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​Estivadores resistem à ameaça do despedimento colectivo e mantêm greve

25 mai, 2016 - 15:06

Trabalhadores estiveram reunidos em plenário. O presidente do sindicato garante que estão a reunir documentação para depois serem "constituídas queixas-crime" sobre várias situações que se têm verificado contra a lei da greve.

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Os estivadores do porto de Lisboa decidiram dar continuidade à greve iniciada há mais de um mês, a 20 de Abril. A decisão foi tomada num plenário de trabalhadores que terminou ao final da manhã desta quarta-feira.

Os trabalhadores dizem que não cedem à ameaça de despedimento colectivo e exigem o encerramento da empresa criada pela administração do porto de Lisboa para assegurar as operações portuárias.

A paralisação dos estivadores tem sido prolongada através de sucessivos pré-avisos devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato colectivo de trabalho.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Sindicato dos Estivadores considerou ainda que o Governo deveria de ter tomado medidas no início da greve da classe.

"O Governo, desde a primeira hora, devia ter impedido que os portos estivessem parados, porque um trabalhador é colocado numa escala para não fazer nada. A maior prova de que isto é assim, é a de que nos primeiros dez dias de greve não foram decretados serviços mínimos. Segundo a lei, nos primeiros três dias, devem ser definidos serviços mínimos. Ao décimo dia de paralisação é que foram pedidos serviços mínimos, porque nós estivemos parados quando isto devia estar a trabalhar. Quem o provocou? Foram as empresas", declarou António Mariano.

Na opinião do sindicalista, "o Governo devia ter percebido desde a primeira hora que os portos estavam parados porque as empresas assim o pretendiam".

O plenário do Sindicato dos Estivadores começou por volta das 11h30 e decorreu à porta fechada, no auditório da Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa. A sala do auditório esteve lotada de estivadores em greve, sendo que uma parte dos trabalhadores já tinha estado presente ao início da manhã no piquete de greve montado no cais de Xabregas, na zona oriental da capital, onde estavam a ser descarregados contentores e havia um cordão policial.

O presidente do Sindicato dos Estivadores adiantou que a estrutura sindical quis esclarecer os trabalhadores sobre a "operação de intoxicação" que, sublinhou, está a ser montada desde o início da crise, e fazer um ponto da situação sobre a greve.

António Mariano referiu que o sindicato está a reunir documentação para depois serem "constituídas queixas-crime" sobre várias situações que se têm verificado contra a lei da greve.

Para o presidente do sindicato, a presença da polícia junto aos piquetes de greve é irregular, criticando, nomeadamente, a entrada do que apelidou de "fura-greves" esta quarta-feira de manhã no terminal de Xabregas, por via marítima e "com ajuda de lanchas públicas", estando a operar para um grupo económico turco.

"Os elementos que estão no terminal deviam estar a ser controlados, mas entraram por via marítima. Esta é uma prática da empresa turca que já fez o mesmo no Porto de Oslo, despedindo 50 estivadores que lá trabalhavam", acusou o presidente do sindicato, no final do plenário que se prolongou durante cerca de duas horas.

A última fase de sucessivos períodos de greve, que se iniciou há três anos e meio, arrancou a 20 de Abril com os estivadores do Porto de Lisboa em greve a todo o trabalho suplementar em qualquer navio ou terminal, isto é, recusam trabalhar além do turno, aos fins-de-semana e dias feriados.

A paralisação tem sido prolongada através de sucessivos pré-avisos devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato colectivo de trabalho. De acordo com o último pré-aviso, a greve vai prolongar-se até 16 de Junho.

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