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Ferreira do Amaral. Sanções são absurdo que mostra a disfuncionalidade da Zona Euro

17 jun, 2016 - 15:11

"O que é que interessa que o défice português seja 0,2 ou 0,3 mais do que o previsto?", questiona o economista que, noutro plano, desvaloriza o impacto que possa ter a comissão de inquérito parlamentar à gestão da Caixa.

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O economista João Ferreira do Amaral define a Zona Euro como um espaço “disfuncional” e considera absurdo que possa colocar-se a possibilidade de Portugal sofrer sanções.

"O facto de o problema se pôr é por si só um absurdo e revela bem a forma como funciona a Zona Euro, que eu tenho criticado fortemente. Obriga-se uma país a negociar coisas que não fazem sentido nenhum. O que é que interessa, do ponto de vista do funcionamento da economia da Zona Euro, que o défice português seja 0,2 ou 0,3 mais do que o previsto? É um absurdo completo", declara o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão.

Ferreira do Amaral espera "que haja o mínimo de racionalidade e que a questão seja esquecida rapidamente", porque "se ela se mantiver na agenda, só confirma a minha posição em relação à Zona Euro, que é um espaço disfuncional".

Reino Unido "in" é melhor para Portugal

Ainda no plano europeu, o economista e colunista regular da Renascença defende que o "para Portugal, seria melhor que o Reino Unido se mantivesse" na União Europeia, destacando a importância de "os nossos emigrantes no Reino Unido continuarem a ter os mesmos direitos que os próprios trabalhadores do Reino Unido", algo que só será possível "se o Reino Unido se mantiver na União".

A este dado, Ferreira do Amaral junta o facto de se rever na posição do Reino Unido "em relação aos avanços em termos de centralismo, que é o pecado da União Europeia ", para desejar a continuidade dos britânicos na UE.

Sobre os efeitos que o assassinato da deputada Jo Cox possa ter no resultado do referendo do dia 23, João Ferreira do Amaral mostra-se cauteloso, argumentando que tem "sempre um grande cepticismo sobre efeitos de acontecimentos de última hora". Ferreira do Amaral duvida, por outro lado, que o número de indecisos se mantenha elevado, porque "a generalidade dos eleitores toma a sua posição um pouco antes da votação e são poucos os que se mantêm indecisos até ao fim".-

Comissão de inquérito à CGD "não traz mal ao mundo"

Nestas declarações feitas à Renascença à margem de um conferência sobre a Europa, que decorreu esta sexta-feira no Porto, João Ferreira do Amaral desvalorizou a anunciada constituição de um comissão de inquérito parlamentar à gestão da Caixa Geral de Depósitos.

"Acho que uma comissão de inquérito não adiantará nem atrasará muito, justamente por causa do ruído político que se formará, mas não me parece que traga mal ao mundo", declara o economista, considerando, ainda, que "era, talvez, mais importante que houvesse uma auditoria".

"Eu sou depositante na Caixa Geral de Depósitos e não me afecta nada a minha posição em relação à Caixa Geral de Depósitos. Continuo a achar que é um banco credível. Ter havido, eventualmente, erros no passado, é algo que sucedeu na Caixa como sucedeu em todos os bancos. Portanto, não me preocupa excessivamente", remata.

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