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​CMVM suspende acções do BPI em "dia D” de desblindagem dos estatutos

22 jul, 2016 - 09:18

Duas assembleias gerais do BPI, esta sexta-feira: uma para eleger a mesa da assembleia-geral e outra, mais polémica, para discutir o fim da limitação de votos e que poderá dar ao espanhol Caixabank o efectivo controlo do banco.

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A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu, na manhã desta sexta-feira, a negociação do Banco Português de Investimento (BPI), refere uma comunicação publicada na página da CMVM na Internet.

"O conselho de administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213.º do Código dos Valores Mobiliários, a suspensão da negociação das acções do Banco BPI, S.A., até à divulgação de informação relevante", acrescenta a nota sem mais detalhes.

A decisão da CMVM acontece no mesmo dia em que se realizam duas assembleias gerais do BPI: uma para eleger a mesa da assembleia-geral e outra, mais polémica, para discutir o fim da limitação de votos e que poderá dar ao espanhol Caixabank o efectivo controlo do banco.

A partir das 11h30 decorre a segunda reunião magna, que vai tratar da questão da desblindagem de estatutos, que ganhou mais relevância devido à "guerra" existente entre os principais accionistas do banco português, o espanhol Caixabank e a angolana Santoro, de Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

Este conflito accionista estalou por causa das regras do Banco Central Europeu que obrigam a uma redução da exposição excessiva do banco a Angola, mas fez perceber a falta de entendimento não só quanto a uma solução para este problema mas também numa estratégia para o BPI, levando a um impasse.

Apesar de o CaixaBank ter cerca de 45% do capital social, tem praticamente o mesmo poder da “holding” Santoro, que tem cerca de 19% do capital, uma vez que as regras estatutárias do BPI limitam os votos em assembleia-geral a um máximo de 20%.

Isabel dos Santos segura valor do BPI

Na análise de Pedro Lino, da Dif Broker, o valor de mercado do BPI tem conseguido manter-se graças ao interesse do CaixaBank e à prestação de Isabel dos Santos.

"Este interesse do Caixa Bank no BPI preveniu a desvalorização das acções do BPI. Se compararmos por exemplo com a evolução do BCP, que baixou mais de 55% este ano, então chega-se à conclusão que este interesse manteve o poder de compra de todos os actuais accionistas e principalmente de Isabel dos Santos", explica, acrescentando que a angolana "não surge como perdedora mas sim como grande ganhadora porque conseguiu com o seu impasse manter o interesse quer do Caixabank quer um valor relativamente elevado do BPI face aos seus concorrentes europeus".

Já sobre a Caixa Geral de Depósitos, Pedro Lino conclui que "os partidos políticos, todos ou pelo menos os grandes, sabiam o que estava a acontecer na Caixa Geral de Depósitos".

"É triste ver digladiarem-se pela opinião pública sem pensarem no futuro da empresa, nomeadamente, resolverem o mais depressa possível a questão da administração", diz também.

Pedro Lino considera que "não é possível perceber-se que há sete meses que a administração ia sair e termos chegado praticamente ao final do mês de Julho sem estar a nova administração aprovada e agora pressionados pelo regulador, nomeadamente o Banco Central Europeu a aprovarem a idoneidade dos administradores, como se a culpa fosse agora do BCE ou externa".

[Notícia actualizada às 10h50, com declarações de Pedro Lino]

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