudar esta antiga e original actividade a prosperar, não apenas em Bisalhães, que é a comunidade representativa, mas também nas poucas comunidades restantes, em Portugal e no Mundo, onde a olaria negra ainda é produzida”.
A Olaria de Bisalhães é conhecida pela cor negra das suas louças. O segredo está no forno e nos métodos da cozedura. O forno é um buraco aberto na terra, da aldeia de Bisalhães, com paredes revestidas a barro, sendo as peças colocadas numa grelha em ferro, com a lenha a crepitar. A lenha também tem que ser especial: giestas, caruma e carquejas. A peça tem de ser abafada, depois, com terra escura, a mesma que vai dar a cor negra ao barro.
O processo de confecção da olaria de Bisalhães remonta, pelo menos, ao século XVI.
O principal problema desta actividade centra-se no envelhecimento dos oleiros; são poucos e quase todos de idade avançada.