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Serviço da Uber pode ser "um risco" em caso de acidente, diz regulador dos transportes

09 set, 2016 - 15:09

Autoridade da Mobilidade e dos Transportes considera "possível e viável” a legalização da Uber, mas com maior escrutínio. As empresas de táxi ficam “obrigadas” a modernizar-se.

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A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) considerou num parecer que os serviços prestados pela nova plataforma de mobilidade Uber podem ser "um risco" para o público por não cumprirem as mesmas exigências do que os taxistas.

"Quem utiliza este serviço não sabe a quem pertence aquele veículo, nem que o condutor não está habilitado com carteira profissional para o efeito, nem sabe que o seu transporte não está abrangido por nenhum seguro, em caso de acidente", afirmou a entidade.

A posição da AMT consta de um parecer pedido pela Assembleia da República sobre as condições de transporte colectivo de passageiros e o serviço prestado pela Uber, a que a Lusa teve acesso esta sexta-feira.

Pode ler-se no parecer, datado de 2 de Setembro, que em caso de acidente ou crime em que o passageiro seja afectado "não é fácil identificar o responsável pela reparação do dano ou que responda pelo crime praticado, tendo até em atenção que a Uber, afinal, alega que quem presta o serviço é a empresa local - que o utilizador de todo desconhece".

"Assim sendo, os acordos de transporte, quer com veículos e motoristas não devidamente habilitados, quer com passageiros não protegidos, prejudicam diariamente, a cada contrato e serviço, o público em geral", acrescenta a AMT.

No documento, a autoridade considera também que as novas plataformas de mobilidade "não protegem adequadamente" quem trabalha para elas porque não têm horários definidos, enquadramento em categorias profissionais concretas, direito a férias remuneradas, segurança e saúde no trabalho e mesmo a protecção social.

Afirmando que aquelas plataformas criaram especificidades que "não são subsumíveis às tradicionais relações laborais", a AMT diz ainda que "este fenómeno irá inevitavelmente colocar desafios relativos ao modo como interpretamos o Direito do Trabalho e as relações entre estas empresas e os seus trabalhadores/colaboradores".

A AMT defende no parecer que, sendo "possível e viável a legalização" da Uber, deve ser avaliada a necessidade de um "escrutínio mais apertado" aos contratos celebrados com os parceiros, na promoção e defesa da concorrência e na defesa do cidadão.

Quanto às empresas de táxi, a AMT considera que, com estas novas plataformas, ficam "obrigadas" a modernizar-se e a basear a sua competitividade nas plataformas existentes no mercado e não "no proteccionismo resultante da hiper-regulamentação clássica" que "carece de uma revisão profunda".

Frisando estar "aberta a apoiar soluções baseadas em inovações tecnológicas", a Autoridade defendeu que devem continuar a ser garantidos os "princípios legais da concorrência, transparência e não discriminação" e que tanto as novas empresas como as dos táxis devem criar modelos de negócio competitivos.

A Uber e a Cabify são plataformas "online" que permitem chamar carros de transporte de passageiros. As duas aplicações para "smartphones" ligam quem se quer deslocar a operadores de transporte.

A sua instalação em Portugal tem sido muito contestada pelos taxistas, tal como noutros países, tendo já havido registo de situações de confronto e agressões entre os profissionais.

Em Abril, milhares de taxistas protestaram em Lisboa, no Porto e em Faro. Uma nova manifestação foi marcada para 10 de Outubro.

Comentários
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  • Domingos Santos
    28 set, 2016 Ermesinde 11:24
    Estou a ver pelos comentários que a AMT não sabe o que diz!!!!! Os pssageiros não estão seguros? Não se sabe quem é o Motorista? Peço que falem com pessoas que percebam da matéria e não lancem boatos nem faltar à verdade.Tenho horário de trabalho tenho direito ao subsídio de férias e de natal. Tenho meus descontos pagos!!!! Será que os industriais reclamam os seus rendimentos? Quantos motoristas de táxis tem ordenado, subsídio de natal e férias? Quantos deles descontam para a Segurança Social ou fazem retenção do IRS na Fonte. Apelo aos senhorez da autoridade da mobilidade que vão às empresas e retifiquem as contas e vejam quem paga e produz para este país. Muito mais havia a crescentar mas fico por aqui. Bem hajam
  • Marco Almeida
    16 set, 2016 Olhão 12:08
    Diz na matéria: As empresas de táxi ficam “obrigadas” a modernizar-se. Acho muito bem, têm taxis que mete nojo aos cães, e já agora modernizar os taxistas também, alguns são uns autênticos labregos e vigaristas e coimas bem pesadas para quem não cumprir
  • sergio
    09 set, 2016 Belo Horizonte 19:40
    Eu acho que temos que ter um serviço diferenciado e o uber juntamente com seus parceiros fazem isso perfeitamente.
  • Ninja das Caldas
    09 set, 2016 Lisboa 18:02
    Para exercer funções como motorista da Uber é obrigatório seguro de veículo e seguro que proteja o condutor e ocupantes. Ainda fui ver se esta notícia tinha mais de 1 ano mas parece que é só uma notícia "à lá CMTV"
  • Alexsandro Melo nasc
    09 set, 2016 Salvador 17:31
    BOA TARDE !AO SE CADASTRAR NA PLATAFORMA UBER OS DOCUMENTOS SÃO XEROX DA CNH COM A FUNÇÃO REMUNERA, CÓPIA DO DOCUMENTO DO VEICULO, ANTECEDENTE CRIMINAL E PAGAMOS SIM UM SEGURO PASSAGEIRO....
  • Bruno
    09 set, 2016 Lisboa 17:01
    Há 6 anos atrás passou-se o seguinte com um amigo, em Lisboa: O táxi que ele chamou deu uma volta maior do que o habitual para levar esse amigo ao local de trabalho (situação, aliás, comum entre os taxistas). Aí gerou-se uma pequena discussão e quando o meu amigo saiu do táxi, o taxista arrancou com o carro a alta velocidade sem dar tempo ao meu amigo de tirar duas caixas da mala (dois instrumentos musicais, no valor de vários milhares de euros). Ele foi perspicaz ao conseguir tirar-lhe a matrícula e depois as coisas resolveram-se... Isto para dizer que os taxistas são pessoas pouco aconcelháveis. não digo o que realmente penso deles, porque o meu comentário seria censurado pela RR. Eu só ando na Uber. nada de táxis cafeteiras...
  • Nascimento Fernandes
    09 set, 2016 Vila Nova de Gaia 16:49
    O Organismo regulador de Seguros em Portugal, "ASF" agora denominada, que se designou Instituto Nacional de Portugal não poderá manifestar-se em jurisprudência à população em geral e ainda à "servidora" pela Uber ? Sinto-me à altura entender que nesta área de "serviços prestados" a terceiros em caso de sinistro ser dúbia a cobertura Responsabilidade Civil a terceiros. Me parece estarmos perante uma possível lacuna grave que a ASF, como sempre, não deseja correr.
  • alien
    09 set, 2016 lx 15:47
    que palhaçada, é um dos serviços mais eficientes... a familia passou a usar sempre a uber, pessoas fantatasticas e carros bons. a isto chama-se concorrencia, mai nada!!

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