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Trump é “incerteza” e um salto no "desconhecido"

09 nov, 2016 - 20:03 • Manuela Pires

Nicholas Kralev, especialista em diplomacia internacional e comunicação estratégica, acredita que, apesar de o Presidente dos Estados Unidos ter muito poder sobre a política externa, o Senado tem também um “papel muito importante”.

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A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas apanhou muita gente de surpresa e mergulha o mundo na “incerteza”, diz Nicholas Kralev, um antigo jornalista, que agora é comunicador especializado em diplomacia internacional e comunicação estratégica, que passa a vida em palestras pelo mundo inteiro.

Nicholas Kralev, passou pela Web Summit, em Lisboa. Em entrevista à Renascença, frisa a incerteza em torno daquela que vai ser a actuação de Donald Trump, quer no relacionamento com o Partido Republicano, com o Congresso ou com o resto do mundo.

“Para mim, o principal problema é a incerteza. Nós não sabemos, e isso é importante, porque quando outros países tomam as suas decisões, eles têm em conta o que é dito a partir dos Estados Unidos, e se isso é desconhecido, se a tradição já não é o que era, então isso quer dizer que os países têm de mudar as suas políticas e os compromissos com os Estados Unidos e com outros países. Então essa incerteza vai pairar, pelo menos, até à tomada de posse, a 20 de Janeiro, e até depois. E o que nos vai dar alguns sinais do que ele pode fazer é a escola do secretário de Estado, do responsável pela pasta da defesa.”

Nicholas Kralev acredita que, apesar de o Presidente dos Estados Unidos ter muito poder sobre a política externa, o Senado tem também um “papel muito importante”.

Os republicanos vão continuar em maioria no Senado e há muitos que discordam das ideias de Donald Trump da política externa, sublinha o antigo jornalistas, para quem o Presidente eleito não vai conseguir revolucionar toda a estratégia que os Estados Unidos têm seguido nos últimos anos.

“Eu não sei, acho que ninguém sabe se ele vai tomar medidas para aumentar o reduzir esse compromisso dos Estados Unidos de se abrir ao mundo. Se ele quiser fazer a diferença, vai demorar tempo, porque a infra-estrutura está definida há décadas e é pouco provável que isso aconteça, mesmo ele sendo o Presidente dos Estados Unidos.”

O antigo jornalista é dono de uma empresa e no site tem uma fotografia ao lado de Hillary Clinton, a candidata democrata derrotada nas eleições de terça-feira.

Nicholas Kralev acredita que os próximos tempos serão de aprendizagem para Donald Trump, um gestor de empresas que não conhece a máquina do Estado. Quanto ao relacionamento com o Partido Republicano, esse é mais um problema que vai demorar mais algum tempo a resolver.

“Agora que eles [os republicanos] têm a Casa Branca e também o Congresso, têm um incentivo muito grande para tentarem trabalhar juntos. Se olharmos para a última década, penso que eles têm repensar a sua ideologia, porque este candidato que agora ganhou não subscreve algumas das ideias em que os republicanos acreditam e têm pontos de vista diferentes. A maneira como ele viveu a sua vida é muito diferente do que eles defendem, por isso ainda vai demorar algum tempo.”

Kralev garante que vai ser preciso esperar ainda algum tempo para perceber como será a administração Trump na Casa Branca.

Comentários
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  • Otário cá da quinta
    10 nov, 2016 Coimbra 12:04
    Tal como aqui com a GIRENGONÇA, o mesmo se passa lá com o TRUMP ! O facto de virem alguns arruaceiros para a rua lá nos Est.U.da América, liderados lá por algum saudosista que vê perder alguns tachos, não quer dizer que sejam os milhões de americanos. É assim em todo o lado. Vamos esperar para ver, mas eu até gostava de ver aquela gente toda à batatada, que já vem sendo tempo.

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