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Ministério Público investiga juiz Rui Rangel no âmbito do processo “Rota do Atlântico”

03 out, 2016 - 23:38

Rui Rangel é suspeito de ter recebido centenas de milhares de euros de José Veiga.

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A Procuradoria-Geral da República revelou esta segunda-feira que foi aberta uma investigação ao juiz desembargador Rui Rangel, com origem numa certidão do processo “Rota do Atlântico”, estando a decorrer pelo Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça.

“Confirma-se a existência de um inquérito que teve origem numa certidão do processo ‘Rota do Atlântico’”, respondeu à agência Lusa a PGR, na sequência de uma questão levantada após uma notícia de sábado passado do jornal “Correio da Manhã”, segundo a qual o juiz Rui Rangel era suspeito de receber fortuna do empresário futebolístico José Veiga, arguido naquele processo relacionado com crimes de corrupção no comércio internacional, fraude fiscal e branqueamento de capitais e tráfico de influência.

A PGR adianta que “encontra-se em investigação e está em segredo de justiça”.

A investigação ao juiz desembargador Rui Rangel teve direito a um dossier de oito páginas na edição de sábado do jornal “Correio da Manhã”, segundo o qual o juiz terá recebido vários depósitos num dia.

De acordo com o Correio da Manhã (CM), esta investigação surge na sequência da prisão, em Fevereiro, do empresário José Veiga, por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Seguindo o rasto a “milhões [de euros] escondidos”, a Polícia Judiciária terá encontrado “centenas de milhares de euros depositados em nome de um jovem sem motivo aparente”, relata o jornal.

O jovem em causa será filho do advogado José Bernardo Santos Martins, amigo de Rui Rangel e, segundo o CM, a Polícia Judiciária acredita que o destinatário final do dinheiro será Rangel.

O advogado Santos Martins usaria a conta do filho para “receber dinheiro com origem numa empresa da esfera de [José] Veiga”.

O jornal conta que numa busca feita ao escritório do advogado foram encontrados talões de depósito na conta do juiz Rui Rangel, de valores sempre abaixo dos 10 mil euros, já que acima deste valor os bancos têm de comunicar as transacções às autoridades.

Nas buscas terá sido igualmente apreendido o computador, onde foram encontrados e-mails de Rui Rangel “a pedir milhares de euros de forma compulsiva”.

A operação Rota do Atlântico tinha como principais alvos o empresário José Veiga e o sócio Paulo Santana Lopes, que funcionariam como intermediários num esquema de corrupção com membros do governo da República do Congo.

Segundo Procuradoria-Geral da República (PGR), este inquérito tem nove arguidos constituídos, quatro pessoas singulares e cinco pessoas colectivas.

De acordo com o Ministério Público, os detidos, alegadamente, celebravam contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais.

Os proventos gerados com esta actividade eram utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na actividade económica lícita, precisou então a PGR.

A investigação Rota do Atlântico é dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e envolveu cerca de três dezenas de buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a três escritórios de advogados.

Comentários
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  • Vitor
    30 jan, 2018 Lisboa 10:15
    Mais im amigo de socrates cai. Talvez se perceba agora porque este juiz tomou aquela decisao no processo marques, "ignorando" um despacho que já existia e que faria cair a fundamentacao que usou. Algo está mesmo a mudar na justica no combate à corrupcao. Felizmente.
  • O país da diversão
    04 out, 2016 Lisboa 18:42
    Sr Graciano, anda distraído! Os políticos fazem mesmo leis para prender políticos e isso já aconteceu. Mais, os políticos eleitos democraticamente até abdicaram de administrar a justiça.
  • revistasabado
    04 out, 2016 lx 16:17
    Não pertence ao grupo do correio dos manhosos?...
  • graciano
    04 out, 2016 alemanha 14:59
    la diz o ditado nao julgues para nao seres julgado- ha outro ditado que diz caes grandes nao se ferram--todo o mundo sabe que por quem foram feitas as leis nesse pais e por quem foram e sao feitas --nao queiram que politicos facam leis para prender politicos ----nem sei para que e que as policias andam a investigar certos casos se ja todo mundo sabe que ninguem sera condenado porque nunca ha provas concretas dos crimes ou ja prescreveram ou os reus pedem o afastamento e a prisao do juiz e no final a conclusao e que nesse pais o crime compenssa
  • O país da diversão
    04 out, 2016 Lisboa 12:33
    Este é o principal problema deste país, "Quem nos guarda dos guardas?" A resposta devia ser a imprensa, mas muitas vezes eles são cúmplices disto. Querem é divertir o povo com "lixo". Alguns comentadores falam, mas não vêm o verdadeiro problema, ele chama-se censura na imprensa.
  • vitor
    04 out, 2016 lisboa 11:59
    É por esta razão que muitos portugueses querem manter o sigilo bancário.
  • Santos
    04 out, 2016 Lisboa 10:55
    Este já as andava a fazer há muito. Ainda bem que lhe estão a pegar. Podem até vir a saber-se mais coisas, nomeadamente relacionadas com José Sócrates. Não foi este juiz que proibiu a publicação de notícias nos jornais sobre José Sócrates?
  • 04 out, 2016 10:49
    Nos tempos antigos o crime cometido por juizes dava pena de morte! É justo que a punição a um juiz seja muito mais severa do que para um simples cidadão, pois são eles o suposto garante do funcionamento da Justiça.
  • Alberto Martins
    04 out, 2016 Lisboa 10:13
    Já agora investiguem este senhor, para se saber porque contra a opinião de muitos, libertou os bens do angolano sobrinho que tinham sido arrestados... Este senhor também tem interesses em Angola?
  • tuga
    04 out, 2016 lisboa 08:04
    Ao que este país chegou!!!,,, nem na justiça, nem nos juízes se pode confiar!!! soltam bandidos, deixam prescrever casos, é uma vergonha ser português. Esta politicada (TODA MAS TODA) são uma cambada de incompetentes, muitos estão na política para enriquecerem, para obterem bons tachos, boas reformas que pela sua incompetência nunca conseguiriam!!!

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