26 ago, 2016 - 15:30
Pavlina Pizova ia escalar uma montanha com o marido na Nova Zelândia. Não tinham avisado ninguém. A neve e o frio criaram cada vez mais dificuldades, até que parceiro Ondrej Petr morreu a meio do caminho. A turista checa contou agora como sofreu durante três noites ao relento, sob temperaturas negativas, antes de encontrar abrigo numa cabana de montanha, onde viveu um mês.
Pizova, de 33 anos, e o seu parceiro Ondrej Petr, de 27 anos, começaram a caminhar o famoso trilho de Routeburn, no Parque Nacional de Fiordland, na Ilha do Sul, no dia 26 de Julho.
Dois dias depois, a “aventura” dos checos complicou-se devido às condições climatéricas e ao inverno rigoroso da Nova Zelândia. Pavlina explicou, em conferência de imprensa, que o casal perdeu-se devido ao nevoeiro e à neve pesada que se abateu sobre o local, e afastou-se do caminho que deveriam seguir.
Os checos passaram uma noite ao relento, e no dia seguinte iniciaram mais uma caminhada que viria a acabar em tragédia. Petr escorregou, caiu numa encosta íngreme e morreu pouco tempo depois.
“As condições eram extremas, encontrámos quedas de neve intensas e nuvens baixas que obstruíam a visibilidade do local. Esta situação afectou os nossos planos para chegar ao abrigo que nos esperava”, explicou Pizova.
“Foi numa das tentativas em chegar ao abrigo que aconteceu o trágico acidente que vitimou o meu companheiro”, refere.
Após o trágico acidente, Pizova passou mais duas noites ao relento, sobre a neve que cobria a montanha e suportando baixas temperaturas.
O tradutor da checa, Vladka Kennett, explicou que Pizova não entende como sobreviveu mas confidenciou que a mulher enfiava tudo o que podia no saco de cama para ficar o mais quente possível e massajava, continuamente, os pés.
“Ela é uma mulher extremamente resistente”, disse Vladka Kennett.
Depois das duas noites sem abrigo, Pizova conseguiu descobrir o albergue que se encontrava a dois quilómetros de distância. Uma curta viagem que demorou muito tempo a fazer devido à má visibilidade, à exaustão e aos pés congelados.
No abrigo, a mulher de 33 anos consegui encontrar comida e lenha. Havia ainda intercomunicadores para pedir ajuda mas Pizova não entendia as instruções em inglês.
“Eu queria sair daquela montanha, mas considerando a minha saúde física e as adversidades que se faziam sentir no exterior, preferi ficar num lugar seguro.”, disse Pizova.
Durante o tempo que esteve no abrigo, tentou construir sapatos de neve com recurso a madeira e pólos de caminhada, e ainda desenhou um “H” na neve para tentar atrair a atenção dos helicópteros.
Sobrevivência “inacreditável”
O casal não tinha contado a ninguém sobre os seus planos e só, um mês depois, é que o consulado checo deu conta do desaparecimento. A polícia encontrou, na passada quarta-feira, o carro do casal no início do trilho e, foi nesse momento que decidiu iniciar as buscas por helicóptero. A polícia neozelandesa deu conta do paradeiro de Pizova à 1h30 de quinta-feira.
A polícia revelou que a mulher estava “aliviada” por ser resgatada e foi encontrada em boas condições de saúde, tendo em conta as adversidades a que foi sujeita.
Nas últimas horas, os meios de comunicação neozelandeses especulam que a sobrevivência foi “inacreditável” e “estranha”, mas Vladka Kennett, tradutor da checa, explica que Pizova “é uma pessoa corajosa e está a ignorar as acusações”.
Um corpo, que se acredita ser o de Ondrej Petr, foi retirado pela polícia, esta sexta-feira, e foi levantado um inquérito sobre a morte. Pizova tem estado em contacto com a família e poderá regressar a casa nos próximos dias.