25 jun, 2016 - 02:25
A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, diz que os mercados "recompõem-se sempre" de situações de perturbação na Europa, como o referendo no Reino Unido, e o risco maior nesta fase é político e social.
"Os mercados enervam-se, agitam-se, mas recompõem-se sempre. Bem sabemos, e não nos enganam, que o maior risco se pode esconder numa escolha política que arruíne um pouco mais a democracia", vincou a bloquista esta noite em Lisboa.
E concretizou: "Durante muitos anos a palavra era alargamento. O desejo, diziam-nos, era integrar. Agora é o lugar de onde também se quer sair. A mudança não é só para o Reino Unido, é para toda a União Europeia".
Catarina Martins falava no pavilhão desportivo do Casal Vistoso no encerramento de uma sessão internacional - com o mote "O tempo dos movimentos na Europa" - que antecede a X Convenção do partido, que se realiza no sábado e no domingo.
Grande parte da intervenção da porta-voz do Bloco centrou-se no referendo britânico, no qual os cidadãos decidiram que o Reino Unido vai sair da UE, com 51,9% dos votos contra 48,1%.
A porta-voz do Bloco advertiu que com o Reino Unido fora da UE e com a "França de Hollande neutralizada", pode haver agora a "tentação", nomeadamente de uma "Alemanha toda-poderosa", de "aumentar o poder da finança sobre os povos dos Estados-membros.
"Mesmo que os piores argumentos contra a emigração tenham dominado os discursos dos líderes dos dois campos e influenciado os resultados, o povo britânico também votou por se sentir menorizado. Por sentir a crise económica e o preço das aventuras financeiras", frisou.
O 'Brexit', advogou, é "resultado da crise económica e da falência democrática europeia", e mesmo havendo uma minoria de extrema-direita a "cavalgar a crise" numa sustentação xenófoba, rotular o voto britânico a essa ideia é "querer colar o voto à caricatura e esquecer os problemas da UE".
"A escolha é entre autoritarismo e democracia. E nesse sentido Barroso e Juncker estão ao lado de Le Pen e Farage", continuou a porta-voz bloquista, referindo o atual presidente da Comissão Europeia e o anterior, numa comparação com a líder da extrema-direita francesa e o líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).
A "destruição do Estado social, privatizações e desregulação laboral" são algumas das "políticas extremistas que têm dominado" a União e que o Bloco diz ser essencial derrotar.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a sua demissão, com efeitos em outubro, após o resultado hoje conhecido do referendo tido na quinta-feira.
Numa primeira reação, os presidentes das instituições europeias (Comissão, Conselho, Parlamento Europeu e da presidência rotativa da UE) defenderam um 'divórcio' o mais rapidamente possível, "por muito doloroso que seja o processo".