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Educação. Marcelo critica mudanças “aos soluços” por “cada maioria no poder"

26 set, 2016 - 12:25

Depois de um pacto para a justiça, o Presidente da República defende um acordo de regime para a educação. Na cerimónia de abertura do ano lectivo, Marcelo lamentou que o Conselho Nacional de Educação não seja mais ouvido.

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Educação. Marcelo critica mudanças “aos soluços” por “cada maioria no poder"

O Presidente da República criticou, esta segunda-feira, as mudanças abruptas nas políticas de educação sempre que um novo Governo toma posse. Na cerimónia de abertura do ano lectivo, no Conselho Nacional de Educação, Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma proposta de reflexão.

“Não é possível – ou melhor, não é desejável – que cada Governo, cada maioria que chega ao poder queira, num ápice, rever ou reformar tudo o que se lhe afigure contradizer posturas doutrinárias ou promessas eleitorais, as mais das vezes sem avaliação prévia dos regimes vigentes”, começou por criticar.

“E o façam instantaneamente, aos soluços, casuisticamente, de acordo com a inspiração política ou o termo do labor de um grupo de trabalho, daqueles que pululam na nossa administração pública, espécie de compensação da rigidez de estruturas que, de tantas heranças institucionais, são logo vistas como suspeitas de conservadoras e corporativismos serôdio”, continuo.

Mas “não mudar não é solução. Saber mudar em clima de estabilidade e previsibilidade é o talento indispensável”, apelou.

Marcelo Rebelo de Sousa lamentou depois o facto de o Conselho Nacional de Educação não ser consultado em matéria de políticas de educação e pediu um acordo de regime.

“Lamento que, em momentos importantes, o Conselho possa ser visto, por uns e por outros, mais como empecilho do que como adjuvante construtivo, desperdiçando-se a oportunidade de o ouvir, mesmo que mais não seja para se decidir exactamente o contrário daquilo que ele avisa, aconselha ou propõe. Na dificuldade de se caminhar para um natural acordo de regime na educação, ao menos que se valorize quem pode, fora dos calores da luta parlamentar ou das solidões governativas, aplanar obstáculos, promover pontos, proporcionar entendimentos”, defendeu.

Consenso e medidas activas de emprego

Também pelo consenso discursou o presidente do Conselho Nacional de Educação, para quem “a prioridade do actual Governo” – de desenvolver “políticas activas de intervenção precoce e de promoção do sucesso escolar” – implica “um desafio que dificilmente se ganhará num ano, numa legislatura ou numa década, pelo que se exige qualidade e persistência, só possível através de um compromisso estável e consensualizado”.

David Justino destacou ainda as perdas para a economia portuguesa quando “as qualificações crescem e o sistema de oportunidades se fecha”.

“Uma economia estagnada não gera oportunidades. As consequências deste desequilíbrio ficam bem à vista de todos: desemprego, subemprego, emigração dos mais qualificados, baixa real dos salários, precaridade das relações laborais. Num artigo recentemente publicado, um professor catedrático português, também ele emigrado na Universidade de Austin, no Texas, estimava em 1.200 milhões de euros por ano a perda que representa a emigração dos mais qualificados”, sublinhou.

O ano lectivo 2016/2017 já começou e termina, para os alunos do primeiro ciclo, em 23 de Junho e, para os alunos que vão a exame do 9º, 11º e 12º anos, no dia 6 do mesmo mês. Os restantes mantêm-se na escola mais uma semana e meia.

Comentários
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  • Emília Correia
    27 set, 2016 Braga 16:48
    Presidente já é altura de começar a desbravar a situação politica no País , porque está incendiária.Um,a das bandeiras suas pós eleito.disse ser a descompressão que havia entre politicos e povo.Eu julgo que agora a coisa está pior. O Povo ´é mais espero que alguns politicos pensam e não pactuam com mentiras. Sei que V. Exas anda muito atarefado nos afectos cá e além fronteiras,mas deixe um pouco de tempo para ver o panorama politico actual que não é famoso e onde V.Exª deve ter uma palavra a dfizer.No tempo do seu Pai os Presidentes serviam para cortar as fitas das inaugurações, mas agora os tempos são outros e espero mais de sí. Estive em Moçambique talvez quando V. Exª esteve lá de férias e gostei muito do consulado que ele fez como Governador o Dr Baltazar. Mas ele não fazia dos seus dias só de afectos,tinha muita coisa para fazer no palácio e conseguiu muitas vitórias com os partidos em "guerra" por dedicava o tempo proporcionalmente a diversas tarefas.V. Exa virou-se apenas até agora para os afectos, mas o povo não vive só disso.E quando temos um 1º ministro que a mentira é imposta como verdade haja alguém que aclare as situações.Os media são o que são.Cada um puxa a brasa à sua sardinha(como diz o Povo) por isso só o Presidente pode colocar as coisas no sitio e com verdade.Se não for assim, eu que tenho dúvidas de vária ordem gostava de contar com o Presidente para me esclarecer e mostrar a verdade custe a quem custar. Sabe! Eu gosto de franqueza.
  • Pedro Rodrigues
    26 set, 2016 Rogil 15:29
    Traduzindo: Montenegro está calado e pára de pedir Manif da Fenprof.
  • Alberto Bulle
    26 set, 2016 Sintra 14:31
    Portugal vive, talvez, a situação mais complicada dos tempos modernos. Quase sem indústria, com gente com formação superior emigrada ou a desempenhar internamente funções que poderiam ser desempenhadas por pessoas com menor formação e a viver das dádivas dos países industrializados, para que não produzamos. Qual o futuro de um país que produz 100 e gasta 120? Este país habituou-se ao "faz de conta". É estimulado a gastar o que não tem. Quem se lembra de uma "mente brilhante" que disse, em tempos, que Pirtugal, com a entrada na CEE estava condenado a ser um país rico?... Produzir tem de ser uma Cruzada Nacional. Senhores Capitalistas Portugueses, sejam Empresários, em Portugal. Invistam e estimulem a iniciativa inovadora dos nossos "cérebros" e dos nossos técnicos. Eles são tão competentes como os dos países para onde se deslocaram. A diferença está nos estímulos e na organização que os enquadram. Vamos sempre a tempo de sair do charco em que temos vivido ...
  • Eborense
    26 set, 2016 Évora 14:22
    "Juros de Portugal atingem máximo de três meses acima dos 3,5%". Os dados estão lançados e daqui até novo resgate será apenas uma questão de tempo (pouco) e Sr. Presidente. O Sr. será cúmplice, pois tem apoiado todas as asneiras levadas a cabo pela geringonça.
  • antonio
    26 set, 2016 lisboa 14:17
    “não mudar não é solução. Saber mudar em clima de estabilidade e previsibilidade é o talento indispensável” Aqui está a palavra chave para o futuro de Portugal. Agora vêm os Partidos Politicos e sindicatos , todos juntos a viverem à custa dos Contribuintes, ligam o " Complicómetro" e pronto, nada feito....

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