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António Vitorino defende CPLP com mais segurança e defesa

29 jul, 2016 - 18:16 • José Pedro Frazão

A cumprir o vigésimo aniversário, os desafios da Comunidade de Países de Língua Portuguesa são analisados por Pedro Santana Lopes e António Vitorino na Renascença. Em debate no programa "Fora da Caixa" esteve também a relação entre a União Europeia e o continente africano.

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Vitorino defende CPLP com mais segurança e defesa
Vitorino defende CPLP com mais segurança e defesa

O antigo ministro da Defesa António Vitorino sai em defesa de um reforço da capacidade militar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que está a cumprir vinte anos de existência. No programa "Fora da Caixa" da Renascença, o antigo comissário europeu defendeu que a CPLP tem espaço para desenvolver uma componente de segurança e de defesa muito mais eficaz do que tem feito até aqui.

"Nos últimos 20 anos não aconteceu isso porque há sempre um parceiro relutante. O Brasil tem sempre uma visão muito particular destas matérias. Em segundo lugar há um grande desequilíbrio na capacidade militar dos vários países da CPLP", analisa Vitorino, para quem a identidade de um grupo de países passa não só pela cultura e pela economia como pelo papel que podem ter nas instâncias internacionais, incluindo as de segurança.

Um desígnio para a CPLP

O comentador socialista saúda a mobilização dos países da CPLP em torno da campanha de António Guterres para ser secretário-geral das Nações Unidas, no âmbito dos países da CPLP. Já sobre a actividade diplomática, prefere a aposta em objectivos concretos e seguros como fazer com que o português seja uma língua oficial das Nações Unidas.

"O espanhol é, o árabe é. Mas o português que é mais falado que muitas outras línguas oficiais, a começar pelo francês, não é uma língua oficial das Nações Unidas. É uma questão não suscita dificuldades entre os países da CPLP. É, aliás, um factor de união. E justificava-se que a CPLP tivesse uma presença mais activa nesse combate", acrescenta Vitorino.

Já Pedro Santana Lopes sublinha que, apesar de tudo, a CPLP está de pé e tem margem para manter-se útil aos países de língua portuguesa.

"Podia desempenhar um papel muito diferente que ainda não está ao seu alcance. Apesar de tudo não soçobrou. Apesar das variações no grau de sagacidade politico que algumas decisões revelam, como é o caso da adesão da Guiné Equatorial. Neste mundo em que todos temos a noção de que sozinho ninguém sobrevive, com a crise angolana e as variações bruscas no preço do petróleo, a crise em Moçambique a quem foi retirado apoio ao desenvolvimento, o Brasil como está, tudo isto pode contribuir para reforçar a ideia de que precisamos mesmo uns dos outros", argumenta Santana Lopes na Renascença.

Um afastamento sem sentido

A relação entre a Europa e África tem sido oscilante no período pós-colonial. António Vitorino reconhece que o continente africano é hoje menos importante para a Europa do que há 10 ou 15 anos. "E contudo, a evidência vai no sentido contrário. As migrações vêm sobretudo de África. O Norte de África está em convulsão com uma ditadura militar no Egipto e a Líbia desfeita e toda a zona é uma preocupação para a União Europeia. E contudo, África não está no topo das prioridades políticas europeias", complementa o antigo comissário europeu.

Há muito tempo que se diz que África é o continente do futuro. "Sim, mas está cada vez mais próximo", diz Santana Lopes para quem essa realidade está à vista em termos económicos com oportunidades para investidores e empresários. "Haverá cada vez mais condições apesar das dificuldades que todos os continentes têm", acrescenta o antigo primeiro-ministro para quem falta de atenção da Europa face a África "é um erro crasso de visão".

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