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Estágios fraudulentos. IEFP remete duas queixas para o Ministério Público

26 ago, 2016 - 09:49

Uma terceira queixa está em análise e diz respeito a um jovem que acusa a empresa para a qual trabalhou de "pressão, assédio e chantagem".

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O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) remeteu ao Ministério Público duas queixas de fraude nos estágios profissionais. A informação consta de um comunicado do IEFP, emitido na quinta-feira.

Na nota, o organismo refere que, “ao longo desta semana deram entrada três queixas formais, com identificação da situação e das partes envolvidas”.

“Dois destes processos seguiram já para o Ministério Público, estando o outro a ser analisado pelos serviços jurídicos e de auditoria deste Instituto, com vista à sua posterior tramitação legal”.

De acordo com o “Jornal de Notícias” desta sexta-feira, a queixa em análise foi entregue pela CGTP, que denunciou formalmente o caso de uma empresa de comunicação social de Évora.

Denúncias que levaram a outras denúncias

Na segunda-feira, o presidente do Conselho Nacional da Juventude denunciou que alguns estágios profissionais promovidos pelo IEFP estavam a ser alvo de fraude, com os jovens a serem obrigados pelas empresas a devolver parte do salário auferido.

No mesmo dia, o IEFP garantiu estar atento a fenómenos de abuso e irregularidades com apoios a estágios profissionais e assegurou que não recebeu qualquer denúncia formal sobre a matéria.

No comunicado divulgado na quinta-feira, o instituto reforça que, “até às denúncias em órgãos de comunicação social, o conselho directivo do IEFP não teve conhecimento de qualquer denúncia oficial respeitante” a fraudes nos estágios profissionais.

No dia seguinte à denúncia do Conselho Nacional da Juventude, o jovem João Pereirinha enviou uma carta à CGTP a relatar a sua situação e a pedir ajuda e apoio jurídicos "para o tratamento, encaminhamento e denúncia deste caso em particular", com o intuito de "ajudar na purga de uma situação que aparentemente se tornou sistemática no país".

Em resposta, uma delegação da CGTP, liderada pelo seu secretário-geral Arménio Carlos, deslocou-se à sede do IEFP para denunciar formalmente este caso concreto.

E é esta queixa que se encontra ainda a ser analisada pelo IEFP. Mas, ao “Jornal de Notícias”, Arménio Carlos avança que se vai antecipar e entregar ao Ministério Público, ainda esta sexta-feira, a queixa que tem em sua posse.

Ao nível político, o Bloco de Esquerda pediu, na quinta-feira, explicações ao Governo sobre as alegadas fraudes nos estágios profissionais.

Jovem acusa empresa de "pressão, assédio e chantagem"

João Pereirinha é licenciado em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra e terminou em Setembro de 2015, na mesma universidade, um mestrado em Administração Pública e Empresarial.

Nessa altura, colaborava, de modo gratuito e esporádico, com uma empresa de comunicação e marketing digital com sede em Évora, alimentando uma publicação online com fotografias e entrevistas.

Em Dezembro de 2015, inscreveu-se no centro de emprego como desempregado e a empresa, que sempre alegou dificuldades financeiras, candidatou-se ao financiamento de um estágio-emprego do IEFP, que foi aprovado em Maio deste ano.

João Pereirinha começou de imediato a trabalhar, mas não recebeu salário em Maio, tendo assinado o respectivo contrato a 1 de Junho. O primeiro salário (654 euros líquidos) só foi recebido a 15 de Julho, depois de reclamar o atraso.

Teve, contudo, de devolver à empresa, de imediato, 250 euros em dinheiro, "para que não existissem provas detectáveis pelo IEFP", conta à agência Lusa.

Após três dias de reflexão, disse à empresa que não aceitava esta situação e preferia rescindir o contrato, mas foi aliciado a continuar, pelo menos até ao final de Agosto, com a promessa de devolução dos 250 euros, o que veio a acontecer dia 20 de Julho.

O estagiário não ficou satisfeito com vários procedimentos da empresa, que acusa de "pressão, assédio e chantagem", e deu conta dos factos ao IEFP através de carta de 25 de Julho, a que não obteve "resposta concreta".

A empresa empregadora rescindiu o contrato a 1 de Agosto, alegando incumprimento por parte do jovem, nomeadamente referindo cinco faltas injustificadas.

João Pereirinha, que trabalhava sobretudo em regime de teletrabalho, nega as faltas, que lhe foram descontadas do salário e quer esclarecer o assunto junto do IEFP, para que não venha a ser prejudicado e impedido de se candidatar “a apoios do IEFP nos próximos nove meses".

Comentários
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  • alberto duarte
    26 ago, 2016 albufeira 16:47
    E esta situação já era do conhecimento do IEFP porque não actuo antes ? quais foram as medidas tomadas contra as empresas ? porque não obrigam a essas empresas a devolver o dinheiro aos estagiários, ficando estas proibidas de concorrer a novos apoios de qualquer género durante um prazo estabelecido.e acesso a novos estagiarios?
  • Jp
    26 ago, 2016 Porto 15:26
    Queira Deus, que um dia se venha a descobrir, tantas falcatruas que acontecem diariamente, nos postos de trabalho, por patrões sem escrúpulos... Isto é só o começo!!!
  • tony
    26 ago, 2016 lisboa 14:22
    Já em 2014 o IEFP depositava dinheiro nas contas dos seus formandos para depois o exigir de volta. A europa subsidiava formação, o estado justificava o dispêndio de acordo com as regas para esses mesmos apoios e depois, pela porta do cavalo, meses depois exigia o dinheiro de volta aos formandos. Estamos a falar de pessoas desempregadas, sem fontes de rendimentos para além das eventuais bolsas de formação que vendo-se com dinheiro na conta bancária fazem face ás suas despesas para que meses depois, sem qualquer aviso, se vejam obrigadas a devolver um dinheiro que pensavam ser seu e que já gastaram. Restavam dívidas e penhoras. Isto vi eu acontecer em 2014. Era claramente um esquema para usar as contas bancárias dos formandos do IEFP com ponto intermédio para lavar dinheiro de subsidios da europa.
  • Para refletir...
    26 ago, 2016 Almada 14:22
    Finalmente uma notícia! A maior parte do que os media publicam são diversões! Os que estão em cima fiscalizam os que estão em baixo, e quem fiscaliza os que estão em cima? "Quem nos guarda dos guardas?" Sim, todos podem cometer irregularidades.
  • 26 ago, 2016 13:58
    Fossem fazer isto antes de 1975 e veriam a ripada que levavam. E o SALAZAR é que era fasascista e permitia a corrupção??????
  • Carlos
    26 ago, 2016 Vila Real 13:32
    Isto era muito facil de contornar se empresas que sucessivamente pedem estagios e depois nao oferecem contrato apos estagio fossem excluidas do programa...
  • João Luis
    26 ago, 2016 Évora 13:27
    A empresa de Évora é formada por militantes do PS. É vergonhoso.
  • tuga
    26 ago, 2016 Olhão 12:21
    Os funcionários do IEFP em vez de passarem os dias a conversar nos corredores e a beber cafés deviam era ir para a rua fiscalizar estas e outras situações problemáticas. Este País está um caos sem controlo.
  • tuga
    26 ago, 2016 Olhão 12:21
    Os funcionários do IEFP em vez de passarem os dias a conversar nos corredores e a beber cafés deviam era ir para a rua fiscalizar estas e outras situações problemáticas. Este País está um caos sem controlo.
  • caio jose de jesus p
    26 ago, 2016 setubal 12:06
    Ola equipa. Radio Renascença. Hoje cada vez mais, surgem empresas a Abusar dos Colaboradores. Hoje estou no Desemprego, na Miseria, Fruto de uns Patrões Fascistas, que não são Dignos de Tal Estatuto. Na altura deveria ter Recorrido as instancias Legais para Obter os Meus Direitos, O sofrimento e Mau estar, Através de Calunias e Chantagem, que nem Lembrei , que o Tribunal de Trabalho Existe!!.

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