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Suspensa abertura de novos cursos de comandos

08 set, 2016 - 11:43

Ministro da Defesa revela decisão à Renascença.

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O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, anunciou que está suspensa a abertura de novos cursos de Comandos, pelo menos, até à conclusão do inquérito aberto à morte do militar no último domingo.

"Foram suspensos na medida em que foi determinada a realização de um inquérito técnico especial não propriamente sobre os factos ocorridos a 6 deste mês mas visa todo o processos de formação e das condições de formação nos cursos de Comandos", diz o governante à Renascença, esclarecendo que, ainda assim, o actual curso será concluído.

Azeredo Lopes estima que o inquérito só esteja concluído no fim do ano, dada a "profundidade e transversalidade" do inquérito.

Nestas declarações, o ministro diz ainda que o curso que decorre neste momento "vai ser concluído em primeiro porque está próximo da sua conclusão e, em segundo lugar, porque foi revista a forma como a formação é ministrada, adaptando-a às circunstâncias que manifestamente poderão ter contribuído para os factos terríveis que aconteceram a 6 de Setembro".

Além do inquérito instaurado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, a Procuradoria-Geral da República também abriu uma investigação.

Um militar morreu e pelo menos outros 10 foram internados durante treinos militares realizados esta semana. Nesta altura ainda estão cinco homens internados, um deles pode vir a necessitar de transplante de fígado.


Entrevista do jornalista Pedro Mesquita ao ministro da Defesa Nacional:

Porque é que foram suspensos os cursos de Comandos?

Os cursos de Comandos foram suspensos na medida em que foi determinada a realização de um inquérito técnico especial, não propriamente sobre os factos ocorridos a 6 deste mês, porque esses já estão a ser analisados através de um processo de averiguações próprio. Este inquérito técnico especial que me foi anunciado pelo Exército visa todo o processo de formação, das condições de formação no curso de Comandos. Isto significa que até este inquérito terminar, e considerando que tem que ser aprofundado e transversal só poderá estar concluído no final do ano, estão suspensos novos cursos.

Ainda esta manhã, o senhor referia que haveria apenas uma readequação dos treinos...

Sim, sim, mas essa informação mantém-se. Isto significa o quê? Registando o facto de por "motu próprio" ter sido determinada uma adaptação do treino que, nomeadamente, tomasse em consideração as circunstâncias climatéricas excepcionais que atravessamos, com um calor elevadíssimo, entendeu-se que não se justificava dar por terminado este curso. Mesmo porque isso seria uma forma de contradizer o sentido o processo de averiguações que foi mandado instaurar pelo Exército.

Se bem percebi, este curso vai prosseguir até ao fim e os próximos é que estão suspensos. É isso?

Sim, sim. Não serão iniciados novo curso de formação enquanto não conhecermos plenamente os resultados deste inquérito técnico especial muito transversal, muito aprofundado, que o Exército entendeu desencadear. Esse facto foi-me hoje comunicado e não escondo que o aplaudi e me revi plenamente na decisão. Revi considerando também a circunstância de, no ano passado, no curso de formação para Comandos, ter também havido problemas com alguns dos formandos.

Mas não existe alguma contradição? Ou seja, aquilo que é válido para futuros formandos não será valido para aqueles queestão, neste momento, a ser formados naquele curso marcado por uma morte...

Repito, há aqui uma medida, uma dimensão precaucional. O curso vai ser concluído porque está perto da sua conclusão e, em segundo lugar, porque foi revista a forma como a formação é ministrada, adaptando-a às circunstâncias que, manifestamente, poderão ter contribuído para os factos terríveis que aconteceram a 6 de Setembro. Isto significa, portanto, que este curso vai continuar mas com adaptações que previnam, com carácter de certeza e de probabilidade, a hipótese de ocorrerem ou de repetição de acidentes, ou incidentes, como aqueles que temos a lamentar.

Admite propor um estudo detalhado sobre a forma como devem ser treinados os Comandos, que, obviamente, terão que ser preparados para cenários de risco, mas sabendo também que são necessárias condições de segurança depois durante os treinos?

Esse aspecto, que acabou de referir, é fundamental, mas eu penso que não tenho que determinar um qualquer estudo sobre a matéria porque tenho que fazer fé naquilo que me foi comunicado pelo Exército. E faço, com certeza, fé na forma competente como o Exército vai levar a cabo esse mesmo estudo, através de um inquérito técnico especial. É uma abordagem muito transversal, e muito aprofundada, ao modo, às circunstâncias e às garantias de segurança em que decorre a formação dos Comandos. Tal como acontece em relação ao processo de averiguações, eu tenho duas coisas a dizer: aplaudo e não vou antecipar conclusões relativamente a esse inquérito técnico especial. Aquilo de que se trata, neste momento, é de não iniciar novos cursos de Comandos enquanto não tivermos, com os pés bem assentes na terra, ideias muito claras sobre a forma como essa formação se processa.

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  • antónio lopes
    10 set, 2016 Amadora 12:25
    humm aparece aqui cada especialista, eu sou do 87º curso de comandos, calor? , hahaha querem ver que em africa, na altura , ou noutros anos não havia calor, têm de questionar é se houve realização de testes médicos condizentes ou não, antes da incorporação, então só estes é que tiveram problemas? , parece nada normal, agora acabem com certos tipos de comentários .
  • Miguel Botelho
    08 set, 2016 Lisboa 23:01
    Martins, você é a favor da guerra? Numa dada missão, por ordens do seu instrutor ou superior, seria capaz de matar civis? Por exemplo, matar crianças (para que não falassem)? Já agora, e contar mortos? Alguns soldados tiveram de o fazer e garanto-lhe que saíram com um trauma para o resto da vida.
  • martins
    08 set, 2016 dortmund 22:11
    hoje tudo serve para noticia e comentarios e ainda bem que somos livres de falar e ate de dizer o que sabemos que e mentira essa e a unica coisa boa que o 25 de abril deu ao pais fui militar andei na guerra na guine o meu batalhao 3883 estevimos numa das frentes mais duras da guerra da guine tivemos algumas baixas mas 90 por cento dessas baixas foi por nao cumprirem ordens e por descuido e verdade que na recruta achei que eramos massacrados mas la na hora da verdade entendiamos que tudo que tinhamos aprendido era a nossa salvacao obrigado aos instrutores obrigado aos militares de entao e aos que hoje estao prontos a dar a vida pelo seu pais porque de ministros e covardes esta o mundo cheio mario soares tambem disse nao precisamos aqui da policia para nada pois nao ele tinha os guarda costas
  • Rui Pontes
    08 set, 2016 Barcelos 20:02
    Gostava de saber onde este ministro fez a tropa e em que ano.Só sabendo isto poderei discutir o que ele pensa da tropa e o que são exercícios na tropa.Vou aguardar para saber se foi e o que fez na tropa.Penso que foi daqueles que foi para algures quando o chamaram para ir para lá. Desculpa: Não pactuar com o regime na luta armada em Africa.
  • AP
    08 set, 2016 VIANA 16:03
    Claramente os limites foram ultrapassados (ou querem mais provas? ). Os instrutores e/ou mandantes deste tipo de "curso", - indivíduos com manifestas e conhecidas carências intelectuais - não estão à altura de avaliar o risco, quer pela reiterada insensibilidade, quer pela escassa massa cinzenta que possuem (é só corpo). Por isso, será imperioso que o senhor ministro , homem culto e sensato, tome medidas por forma a evitar tragédias destas - uma vida ceifada e vários rapazes hospitalizados com lesões que todos desejamos não deixem sequelas. Os responsáveis que sejam incriminados. Não são inimputáveis, apesar do duvidoso nível de inteligência e humanismo.
  • António Santos
    08 set, 2016 Lisboa 15:48
    Nem todos os militares estão devidamente preparados para dar este tipo de formação, como tal deve ser feita uma rigorosa avaliação para se poder dar formação em condições e sem riscos, ou vamos continuar a ler todos os anos noticias deste género e com graves consequências e a culpa a morrer solteira ou abafada por mais um inquérito.
  • Viriato
    08 set, 2016 Condado Portucalense 15:40
    Mandem os objectores de consciência e os homossexuais para os comandos porque é com esses e com as doutrinas desses que vamos conseguir ter militares prontos para dar a vida pelo nosso país. A doutrina tem que mudar porque tempo de paz é diferente do tempo de guerra; adeque-se a instrução ao nosso tempo, que é de paz, sem deixar de haver muita exigência, porque tempo de guerra exige medidas diferentes em termos de exigência e de dureza e sofrimento. Agora opinar e estar a condenar sem ter que haver ninguém condenado é próprio dos sinais do tempos...desta anormalidade incutida por mentalidades da esquerda caviar e parasitária.VIVA OS MILITARES E VIVA PORTUGAL.
  • Fernando Cerqueira
    08 set, 2016 Ponte de Lima 15:10
    Andamos sempre ao contrário. Então não deviam ser os instrutores a ser suspensos? Os seus chefes que nada fazem esses não podem ser suspensos pois só pode ser suspenso quem faz alguma coisa, tal como o que agora suspendeu os novos cursos. Os comandos nunca foram tropa ou militares. Sempre quiseram ser uma tropa de elite, sem principios, sem regras e sem valores. Estão mais uma vez a demonstra-lo, com o aval do ministro que os representa na integra. Bem hajam.
  • Luis
    08 set, 2016 Lisboa 15:10
    Toda a gente comenta tudo e mais alguma coisa e na maior parte das vezes nem desconfia do que comenta.Uma coisa é um treino militar para preparar um militar para uma situação de guerra independentemente de esse treino ser ministrado a "tropa especial" ou a "tropa macaca".Executar treinos militares com perdas de vidas humanas por razões que não sejam por acidente mas por razões fisicas resultantes de temperaturas demasiado elevadas exigem apuramento de responsabilidades. Toda a tropa deve ser devidamente preparada para ter o minimo de perdas em acção. É incompreensível ter perdas na fase de preparação. Qual é o interesse de levar um militar nas provas de preparação a limites extremos psicologicos e fisicos e depois tê-lo parado, inactivo ou com pouca actividade fisica e psicologica até uma possivel acção de combate. Quem foi tropa, quem fez a guerra em teatros operacionais de grande actividade sabe bem que na hora da verdade em que elas começam a cair por todo o lado, em que a boca nos seca e em que o coração parece um cavalo o que pode pervalecer é a disciplina adquirida pois a recção fisica e a reacção mental é um acto institivo não premeditado . Muitos reagiram em situaçoes como herois e em iguais situações como covardes. Outros sempre como covardes e poucos sempre como herois. Com temperaturas demasiado elevadas é criminoso exigir treinos fisicos e psicológicos extremos.Hoje sabe-se tudo aquilo que não se sabia em 1912 quando em Estocolmo morreu o nosso maratonista Lázaro
  • Paulo Campos
    08 set, 2016 Porto 14:59
    Aí está uma falsa questão, só porque a alguns foi exigido o máximo agora vamos na mesma exigir o máximo mesmo que as condições e o tempo não seja o mesmo, isto não é preparar é massacrar.

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