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Portugueses vão poder escolher o período de fidelização às empresas de telecomunicações

17 jul, 2016 - 09:31

Com a nova lei os encargos para o assinante, decorrentes da resolução do contrato por sua iniciativa não podem ultrapassar os custos que o fornecedor teve com a instalação da operação.

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As operadoras de telecomunicações estão a partir de domingo obrigadas a oferecer contratos sem qualquer tipo de fidelização ou com seis e 12 meses de fidelização, em opção ao período máximo de 24 meses.

A alteração à Lei das Comunicações Electrónicas entra em vigor e é já considerada pela DECO como "uma vitória para os consumidores" e um reflexo de um conjunto de reivindicações da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor e de cerca de 270 mil consumidores, manifestadas numa petição (sobre a fidelização em 2013) e um abaixo-assinado (sobre refidelização em 2015).

Em declarações à agência Lusa, o jurista e coordenador do departamento de estudos e apoio ao consumidor da DECO, Paulo Fonseca, descodificou o texto da lei e disse que a única pretensão que não foi acolhida na legislação foi a redução do período máximo de fidelização dos 24 meses, que foi mantido, mas sublinhou ter-se encontrado uma forma de garantir a liberdade de fidelização.

"A alteração obriga todas as operadoras, para toda a sua oferta comercial, a disponibilizar vários tipos de fidelização", ou seja, a oferecer contratos sem qualquer tipo de fidelização ou contratos com seis e 12 meses de fidelização, em opção à fidelização máxima de 24 meses, explicou.

Paulo Fonseca destaca também a maior transparência nos contratos e que na fidelização "o ónus é totalmente colocado no operador".

"Se o consumidor não tiver qualquer informação sobre o período de fidelização não pode ser cobrado nada pela rescisão antecipada do contrato e isto é muito importante", afirmou.

As operadoras passam então a ser obrigadas, quer a nível pré-contratual, quer durante o período do contrato, "a informar o consumidor sempre do período de fidelização e dos custos pela rescisão antecipada em cada momento do contrato em que o consumidor se encontra".

Os avanços estendem-se ainda à fixação de critérios e limites para os custos da rescisão antecipada, passando a ser proibidos entraves injustificados na mudança para outro operador.

"Se eu celebro um contrato em que não há qualquer vantagem que me é atribuída ou uma subsidiação do equipamento que me foi disponibilizado ou promoção da qual efectivamente beneficie, não pode existir fidelização", exemplificou.

Além disso, há proporcionalidade, uma vez que os encargos para o assinante, decorrentes da resolução do contrato por sua iniciativa não podem ultrapassar os custos que o fornecedor teve com a instalação da operação, têm que ser proporcionais à vantagem que lhe foi conferida e não podem corresponder automaticamente à soma do valor das prestações vincendas à data da cessação, ou seja, aos antigos 24 meses.

A Anacom, Autoridade Nacional de Comunicações, passa também a ter maior responsabilidade no controlo e monitorização do período de fidelização, podendo interferir, pedir justificação e eventualmente sancionar um operador, caso este esteja a cobrar um período de fidelização em que na verdade não existe a tal vantagem objectiva.

Quanto à refidelização, que até agora não estava regulamentada, passa a estar limitada e só pode existir até um limite de 24 meses se as alterações contratuais implicarem a atualização dos equipamentos ou infraestruturas tecnológicas, sempre com a ideia de vantagem para o consumidor, o que significa que um mero aumento de velocidade no canal ou na internet não é refidelização.

"Era comum os consumidores quando estavam a terminar o seu período de fidelização receberem uma chamada do seu operador a propor um novo canal ou um 'upgrade' [melhoria] na velocidade da internet, e o consumidor aceitando [...], ou dizendo que não tinha nada contra, acabava vinculado por mais 24 meses", lembra Paulo Fonseca.

Ora, acabam assim as situações em que um consumidor "estava há quatro, cinco, seis anos presos a um contrato sem perceber como ou sem ter uma vantagem objectiva relativamente a esse período de refidelização".

Paulo Fonseca fala sobre os benefícios que as alterações introduzidas significam e relata que a DECO já fez uma incursão pelos 'sites' das operadoras, onde já verificou a existência de situações em que o consumidor "paga 'x' antecipadamente pela celebração do contrato e que ronda os 150 euros nos períodos de fidelização de 12 meses ou os 300 euros se não tiver sequer fidelização", "valores que não correspondem minimamente aos 1.000 e tal euros que eram cobrados".

Comentários
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  • Isabel Sousa
    18 jul, 2016 Lisboa 23:52
    Cuidado com as tentativas que as operadoras de telecomunicacoes fazem de anexar um servico sem o cliente solicitar, cobrando mais e acabando por subjugar o cliente a um periodo mais prelongado...e isto apenas com envio de mensagem.E se o cliente nao ligar a dizer que nao quer fica o facto consumado!!!A vodafone agiu assim !
  • BELMIRO NUNES
    18 jul, 2016 LISBOA 10:52
    Estou plenamente de acordo porque razão temos que estar sujeitos a condições que nos são impostas. Onde já se viu uma entidade privada impor a sua lei num pais democrático. Peca por.ser tardia Obrigado pela coragem de quem acabou com esta vergonha.
  • António Fagundes
    17 jul, 2016 Almada 21:01
    Ou seja, após dez anos de queixas, vai continuar tudo na mesma. Está visto que estes também são donos dos politicos que temos. Hoje, não há risco, só lucro. E quando o lucro é pouco, o governo dá uma ajuda. Mas, tem lógica. Afinal, quando o povo reclama, mas continua a comprar o serviço, a coisa não vai tão mal assim. Já num país de gente inteligente, as operadoras iam ter de fechar as portas se insistissem com a exploração abismal, pois o povo simplesmente não comprava o serviço. E, aí, nem os politicos que compraram as podiam ajudar. Assim, até a corrupção também iria acabar por ter de fechar muitas portas.
  • José Rebocho
    17 jul, 2016 Lisboa 16:14
    Se for como a alteração da lei do GPL a montanha vai parir um rato... ao contrário de por exemplo em Itália em que se pode estacionar o carro em estacionamentos cobertos até ao piso -1 sem problema nenhum em Portugal fizeram uma Lei aberrante e que para além do mais não obrigou os parques de estacionamento concessionária num prazo limite a adaptarem-se à mesma... moral da história quem tem carros a GPL tem as mesmas limitações que anteriormente. E não vejo a DECO, o ACP o partido dos Verdes a insurgiram-se contra esta situação que ajudaria a melhorar o nível de poluição nas grandes cidades, a diminuir a fatura energética bem como a diminuir a fatura das "compensações de Quioto". Fica o desafio para essas entidades olharem para esta situação!
  • gomes
    17 jul, 2016 porto 15:44
    Isto é que foi meter pró saco ! Grandes ladrões, até os que não podiam, tinham que pagar.
  • jose góis
    17 jul, 2016 ponta delgada 15:30
    a DECO ée um negocio não ajuda mesmo nada
  • Miguel José
    17 jul, 2016 Azoia de Cima 15:15
    Qualquer contrato de fidelização não deveria superar os 6 meses E ainda ; todos os telemóveis deveriam ser servidos sem bloqueio à rede . É um absurdo que somos o unico País na europa que ainda estamos obrigados a comprar o telemóvel, trocar de operadora e com isso nos obriga a comprar um outro telemóvel , isto porque se quisermos ter esse mesmo telemóvel nos obrigam a uma fidelização de 24 meses ou pagar uma soma exorbitante para desblocar o dito aparelho . E esta hemmm só mesmo em Portugal
  • jose chaves
    17 jul, 2016 Açores 14:56
    Nao acredito que as empresas vão cobrar menos sem fidelização, enquanto não acabarem de uma vez por todas essas federalizares e refedelizaçoes , e se vai aumentar os custos, porque a anacon não consegue fiscalizar, essas empresas que algumas até nao sao sediadas em Portugal.
  • Miguel
    17 jul, 2016 Porto 14:32
    DECO = GATUNOS
  • Antonio Andrade
    17 jul, 2016 Granja do Ulmeiro 14:10
    Em relação a DECO só posso dizer que quando precisei do apoio ou conselho deles a resposta que tive foi não podemos fazer nada, fiquei vacinado para o resto da vida e sinceramente não aconselho. Em relação a fidelização façam as contas e de certeza que no fim a fidelização a 24 meses vai ficar mais barato, devem pensar que estas empresas são parvas . Com tantos problemas neste Pais para resolver e estão a perder tempo com Merd.....

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