26 out, 2016 - 20:07
As mulheres portuguesas trabalham, em média, mais de 50 dias por ano do que os homens, indica um estudo do Fórum Económico Mundial.
Portugal surge no segundo lugar do "ranking", com as mulheres a trabalharem mais 90 minutos por dia do que os homens, e só é ultrapassado pela Índia.
Estes números têm em conta também as tarefas realizadas em casa, incluindo tomar conta dos filhos ou de pessoas idosas a cargo.
De acordo com o relatório sobre desigualdade de género, no conjunto dos países estudados as mulheres trabalham, em média, mais 50 minutos por dia, o que equivale a mais 39 dias ao final do ano.
Só há seis países do "ranking" em que os homens trabalham mais, nomeadamente a Suécia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Nova Zelândia e o Japão.
A desigualdade também está patente nos rendimentos que homens e mulheres auferem. Em média, globalmente, as mulheres ganham pouco mais de metade do que os homens.
NÚMEROS DA DESIGUALDADE
De acordo com o relatório divulgado esta quarta-feira, são precisos 170 anos de evolução a um ritmo constante para as mulheres ganharem tanto como os homens. Ou seja, só em 2186 os dois sexos terão rendimentos idênticos. O mesmo estudo do ano passado indicava que seriam apenas precisos 118 anos, o que mostra que a situação sofreu uma reversão.
O índice que mede o fosso de oportunidades económicas atinge o maior valor desde 2008, indica o Fórum Económico Mundial.
Quase 250 milhões de mulheres integraram a força de trabalho na última década, adianta o estudo.
O Fórum Económico Mundial, que analisa factores como educação, saúde e sobrevivência, oportunidades económicas e participação política, revela que globalmente a igualdade se situa nos 68%, mas em termos económicos a percentagem de paridade desce para os 59%, uma proporção que, ainda assim, é a melhor desde 2008.
Poucas mulheres líderes
O número de mulheres em postos de responsabilidade também se mantém baixo: apenas quatro países em todo o apresentam paridade de homens e mulheres a exercerem a função de deputados, funcionários de alto nível e directores, apesar de 95 países terem actualmente tantas mulheres como homens com formação universitária.
A educação é a área em que mais se avançou, com o Fórum Económico Mundial a atribui-lhe 95% em termos de igualdade. Apesar de uma ligeira deterioração, saúde e sobrevivência contabilizam 96%.
Mas há outros campos em que as notícias também são positivas, diz o relatório, apontando o facto de dois terços dos 144 países que constam do estudo poderem “gabar-se de ter acabado completamente com a desigualdade de género no que toca à proporção de géneros no nascimento, enquanto mais de um terço fez fechar o fosso totalmente em termos de esperança de vida saudável”
Apesar de os quatro primeiros lugares, em termos de igualdade de género, pertencerem à Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia, o quinto país mais bem colocado no índice global é o Ruanda, que ultrapassa a Irlanda, em sexto lugar.
Na lista de 144 nações, Portugal fica em 31.º lugar, mas desce de posição nos índices de participação e oportunidade económica (46.º), formação académica (63.º), saúde e sobrevivência (76.º) e empoderamento político (36.º).